Por Rafaela Mansur, g1 Minas — Belo Horizonte


PMMG lança operação para tentar proteger o ambiente escolar — Foto: Ernane Fiuza/TV Globo

Após o governo de Minas Gerais anunciar que policiais militares farão visitas periódicas a escolas estaduais, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, nesta terça-feira (11), que agentes da Guarda Municipal têm marcado presença nas instituições municipais.

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No entanto, na avaliação da pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Cleo Garcia, que estuda ataques em escolas no Brasil, o reforço de segurança e policiamento é uma medida pontual e insuficiente para solucionar o problema. Ela também não concorda com a presença de policiais armados dentro das instituições.

"No entorno, como uma prevenção, um apoio, para que esse momento de pânico seja amenizado, tudo bem, mas, dentro da escola, de forma nenhuma. Nos Estados Unidos, que é onde ocorre o maior número de eventos desse tipo, eles possuem leis, estratégias, policiamento armado nas escolas, armam até os professores. No entanto, os maiores ataques continuam sendo lá, e em escolas que já estão armadas, que são protegidas por travas, câmeras, botão de pânico", afirmou Cleo.

Ela é mestranda da Faculdade de Educação da Unicamp e realiza, junto com a professora Telma Vinha, uma pesquisa chamada "Ataques de violência extrema em escolas no Brasil".

Elas mapearam as ocorrências registradas dentro de instituições de ensino no país e verificaram que autores desse tipo de atentado geralmente já sofreram, de alguma forma, dentro da escola, como bullying, exclusão e humilhações. Em muitos casos, também conviveram com violência dentro de casa.

"Uma solução para esse tipo de fenômeno que nós enfrentamos neste momento não é simples nem rápida, além de envolver muitas áreas da sociedade e do poder público", disse Cleo.

Segundo ela, a solução passa pela construção de políticas públicas, implementação de programas de prevenção e redes de apoio para as escolas, com envolvimento de profissionais de saúde mental e assistência social.

"É claro que a gente precisa também de investimentos na preparação dessa comunidade escolar para uma convivência saudável, participativa, democrática [...] Esses programas que trazem essa convivência dependem do envolvimento de todos, gestores, docentes, alunos, pais, o entorno da escola, as redes de apoio. Não é algo simples, mas é preciso fazer, é necessário começarmos", afirmou Cleo.

Prevenção em MG

Em Belo Horizonte, além da presença da Guarda Municipal nas escolas, a prefeitura informou que a Secretaria de Educação desenvolve "projetos pedagógicos com alunos e professores para a melhoria da convivência e a segurança nas unidades".

O município tem também uma gerência que orienta as escolas na elaboração do plano de convivência escolar, ações de abordagem preventiva e tratamento das situações de violência.

Nas escolas estaduais, policiais militares farão visitas, palestras e outras ações educativas e de prevenção, segundo o governo. O estado também conta com o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que trata de temas como autoestima e cidadania, e o Programa de Educação Ambiental (Progea).

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