Por Walace Lara, SP2


Governo de SP reduz verba para obras nas escolas estaduais

Governo de SP reduz verba para obras nas escolas estaduais

Um relatório da Secretaria Estadual da Educação que o SP2 teve acesso com exclusividade revela que o secretário da pasta, Rossieli Soares, reconhece que a drástica redução de recursos para a educação está impactando diretamente no atendimento das necessidades de infraestrutura das escolas. O documento é assinado pelo próprio secretário e foi encaminhado para o Ministério Público de Contas.

O relatório mostra que a verba prevista para infraestrutura das escolas em 2019 será de R$ 110,6 milhões, ou seja, restringindo mais ainda a capacidade de execução de reformas e manutenções da rede. O secretário diz que o plano de obras encontra-se consolidado como prioridade, no entanto, para executá-lo seria necessário no mínimo a dotação de 2014.

A reportagem ouviu a procuradora do Ministério Público de Contas do Estado, Elida Graziane Pinto que diz que o valor em 2014 era de um R$ 1,7 bilhão. Para ela é extremamente grave essa queda de 95% na utilização dos recursos da educação. Um dinheiro que além de ser baixo, também está indo para a Previdência do estado.

“Escolas com salas superlotadas, escolas sucateadas sem manutenção, professores mal pagos, numa realidade que se prefere desviar recursos da educação para cobrir rombo previdenciário é sinal de um agravamento de uma tendência em que a educação não é prioridade. Não é sem razão que o Ideb de São Paulo [índice de avaliação da educação] caiu no último exame do Inep”, diz Elida.

As reclamações são muitas dos alunos que utilizam o equipamento público e os problemas de manutenção se multiplicam em várias escolas da rede estadual.. “O teto está quase caindo ele é um material por causa da represa que é perto ele vai soltando e ele fica úmido e é capaz de cair na cabeça de alguém”, relata Vitória Cavalcante, estudante da 5º série da Escola Estadual das Gaiovatas Três, do Grajaú, Zona Sul. Fernanda Costa, aluna da mesma escola, conta que “é muito calor quando é frio” e que não dá pra ouvir as professoras direito “por causa do telhado que é de latinha”.

A falta de estrutura também atinge a Escola Estadual Waldir Rodolpho de Castro, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. De acordo com estudantes, as salas de aulas não tem forro, energia elétrica e a estrutura da escola está precária, em estado grave. Na semana passada, o Bom Dia São Paulo mostrou a falta de energia em sala de aula. Segundo os pais e professores, o problema é que não foi feita a manutenção no sistema elétrico.

Escola de lata em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

A própria Secretaria Estadual da Educação reconhece as dificuldades que vêm enfrentando por causa dessa drástica redução.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação, só nesse ano o governo fez 800 obras nas escolas estaduais. Mas a demanda por obras vem aumentando por causa da idade dos prédios. "Nós temos 5,4 mil escolas no estado, sendo que 80% dessa rede estadual tem mais de 30 anos de idade. Então, realmente de fato é uma questão que tem nos preocupado e é claro que a Secretaria de Governo de São Paulo trabalha com alternativas buscando fontes orçamentárias para suprir essa demanda que é crescente”, explica Leandro Damy, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão ligado à Secretaria.

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