Por Vítor Olivera* e Danielle Fonseca, g1 PE e TV Globo


Evento de lançamento do Manifesto #MeninasDecidem pela Rede de Ativistas Pela Educação do Fundo Malala no Brasil — Foto: Beto Marques/TV Globo

Representantes da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala lançaram, nesta terça (16), um manifesto em defesa da educação para mulheres. O evento aconteceu no auditório da Defensoria Pública da União (DPU), na Avenida Manoel Borba, na Boa Vista, área central do Recife.

Ao todo, 21 mulheres de diversas partes do Brasil participaram da elaboração do documento, entre Negras, quilombolas, indígenas, trans, travestis e com deficiência.

A rede de ativistas aproveitou o ano eleitoral de 2022 para exigir como prioridade nos planos de governo a presença de políticas públicas direcionadas para a educação de meninas em idade escolar.

O lançamento do manifesto contou com a presença de políticos e representantes de organizações sociais. Rodas de debate e apresentações culturais fizeram parte da programação, que começou por volta das 9h.

O documento é resultado do trabalho da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala e está disponível de forma digital na internet.

A importância do manifesto se traduz na vivência de meninas como a estudante de psicologia e ativista Maria Lorena, que faz parte do Quilombo Conceição das Crioulas, em Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, e integrou a roda de debates do evento.

Estudante e ativista Maria Lorena da Silva Bezerra — Foto: Beto Marques/TV Globo

Ao longo de sua trajetória acadêmica, ela precisou enfrentar obstáculos que poderiam ser minimizados, caso a comunidade onde mora tivesse tido acesso a políticas públicas eficientes voltadas para educação.

"A maioria dos quilombos brasileiros fica em zonas rurais. No meu, tem três escolas, mas, antigamente, não havia. Muitas vezes, tinha que ir a pé, por sete quilômetros, porque o transporte não chegava", comentou a estudante.

Além de escolas com estruturas dignas e com materiais de qualidade, o manifesto, segundo a ativista, também exige que a educação indígena e quilombola encontre mais visibilidade nos espaços governamentais

"A gente quer que a educação que está no asfalto suba para a periferia, que o estado reconheça a nossa forma de fazer educação", comentou Lorena.

Cássia Jane é da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala — Foto: Beto Marques/ TV Globo

Para Cássia Jane, da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala, é essencial que o Legislativo esteja aberto a ouvir as demandas de quem é beneficiado pelas políticas públicas de educação que têm o poder de mudar a qualidade de vida de uma população.

"Ninguém tem mais o direito de dizer como é essa política do que as próprias estudantes, como elas querem que essa educação seja. 2022 é um ano em que a gente pode amarrar esse compromisso com a educação", comentou Cássia.

A Rede de Ativistas pela Educação que recebe apoio do Fundo Malala no Brasil é formada por 11 ativistas e suas organizações que implementa projetos em diversas regiões do país para quebrar as barreiras que impedem meninas de acessar e permanecer na escola, com foco em meninas negras, indígenas e quilombolas.

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