Descrição de chapéu Voluntariado na Educação

Reforma do ensino médio pode diminuir a evasão escolar

Especialistas acreditam que mudanças devem melhorar modelo atual, que é defasado

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Duque de Caxias (RJ)

Prestes a ser implementado, o novo ensino médio deve transformar o atual modelo educacional e atribuir a ele novos sentidos, estimulando o aluno a continuar na escola.

É o que dizem especialistas que participaram de um debate sobre evasão escolar dentro do seminário Voluntariado na educação, promovido pela Folha, pelo Instituto Unibanco e pelo Itaú Social. Realizado na última quinta-feira (2), o evento teve mediação da jornalista Laura Mattos.

O modelo atual de ensino ignora novos paradigmas da sociedade enfrentados pelos jovens, diz Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação).

Para o professor, a reforma do ensino médio deve trazer respostas às angústias dos estudantes, adequando os estudos às necessidades deles.

A proposta aumenta a carga horária anual de 800 horas para, no mínimo, mil. Ao menos 40% delas serão dedicadas a itinerários formativos, nos quais os alunos poderão se aprofundar em áreas de seu interesse ou no ensino profissionalizante.

A evasão escolar, que cresceu no país nos últimos anos, foi agravada por vários fatores. Além da pandemia, Garcia cita o negacionismo do governo, a falta de programas específicos, os problemas de infraestrutura e a troca de gestores.

No Brasil, mais de 5 milhões de crianças estavam fora da escola ou sem atividades escolares no fim de novembro de 2020, de acordo com estudo do Unicef. O número era de 1,1 milhão em 2019, antes da pandemia, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Na opinião de Garcia, essa realidade torna ainda mais preocupante a tramitação da PEC (projeto de emenda à Constituição) 13/2021, que isenta prefeitos e governadores de aplicarem, em 2020 e 2021, na educação, ao menos 25% das receitas provenientes de impostos.

Antes que um estudante saia da escola, ele passa por um processo de desestímulo, no qual reprova várias vezes e perde o engajamento com a instituição, afirma Daniela Arai, coordenadora de desenvolvimento da gestão do Instituto Unibanco, instituição que trabalha com redes estaduais para implementação de políticas educacionais.

"A escola tem que trabalhar, principalmente para os jovens, em atribuir sentido para essa escolaridade e, sobretudo, garantir que haverá uma solução para eles."

Com as mudanças no ensino médio, ela afirma que deverá haver garantia para uma trajetória de sucesso.

Um dos grandes benefícios da reforma é o ensino profissionalizante, porque incorpora empregabilidade à educação, diz Guilherme Lichand, professor da cátedra Unicef de economia do desenvolvimento e bem-estar infantil, da Universidade de Zurique.

"A escola tem que imaginar do que o setor produtivo precisa. E o setor produtivo precisa se reinventar", diz ele.

Outra forma de tentar amenizar a evasão é a busca ativa, na qual o Estado e instituições organizam programas para tentar resgatar os alunos que desistiram de estudar.

A empresa de soluções mobile Movva teve a ideia de mandar mensagens a quem não estivesse indo à escola. São dois recados diários que perguntam o motivo da desistência e explicam a importância da educação para o futuro.

Os jovens que receberam os contatos durante a pandemia tiveram 25% mais chances de voltar aos estudos, segundo Guilherme Lichand, que também é presidente do conselho consultivo da empresa.

Mas os próprios professores podem ligar ou mandar mensagens aos alunos antes de acionarem o conselho tutelar, afirma Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime.

Como iniciativa para combater a evasão, ele cita o Programa de Busca Ativa Escolar, desenvolvido pelo Unicef em parceria com a Undime. O projeto apoia governos na identificação, busca e acompanhamento de alunos que deixaram as instituições.

De 2017 a 2019, foram registradas mais de 17 mil rematrículas pelo programa, de acordo com o professor. No ano de 2020, foram quase 62.500.

Outra alternativa, apontada por Daniela Arai, é encarregar os próprios alunos de convencer seus colegas a voltar aos estudos. Segundo ela, essa abordagem pode ser mais efetiva, assim como usar pessoas da comunidade do jovem.

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