Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Resultados de alfabetização, aprendendo com o Ceará

O pioneirismo do estado serviu de exemplo para muitos municípios

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Foram divulgados, nesta quarta-feira (4), os resultados da avaliação amostral de 2º ano em português e matemática realizada em 2019. Como corretamente se optou por uma série diferente da Avaliação de Alfabetização de 2016, que verificava como os alunos de 3º ano estavam em seu processo de letramento, os dados de agora não são comparáveis aos anteriores, mas nos trazem algumas reflexões.

Uma delas é que, ao se verificar aprendizagens no 2º ano do ensino fundamental, estamos fazendo valer a Base Nacional Comum Curricular, que, por ter expectativas menos frágeis de desempenho dos alunos, decidiu que a alfabetização inicial deveria ocorrer a partir da educação infantil, de forma lúdica, para se consolidar até o final do 2° ano.

A outra é a constatação de que o Ceará, que tem um bom desempenho na avaliação de 5º ano, contando com 79 das 100 melhores escolas em Ideb do país, mostra que as razões dessa performance estão associadas a uma alfabetização bem-sucedida. Não é para menos. Como se sabe, o estado se inspirou no bom exemplo de Sobral, uma cidade de nível socioeconômico baixo, mas que construiu um caminho educacional virtuoso, iniciando pela alfabetização, mas avançando para as séries seguintes. O estado, em regime de colaboração com seus municípios, criou o Programa de Alfabetização na Idade Certa, implantado em boa parte das cidades cearenses.

Mas o que chamou mais a atenção é como a alfabetização vem sendo abordada no Ceará. Há um ensino que trabalha na educação infantil com consciência fonêmica, associando, em jogos divertidos, letras aos sons e, ao ler muitas histórias para as crianças, trabalhando tanto a função social da leitura quanto a ampliação de vocabulário. Esse trabalho continua no 1º e 2º anos com um trabalho tanto de ensino do código letrado quanto de promoção da fluência leitora, com sólida formação dos professores para uma alfabetização eficaz.

No anúncio dos resultados, foi interessante ver que a Undime, que congrega os secretários municipais de Educação, estabeleceu uma parceria com o MEC, incentivando os municípios a participar de uma iniciativa federal para formar professores alfabetizadores numa abordagem inspirada nas boas experiências que o Ceará desenvolveu. Mais de 4.000 cidades aderiram ao programa que, esperemos, deve mudar o cenário ainda precário de alfabetização no Brasil.

Afinal, o pioneirismo do Ceará, baseado no que fazem países com bons sistemas educacionais, serviu para mostrar a muitos municípios que sua abordagem funciona mesmo em cidades com escolas de estruturas simples e grande percentual de alunos pobres.

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