Por RJ2


Rio é o estado do Sudeste onde alunos tiveram mais dificuldades com ensino on-line

Rio é o estado do Sudeste onde alunos tiveram mais dificuldades com ensino on-line

O Rio de Janeiro é o estado do Sudeste em que os estudantes tiveram mais dificuldades para ter acesso a ensino on-line durante a pandemia.

Repórter: “Maria Clara, você teve aulas no ano passado?

Maria Clara: “Não”

Repórter: “Você recebeu algum tipo de contato da escola, material didático?

Maria Clara: “Não”

Repórter: “Como foi o ano para você?”

Maria Clara: “Super ruim”

A pandemia tirou os alunos da sala de aula, e quando o assunto é educação, a situação do Rio de Janeiro é grave. Quase 17% dos alunos não tiveram acesso ao ensino à distância, é o pior índice da região Sudeste. Quando comparado ao Brasil, o Rio segue entre os piores estados. Os dados são de uma pesquisa da FGV a que o RJ2 teve acesso com exclusividade.

No Ceará, só 5% da população estudantil não teve contato com o ensino on-line. Em São Paulo, 5,5%. O Rio está também atrás de Minas Gerais (11,2%), Espírito Santo (13,4%) e também do Piauí (14,3%).

Repórter: “A Letícia conseguiu acompanhar as aulas on-line no último ano letivo?”

Flávia Mourão, mãe da aluna: “Não porque a gente não tem computador, não tinha telefone. Ano passado ela perdeu. Agora que estamos tentando recuperar tudo.”

“Os alunos mais novos estão ficando para trás mais fortemente que os alunos mais velhos que tem maior intimidade com internet, dependem menos de um professor tutor. Alunos mais pobres também estão ficando mais para trás principalmente em áreas remotas que são desprovidas de infraestrutura digital”, explicou o pesquisador da FGV Marcelo Neri.

A pesquisa também mediu o tempo médio dos alunos em contato com o ensino on-line. No Rio, a média é de 2 horas e 27 minutos por dia. Menor que São Paulo e Brasília - na frente com quase meia hora a mais.

Repórter: “Depois da pandemia, ele teve contato com escola por quantas horas?

Daiane Guedes, mãe do Breno: “Ele tinha vídeo-aula por 15 minutos, meia hora, mas nem sempre na hora da vídeo-aula eu estava com internet ou telefone para ele ver.”

Repórter: Depois que começou a pandemia, você recebeu algum tipo de material da escola para o aprendizado à distância do seu filho?

Isis Cordeiro, mãe de aluno: “Não. Eles mandavam um link para baixar apostilas, para tirar xerox e ter acesso às aulas.”

Repórter: “Você tinha acesso à internet para isso?”

Isis Cordeiro, mãe de aluno: “Não. Coloco crédito, dura sete dias e depois não tenho mais”, diz

Thiago, tem 12 anos, ano passado estava no 5º ano.

Repórter: “Você teve contato com professores? Escola?”

Thiago Cordeiro: “Não... não tive.. Por causa da pandemia.”

“Se quatro horas por dia da Lei de Diretrizes Educacionais já é pouco, a gente está estudando bem menos que isso durante a pandemia. Um aluno de uma escola privada estuda mais de uma hora o que estuda um aluno de escola pública, e mais de uma hora e 20 minutos do que estuda um aluno pobre, então isso significa que não só a desigualdade da educação está aumentando, como antes ela vinha caindo. O vento que soprava a favor, agora está sobrando contra”, diz o pesquisador Marcelo Neri.

Repórter: “Esse ano se tiver que imprimir, você tem condições?

Sabrina Vicente, mãe de alune: “Não... Eu não tenho porque não estou trabalhando. Meu esposo também está desempregado. A gente dá preferência em comprar alimentação das crianças e conforme vai entrando vai comprando.”

O Rio de Janeiro cuida mal do seu futuro. Um em cada cinco jovens está fora da escola.

Repórter: “Quando você olha para frente, para o futuro, o que você pensa do ano perdido?

Ana Clara, aluna: “Penso muita coisa.. Perde muita aula, muitos estudos. Muito tudo.”

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