Retorno das aulas no ensino remoto: veja como se organizar
Confira dicas para planejar o ensino remoto neste início do ano letivo
01/02/2021
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Jornalismo
01/02/2021
Como dizia Lulu Santos “para todo o mal, a cura” e parece que para a pandemia ela vem chegando na forma da vacina. Com isso, temos a possibilidade do retorno presencial das aulas de uma forma mais segura, caso as demais medidas sanitárias sejam tomadas por toda a população. No entanto, há municípios que decidiram manter as aulas no ensino remoto.
Se este é o seu caso, é hora de pensar e organizar a volta não presencial buscando solucionar as dificuldades já encontradas no ano anterior. Em 2020, quando a pandemia surgiu, não sabíamos o que fazer muito bem e fomos aprendendo conforme vivenciávamos, com nossos erros e acertos. Agora já temos um conhecimento maior e diante do que estamos vivendo podemos planejar melhor e encontrar novas alternativas ou até mesmo aperfeiçoar aquelas usadas anteriormente.
Não se esqueça: planejar é condição fundamental, como falamos na nossa última conversa, independente da forma de trabalho escolhida pela sua rede, presencial ou não.
Em primeiro lugar é preciso discutir com os colegas da sua escola sobre o que deu certo ou não no ano passado, se as ferramentas usadas funcionaram ou não. Vocês utilizaram grupos de WhatsApp que foram acessados por todos?
Ou a comunicação se deu por meio das redes sociais? Optaram por gravar vídeos ou marcaram encontros pelo Google Meet? Quais atingiram um número maior de alunos? É possível continuar com a mesma estratégia escolhida? Essas são algumas perguntas que podem nortear a reflexão.
Leve afeto e resiliência para a sua escola e prepare-se para os desafios de 2021
Dicas para a recepção e cronograma para o início do ano
É necessário lembrar que todos, crianças e jovens, precisam participar do processo de ensino e aprendizagem. Nenhum a menos, lembram?
Com as respostas em mãos é hora de escolher o formato, se a opção for pelo uso de ferramentas digitais é preciso saber quais alunos têm acesso à internet e pensar em um plano específico para aqueles que não conseguem estar conectados, garantindo possibilidades iguais para todos.
A Nova Escola disponibilizou um excelente material sobre o uso das ferramentas digitais – o Manual das ferramentas digitais: 103 dicas para preparar aulas e atividades para o ensino remoto ou híbrido. Como a introdução do material diz ele “reúne dicas de ferramentas gratuitas digitais que podem ajudá-lo a identificar os principais recursos para criar atividades e aulas com o uso da tecnologia”.
Clique aqui para conhecê-lo ou revisitá-lo e descobrir a melhor forma de preparar aulas síncronas ou assíncronas, comunicar-se com a sua turma e compartilhar atividades!
Cada realidade tem a sua especificidade e isso precisa ser levado em consideração neste momento. É hora também de se inspirar nas muitas estratégias criativas encontradas pelos professores do seu município e do Brasil inteiro.
Aliás a reportagem “Estratégias criativas que os professores encontraram para dar aulas a distância” é bastante inspiradora, pode gerar muitas reflexões e ideias para o grupo de educadores da sua escola, incrementando o que já vinham fazendo ou inovando. Tenho certeza que poderá dar bons resultados para as turmas.
Escolhida a melhor ferramenta ou o melhor meio de se chegar até os alunos é importante pensar no registro.
Como conversamos bastante ano passado, o registro é fundamental e por isso é imprescindível decidir como será feito ainda no planejamento. Além do registro individual de cada professor, é importante combinar com os colegas como serão organizados os registros que apontam os avanços e as necessidades da turma.
Uma possibilidade são os padlets que permitem não só o registro do seu percurso enquanto professor, mas de seus alunos por meio da criação de murais colaborativos. Já falamos bastante sobre eles aqui em outras conversas. Você poderá encontrar outras formas de registrar organizando painéis de fotos, pastas no Google Drive. O importante é montar seu percurso e o de sua turma de forma que possa ajudá-lo a avaliar o que precisa ser modificado e mantido, bem como a evolução de cada um de seus alunos.
Curso gratuito: Elabore uma aula online com ferramentas do cotidiano
Veja casos reais de professores e gestores escolares que utilizaram ferramentas digitais para preparar suas aulas. Neste curso de NOVA ESCOLA, espera-se que o cursista entenda sobre as propostas usadas no WhatsApp, Facebook e Mentimeter, por exemplo.
O registro é um convite para refletir sobre a prática, sobre o que é preciso redirecionar ou não. É pautado nele, se você o tornou seu amigo na rotina escolar, que irá escolher a forma como realizar suas ações com seus alunos.
Outro ponto a ser discutido com o grupo é o trabalho com projetos.
Você dirá: “mas presencialmente já é difícil, remotamente então...”. Mas digo que é possível desenvolver excelentes propostas desde que planeje com cuidado e pensando na sua realidade e necessidades! Vi em meu município escolas dando show nesse quesito.
Um projeto envolvendo as diferentes áreas do conhecimento, por exemplo, é muito mais rico do que propostas soltas, sem um fio condutor.
Evidente que trabalhar com projetos permite uma aprendizagem mais significativa, ainda mais se você discutir com a turma o que gostaria de trabalhar e aprender! Tudo isto pautado em um bom planejamento. Anote essa dica para fazer ao longo do ano também.
Ferramentas, registros, projetos escolhidos... está na hora de pensar em como será o acolhimento das famílias. Elas são nossas parceiras e para que assim aconteça precisamos aprender a escutá-las, respeitando suas necessidades e especificidades.
Em 2020, muitos professores estreitaram o relacionamento com as famílias. Neste novo ano, será essencial continuar nessa parceria.
Mas, se no ano passado, você não teve o apoio dos pais e responsáveis do seu aluno será preciso procurar encontrar o porquê desse fato. Será que soubemos acolher os pais? Será que respeitamos os espaços de aprendizagem das casas ou quisemos sobrepor os espaços da escola? Este é um ponto a ser pensado para reverter o que não deu certo.
É importante discutir no grupo de professores e gestores como a escola vê a família e o tipo de vínculo estabelecido. A análise disso permitirá levantar em quais aspectos um investimento maior deve ser mais urgente.
Ter a certeza de que cada família fez aquilo que pode, dentro do possível, é também uma forma de pensar o acolhimento delas neste novo ano, ampliando as possibilidades de ação de cada um.
Por isso, preparar uma reunião inicial com os pais é fundamental nesse momento. Uma ideia para começar a conversa nesse encontro é solicitando que cada um fale um pouco sobre:
- Uma mudança causada pela pandemia em relação à família;
- Pensar em alguém da família que passou por mudanças nessa pandemia;
- Se alguém não passou por nenhuma mudança durante estes
Estas questões permitirão conhecer os efeitos da pandemia nas famílias e desenhar o perfil de cada turma.
Na sequência é preciso comunicar aos pais as escolhas feitas quanto à forma de trabalho, as ações a serem realizadas, dicas de como organizar um espaço para que as crianças possam participar das aulas, fazer as atividades. Se mostrar aberto para ouví-los e apoiá-los nas suas dificuldades realmente fará a diferença no transcorrer do percurso.
Estes são alguns dos aspectos a serem levados em conta ao planejar as aulas no ensino remoto para garantir uma maior participação de todos - equipes escolares e famílias. Tudo isso com objetivo de promover uma Educação de qualidade e com equidade. E você, já está com tudo pronto para começar? Conte para mim nos comentários o que tem pensado.
Até a próxima,
Selene
Selene Coletti é professora há 39 anos na rede pública. Atua na Educação Infantil e foi alfabetizadora por 10 anos tendo trabalhado do 1º ao 5º ano. Recebeu, em 2016, da Fundação Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”, na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do Núcleo de Formação Continuada do município e também como formadora da Educação Infantil, na Prefeitura de Itatiba. Atualmente é professora da rede pública de Itatiba.
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