Ricardo Melo

Jornalista e apresentador do programa 'Contraponto' na rádio Trianon de São Paulo (AM 740), foi presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

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Ricardo Melo

Queda de Bolsonaro depende das ruas

Chefe dos milicianos parte para o tudo ou nada

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Seria para rir não fossem as quase 500 mil mortes patrocinadas por este governo genocida. Mais de um ano depois do evento de uma pandemia mundial, o ministro da Saúde atual anuncia um programa de testagem em massa. A medida foi recomendada em março de... 2020! Enquanto isso, uma montanha de kits apodrecia nos armazéns oficiais e lá permaneceu.

Campanhas de prevenção e alerta para a população foram deixadas nas gavetas. Centenas de milhares de covas abertas depois, o luto tomando conta de milhares de famílias, o Planalto divulga tímidas peças publicitárias sobre a Covid-19.

Vacina? Para que vacina? “Todo mundo vai morrer mesmo”, disse o genocida acomodado no Planalto. E assim aconteceu. O descaso do governo diante da imunização, se havia alguma dúvida, emerge a cada depoimento na CPI.

Para tentar se safar do cadafalso, assessores de primeira e segunda linha, despreparados até para receitar mercúrio cromo, mentem, mentem e contam mais mentiras. Debocham do povo sem a menor cerimônia. Espezinham as famílias dos mortos. Tudo documentado. “Missão cumprida”, como proclamou o funesto Eduardo Pazuello.

Este é um personagem inesquecível. Não conhecia o SUS, mesmo assim virou ministro da Saúde. Um milico sem nenhuma qualificação a não ser a de zelar pela limpeza de casernas.

Fez o que sabia fazer: eliminar o número de vivos, asfixiar populações como em Manaus e bater continência para os criminosos que “mandam”.

Se o Exército já andava desmoralizado, Pazuello deu mais uma contribuição inestimável. Desfilou sem máscara num shopping da cidade em que ajudou a matar centenas de brasileiros. Teve chiliques na CPI, afastou-se da verdade descaradamente.

Não satisfeito, compareceu a um comício sem máscara ao lado do que “manda”. Até discursou. Às favas o regimento do Exército que proíbe generais da ativa de participar de manifestações políticas.

Pazuello disputa com Ricardo Salles quem é o mais delinquente. O ministro do ½ ambiente é figura carimbada nos prontuários policiais. Incriminado já no governo paulista, soltou a boiada como anunciou.

Agora foi pilhado pela própria PF em conluio com garimpeiros ilegais e madeireiros infratores na tarefa incessante de destruir a floresta amazônica, liquidar povos indígenas e engordar os cofres de seu escritório de advocacia particular.

Bolsonaro sabe muito bem de quem se cerca. Montou um gabinete de gente da sua laia. Quem sair da linha pega o caminho da rua. Vocês já perceberam quantas mudanças foram feitas neste pouco período de governo? Só de ministros da saúde foram quatro.

Nos escalões inferiores, perdeu-se a conta. Ministros da Educação, comando das Forças Armadas, direção da PF, gabinete civil, chefia do Inep, superintendências do Ibama etc etc.

Tudo não passaria da obra de um desequilibrado se o Brasil não estivesse sangrando por conta dessa sucessão de desatinos. Mas não.

O resultado deste mandato é metade da população rebaixada à condição de fome (“insegurança alimentar” como preferem os acadêmicos luxuosos), desemprego acelerado, desamparados ocupando as calçadas, cancelamento do Censo, ENEM sob ameaça, universidades aos frangalhos. No plano internacional, o Brasil está reduzido a uma espécie de Somália.

Bolsonaro sabe disso. Resolveu partir para o tudo ou nada. Provoca como pode. Despreza todas as diretivas sobre a pandemia, desrespeita as instituições que sobraram e rasga a Constituição.

Promove aglomerações, passeia sem máscara, combate o isolamento social, faz troça de quem pretende viver em vez de morrer. Defende as roubalheiras de sua família com a ajuda da “justiça”, bancas milionárias e um Congresso servil.

O tal mercado financeiro comemora. As bolsas e o dólar não estão nem aí. Bancos lucram como nunca. Alguém pode explicar como a inflação não para de subir numa situação em que a população passa fome, ou seja, a “demanda” está muito abaixo da oferta?

Uma pista: a oferta está destinada aos países que tomaram providências contra a pandemia e têm condições de comprar. Já no Brasil, a miséria grassa a céu aberto e depende da esmola oficial cada vez menor.

Blindado pelo capital gordo, juízes obedientes e um parlamento emasculado, Bolsonaro vai tocando o barco para o naufrágio do país. Tem um procurador-geral que não passa de um lambe-botas do chefe.

Aras está mais preocupado em perseguir colunistas que dizem a verdade do que em processar infratores como Bolsonaro. Já a dita oposição refestela-se em discursos e posar para fotos indiferente aos milhares de mortos diários. A obsessão é 2022.

Não! O que pode virar este jogo são as ruas. Com todas as precauções necessárias, é preciso ocupar os espaços públicos para demonstrar que não é possível aguentar este governo nem mais um dia. Esperar até as “eleições” é decretar diariamente, de caso pensado, o óbito de milhares de brasileiros.

Chega de discursos e apertos de mão, almoços bem fornidos com aliados do impeachment de uma presidenta que jamais prevaricou. O que o povo pede é coragem. Mãos à obra.

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