ONG transforma rotina do descarte de lixo e limpa cidade no Agreste de Pernambuco
Investir em educação e nos jovens é o caminho para transformar o Brasil. É o que defende Marcos Magalhães, presidente do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, que tem participação na criação do projeto de escola integral e também na extinção do lixão de Sairé, no Agreste de Pernambuco. (Veja vídeo acima)
Em entrevista ao Bom Dia Pernambuco desta terça-feira (19), Magalhães falou sobre a relação com o estado e a necessidade de empresários e gestores se unirem em prol de um futuro melhor para todos.
“[É preciso ter] Plano de ação, programa de ação, conscientização da equipe e um objetivo comum, que é ajudar nossa juventude. Se não investirmos nos jovens, o Brasil não tem futuro”, resumiu.
Tendo a educação como base, é possível gerar mudanças na sociedade em diferentes aspectos e pontos. Um dos exemplos é o município de Sairé, no Agreste de Pernambuco, distante 115 quilômetros da capital. O incômodo de ver o lixão às margens da rodovia do município fez o executivo decidir agir para modificar a situação. “Eles tinham hábito de queimar o lixo e aquela fumaça atingia parte da cidade, prejudicando a saúde das crianças e dos idosos”, recorda.
Mais do que extinguir o lixão, era necessário encontrar um caminho para lidar com o lixo produzido na cidade. O primeiro passo foi em parceria com a Secretaria de Educação do município: foi criado um programa de conscientização das crianças nas escolas, de forma que elas conscientizassem da importância de cuidar bem da natureza e também que levassem para as suas casas a mensagem.
Também foi criado um grupo formado por jovens, que percorreu casas, lojas e também a feira livre da cidade. “Dia de feira é um grande momento na comunidade, mas também um grande gerador de resíduos. Esses jovens explicavam a importância e a relevância da separação seletiva do lixo”, detalha.
Depois da questão educacional, Magalhães buscou apoio na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, para criar a usina de triagem e compostagem de resíduos sólidos, atuante até hoje no município. A cidade tem nota máxima na avaliação da Agência de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) no que tange à gestão dos resíduos sólidos. Para replicar o processo, é preciso vontade dos gestores, defende o executivo.
“Existem recursos federais, através do Ministério das Cidades, a fundo perdido para os municípios. Então, é preciso iniciativa e uma sequência. [Em Sairé], nós implantamos com um prefeito e o atual trata a cidade como se fosse sua casa. Ele percebeu que embelezar a cidade aumenta a autoestima da população e aí a população passa a preservar”, explica.
Ginásio Pernambucano é uma das escolas públicas mais tradicionais do Recife — Foto: Marina Barbosa/G1
Escola abandonada
Há quase 20 anos, Magalhães veio de férias para o Recife e encontrou o prédio de sua antiga escola, o Ginásio Pernambucano, abandonado na Rua da Aurora. O imóvel é tombado, mas estava numa situação precária. “Eu percebi que a escola tinha sido evacuada. Esse projeto é um acaso que virou caso que virou uma causa”, aponta.
A causa era a questão da educação dos jovens, inspirado nas próprias lembranças da juventude no colégio. Magalhães reuniu empresários para conseguir reformar o prédio, mas isso era apenas a primeira parte do que pretendia fazer.
“Procurei o então governador Jarbas Vasconcelos e propus uma parceria para nós, a partir dessa recuperação física, criar um novo modelo de escola. Ele topou a proposta e nós começamos concebendo o modelo, focando no ensino médio, e chegamos à conclusão de que, para atender toda essa demanda que o jovem requer, precisaria de mais tempo”, lembra.
Foi assim que surgiu a semente das escolas de tempo integral. O modelo foi replicado para outras unidades educacionais pernambucanas e de outros estados. “São hoje 17 estados que estamos implantando o modelo, já presenta mais de 10%”, conta Magalhães, que vê na educação o único caminho para uma mudança real.