Eleições no Maranhão

Por TV Mirante, g1 MA — São Luís


Candidato ao Senado foi o primeiro a participar da série de entrevistas no JMTV 1ª edição. — Foto: Reprodução/TV Mirante

O candidato Saulo Arcangeli (PSTU), concedeu entrevista ao vivo ao JMTV 1ª edição, nesta quinta-feira (22). Na ocasião, o candidato apresentou suas propostas, caso seja eleito.

A participação dele faz parte de uma série de entrevistas que a TV Mirante realiza com os cinco candidatos ao senado federal, no Maranhão. Veja o cronograma das entrevistas:

  • 22/09 - Saulo Arcangeli (PSTU);
  • 23/09 - Frankle Costa (PSOL);
  • 24/09 - Roberto Rocha (PTB);
  • 26/09 - Ivo Nogueira (DC);
  • 27/09 - Flávio Dino (PSB)

Candidato Saulo Arcangeli é entrevistado no JMTV

Candidato Saulo Arcangeli é entrevistado no JMTV

Por que ser senador da República

Questionado sobre os motivos pelos quais pretende assumir uma das vagas ao Senado, pelo Maranhão, neste ano, o candidato do PSTU explicou que a sua candidatura representa uma contribuição ao debate de questões nacionais sensíveis à população, como as pautas trabalhistas e pautas referentes ao meio ambiente.

“Estamos colocando o nosso nome para fazer um debate sobre o estado do Maranhão, sobre as questões nacionais, que interferem bastante na vida do povo maranhense, como as pautas trabalhistas; pautas previdenciárias; as pautas do meio ambiente; as pautas relacionadas à geração de trabalho e renda.

A gente utiliza o processo eleitoral, além de pedir votos, além de querermos nos eleger para o Senado Federal, para fazer um debate e aumentar o processo de conscientização dos trabalhadores e trabalhadoras de sua força para mudar essa realidade que está tão difícil para a maioria da população do país e do Maranhão”, disse.

Dificuldades no processo eleitoral

Saulo Arcangeli concorreu, em duas oportunidades, ao cargo de governador [em 2010 e 2014], além de ter buscado uma vaga ao Senado, no pleito passado, em 2018. Mesmo participando de disputas eleitorais, a nível estadual e municipal, nos últimos 12 anos, o candidato não converteu as oportunidades em vitórias nas urnas.

Perguntado, no JM1, sobre a dificuldade em engajar os eleitores, o candidato do PSTU atribuiu o problema à mudança ocorrida na legislação federal, em 2017, que estabeleceu critérios relacionados ao desempenho de partidos, para garantir a participação na propaganda eleitoral gratuita, veiculada em rádio e televisão.

“Há muito tempo, não temos mais o direito ao horário oficial de TV e rádio, inclusive. Começamos a eleger parlamentares, como no Rio Grande do Norte, como no Pará. E, logo após a eleição desses parlamentares, houve uma mudança na legislação eleitoral, que nos proibiu a ter acesso aos programas de TV e rádio”, diz.

Mesmo alegando que o processo eleitoral é ‘antidemocrático’, Arcangeli defendeu a construção de alternativas no cenário político, a partir de atividades com a militância e do contato com os trabalhadores.

“Nós vamos continuar participando das eleições, mas temos muito orgulho de sermos militantes, que, antes da eleição, nós estamos juntos dos trabalhadores e trabalhadores. O processo eleitoral, mesmo antidemocrático, nós participamos e tentamos colocar a necessidade dessa conscientização. É uma tarefa de médio e longo prazo. Nós vamos permanecer firmes na luta; nós temos um lado nesse processo, por isso que a gente vai continuar.

O candidato ainda afirmou que a participação do PSTU se estende ao combate à fome, no Maranhão, e ao desemprego. Arcangeli também criticou a Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em 2017, na gestão do ex-presidente Michel Temer, e a Reforma da Previdência – aprovada em 2019, no governo Bolsonaro –, atribuindo-as responsabilidade por problemas à população.

“Nós temos um lado nesse processo, por isso que a gente vai continuar participando das lutas, nas ruas, nas eleições, e buscando organizar a classe trabalhadora e esse poder de reação que é necessário, principalmente nessa conjuntura tão difícil de empobrecimento; de fome. A gente tem um estado que mais de 2 milhões de pessoas passam fome. Um estado que você tem 60% dos trabalhadores na informalidade. As reformas, trabalhista e previdenciária, que foram aprovadas, no Congresso Nacional, com votos dos deputados e senadores do Maranhão, pioraram a vida da população”, afirmou.

Pragmatismo

Questionado sobre o contraste das diretrizes ideológicas do PSTU em relação à política tradicional, Saulo Arcangeli afirmou que a sua candidatura visa ‘incomodar’ a maneira de fazer política no poder legislativo, que, segundo o candidato, encontra-se em ‘senso comum’.

“Primeira, a gente vai para o Senado incomodar esse senso comum de que o Congresso Nacional é uma casa para aprovar ataques aos trabalhadores e benefício para os empresários e banqueiros”, disse.

O candidato também disse que, se eleito, pretende discutir pautas como a auditoria da dívida pública, além da Emenda Constitucional nº 95, que instituiu o Novo Regime Fiscal, em vigor desde 2016.

“Nós pagamos, hoje, R$ 5 bilhões de juros para a dívida. Tem, na Constituição, que precisa fazer uma auditoria, mas os governos e o Congresso Nacional não querem fazer, porque sabem que, se for feito uma auditoria, você vai ter mais recursos, porque foi muita dívida quer foi feita de forma ilegal, e, por isso, que você vai ter mais recurso para a área social.

O Congresso [Nacional] fez outra maldade: aprovou, em 2016, uma Emenda Constitucional 95, que, por exemplo, só esse ano vai retirar R$ 25 bilhões do Sistema Único de Saúde [SUS]. O estado do Maranhão, de cada 10 pessoas, nove dependem do SUS. Como é que a gente vai tirar recursos do SUS e piorar a vida, que já está tão difícil, dos trabalhadores?” questionou.

Saulo Arcangeli também reforçou a posição do PSTU de distanciamento em relação a grupos políticos influentes, como o empresariado e membros do sistema bancário.

“Nós não estamos do lado dos grandes empresários, nós não estamos do lado dos banqueiros, nós não estamos do lado de projetos da grilagem de terra ou do projeto de envenenamento do campo, com a lei do agrotóxico”, afirmou.

Educação

O candidato do PSTU avaliou, entre as suas propostas para a área educacional, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem na melhora dos índices registrados pelo país na área.

“A gente precisa aprovar, no Congresso Nacional, que 10% do PIB do país seja para a educação pública, não para enriquecer os grandes empreendimentos educacionais. Por isso que a gente tem condições de dar um acesso universal, dentro das universidades públicas, para toda a população”, explicou.

Saulo Arcangeli também explicou que é preciso reforçar o desenvolvimento da educação pública, em detrimento de modelos como o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior (ProUni), dos quais mostrou-se crítico.

“A gente sabe que o Fies é um mecanismo que fica uma dívida para aquele trabalhador ou trabalhadora [que ingressa no ensino superior], então nós defendemos 10% do PIB para a educação para garantir acesso universal aos nossos jovens e que a universidade pública seja democrática; que todos possam ter acesso à universidade pública, de valorização. O Fies e o ProUni acabam sendo instrumentos para enriquecer grandes grupos educacionais privados, e, também, deixar uma dívida para aqueles que têm acesso à universidade privada”, pontuou.

Isolamento político

Questionado sobre a ausência de outras legendas em uma coligação do PSTU, além de uma desvantagem, em termos históricos, do partido em eleger candidatos ao Senado, Saulo Arcangeli explicou que a postura do grupo não é de isolamento, mas de manutenção do ideário político, sem concessões ao fisiologismo.

“A gente não está isolado. A gente não coliga porque a gente não tem acordo com o orçamento secreto, com o fisiologismo. A gente tem que ter o apoio da base. A gente não precisa de 80 senadores de uma população para desenvolver esse trabalho no Congresso Nacional”, disse.

Considerações finais

Ao fim da entrevista, o candidato teve um minuto para suas considerações finais. Em sua fala, Saulo Arcangeli disse ao público que as suas propostas buscam sintonia com a proteção a trabalhadores, camponeses, quilombolas e povos indígenas.

“Coloquem [nas redes sociais] as nossas propostas. Nós vamos estar sempre ao lado dos trabalhadores, nesse estado onde há morte no campo. Sangue indígena, nenhuma gota a mais; sangue quilombola, nenhuma gota a mais; sangue do trabalhador, nenhuma gota a mais; sangue das quebradeiras de coco, nenhuma gota a mais”, concluiu.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!