Com esse foco, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL Ceará) inovou e agregou ao seu programa Jovem Aprendiz um serviço de apoio psicossocial alinhado à demanda mundial de cuidado com a saúde mental da juventude. O serviço conta com oficinas temáticas mensais, além de um plantão psicológico permanente, onde os jovens que estão passando por alguma situação difícil são atendidos por um psicólogo. A iniciativa tem a parceria do Laboratório do Trabalho.

A coordenadora do programa Jovem Aprendiz do IEL Ceará, Ana Régia Lopes de Souza, explica que a ideia de criar um ambiente de apoio psicossocial para os alunos surgiu da escuta dos próprios jovens. No dia a dia, eles relatavam desafios pessoais, típicos da idade, que estavam impactando no trabalho e no aprendizado.

“Foi quando conhecemos o Laboratório do Trabalho e decidimos firmar essa parceria para proporcionar o amparo necessário aos nossos alunos. O que a gente quer é que esses jovens se sintam bem para assegurarmos o seu pleno desenvolvimento, pois assim eles poderão contribuir verdadeiramente com as empresas, com o mundo. Entendemos que ao oferecer informações de qualidade, focando na prevenção, nesse ambiente seguro, de escuta acolhedora, estamos cuidando da saúde mental desses jovens e, consequentemente, do futuro do trabalho”, justifica.

O programa Jovem Aprendiz do IEL Ceará possui atualmente os cursos de Assistente Administrativo e Assistente de Microcrédito, disponibilizados em mais de 300 municípios do Nordeste e de Minas Gerais. Para atender a todos, o plantão psicológico é disponibilizado na modalidade on-line, em três dias da semana. “Esse trabalho também inclui a orientação dos jovens em relação à rede de apoio e aos serviços públicos disponíveis em cada município, a exemplo dos Centros de Atenção Psicossocial, Caps”, acrescenta Ana Régia.

O doutor em Psicologia Social do Trabalho pela Universidade de São Paulo (USP), Leonardo Lima, fundador do Laboratório do Trabalho, pontua que as temáticas das oficinas foram definidas a partir de levantamento feito com os alunos do programa Jovem Aprendiz do IEL Ceará. As oficinas já abordaram temas como Saúde Mental, Redes Sociais e Relações Familiares.

“A gente verificou que as redes sociais são uma pauta que causa muita ansiedade, por isso começamos por ela. Esses temas têm que ser cada vez mais tratados dentro das instituições de ensino e das empresas numa perspectiva de prevenção aos problemas relacionados à saúde mental ”, destacou.

Leonardo acrescenta que o plantão psicológico, destinado aos jovens em situação de sofrimento, não deve ser confundido com terapia. Trata-se de uma conversa com um psicólogo, mediada pelo Código de Ética Profissional do Psicólogo, em que o jovem pode encontrar uma escuta acolhedora, sem julgamento, e orientações individualizadas.

“A aprendizagem é a porta de entrada desses jovens no mercado de trabalho. Então nesse momento da vida deles, além das questões típicas dessa fase de transição, temos também a dimensão do trabalho. Por isso, esse apoio psicossocial é fundamental para que eles possam se desenvolver e evoluir na vida e na carreira”, afirmou.

Após três oficinas, os aprendizes do IEL Ceará já demonstraram aprovação à iniciativa. Ana Vitória Gomes de Sena, 22 anos, se considera uma jovem ansiosa e diz estar sempre pensando no futuro. Com as oficinas, ela avalia que está aprendendo que tudo tem seu tempo e que o tempo dela agora é de se preparar para a carreira na área de Recursos Humanos. Vitória também afirma ter concluído que não é preciso adoecer para buscar o apoio de um psicólogo. Essa ajuda pode vir antes.

“As oficinas vieram para abrir a nossa mente. A gente se fecha para alguns assuntos pensando que é besteira e ter um profissional passando os seus conhecimentos para a gente, de uma forma bem descontraída, é muito bom. Esse apoio que o IEL tem nos dado é muito importante porque acalma a gente, dá um certo conforto”, disse.

O aprendiz Jorhan Marinho de Almeida, 21 anos, concorda com a colega. Ele aponta que os jovens passam a se conhecer melhor a partir das reflexões proporcionadas pelas oficinas e isso fortalece a saúde mental. Segundo ele, os alunos do programa passam a entender que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física.

“As oficinas nos fazem olhar para os cuidados que a gente precisa ter consigo mesmo. Isso é muito valoroso porque é uma forma de pensar além do que nos é mostrado no dia a dia. Tenho amigos que também são aprendizes em outras empresas e eles não têm essa oportunidade que o IEL nos dá. Como estudante de psicologia, acho incrível essa valorização dos profissionais de psicologia nesse ambiente do trabalho. Isso é essencial para trazer novas perspectivas para todo colaborador, seja ele aprendiz ou não”, opinou.

O Laboratório do Trabalho surgiu em 2022 a partir dos estudos do doutorado do psicólogo Leonardo Lima, com a proposta de promover a saúde mental nas empresas e organizações e prevenir o adoecimento psíquico no ambiente de trabalho. Para isso, atua por meio de apoio, palestras, oficinas e plantão psicológico. Segundo o psicólogo, fala-se com frequência do impacto sobre a produtividade exercido pelos problemas físicos, mas discute-se muito pouco a saúde mental, o que é um erro já que o burnout, por exemplo, já é a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil.

Muito mais que cumprir o que determina a Lei da Aprendizagem, o IEL Ceará prepara os jovens para os desafios reais do mundo do trabalho, contribuindo para o desenvolvimento de competências e habilidades exigidas pelas empresas. Lançado em 2021, o programa começou com uma pequena turma na modalidade presencial, em Fortaleza. Pouco a pouco, o programa foi avançando e hoje ultrapassa as fronteiras do Nordeste. O IEL Ceará é responsável pela capacitação teórica, que dura em torno de dois anos, e pela certificação dos alunos, enquanto as empresas dão a formação prática, no ambiente corporativo.