Educação

Por g1 São Carlos e Araraquara


Crianças com altas habilidades precisam ser estimuladas durante o contraturno escolar — Foto: Vitor Diagonel/EPTV

Raciocínio rápido, boa memória, atenção elevada e criatividade são aptidões que, reunidas em crianças, fazem com que elas sejam consideradas pessoas com 'altas habilidades'.

São Carlos (SP) abriu, neste ano, a primeira sala de aula destinada a alunos com esse perfil, que merecem a atenção dos pais, dos educadores e da sociedade em geral.

Cada parte do cérebro tem uma função. Segundo o neurologista Lucas Eduardo Bonadio, nas pessoas com altas habilidades, uma delas se destaca em relação a outras.

Assim, as crianças com esse perfil precisam ser bastante estimuladas. Os cérebros deles tendem a ter um hiperfoco em determinada área, ao passo que outras são descompensadas.

Neurologista Lucas Eduardo Bonadio — Foto: Vitor Diagonel/EPTV

"No cérebro, tem a função motora, a função da lógica, a função intelectual. Uma determinada área acaba tendo mais função e o porquê isso ocorre, ainda não se sabe também" (...)

Crianças com altas habilidades

O cérebro do Davi, que tem sete anos, funciona diferentemente da maioria das crianças desta faixa etária. O Quociente de Inteligência (QI) do menino, considerado uma criança com altas habilidades, é de 137, enquanto o de uma criança da mesma idade está entre os 90 e 100.

São Carlos tem primeira sala de aula para pessoas com altas habilidades

São Carlos tem primeira sala de aula para pessoas com altas habilidades

Davi tem bons conhecimentos sobre futebol e, como prova disso, relembra toda a escalação do time brasileiro para os jogos da Copa do Mundo, que aconteceu no fim de 2022.

Os pais do menino começaram a perceber as altas habilidades a partir de alguns sinais.

"Ele falava as palavras corretamente, singular, plural, em todas as palavras, desde muito pequeno. Com quatro anos, ela já sabia escrever algumas palavras e, com cinco, ele já lia", conta a mãe, Marina Luccas da Silva Duarte.

Davi é considerado uma criança com altas habilidades — Foto: Vitor Diagonel/EPTV

Outro caso é o do Nathan Miguel dos Passos, que foi diagnosticado como uma pessoa com altas habilidades aos oito anos. Para ele, montar robôs e falar inglês nunca foram tarefas desafiadoras. Aliás, desde os quatro anos, já fazia atividades considerada 'inusitadas' para a faixa etária.

Nathan tem altas habilidades nas áreas de tecnologia, linguagens e matemática. Por isso, tem um acompanhamento profissional durante o contraturno escolar.

Como explica o especialista em Educação Especial, Fernando Alves, essas crianças precisam desse enriquecimento de currículos; os educadores precisam aprofundar as habilidades que são desenvolvidas ao longo do ano letivo em sala de aula.

Altas habilidades de Nathan são nas áreas de tecnologias, linguagens e matemática — Foto: Ely Venâncio/EPTV

O jovem, que está no 9º ano do Ensino Fundamental, tem capacidade pedagógica para já se formar no Ensino Médio, mas por conta de aspectos psicológicos e emocionais, situações como essa devem ser evitadas.

"Ele já poderia cursar o segundo ano do Ensino Médio, ele já tem alguns pré-requisitos, mas não aconselhamos que isso seja feito, para que ele tenha essa vivência de escola, de sala de aula, para que ele não pule uma fase importante para a vida dele", diz o educador especial.

Consequências

Conforme explica Bonadi, se ''crianças com altas habilidades não forem bem estimuladas, se seu desenvolvimento de personalidade não for trabalhado, elas podem, no futuro, desenvolver problemas de interação social, se excluindo da sociedade".

Além de possíveis problemas relacionados à interação com outras crianças, alunos com altas habilidades podem ter dificuldades em lidar com coisas mais simples do dia a dia.

Segundo a psicóloga Salete Cruz, para os educadores, ensinar uma criança com altas habilidades também é algo desafiador.

"As pessoas com altas habilidades têm velocidade no processamento. Quem vai ensinar precisa estar preparado para lidar com essa criança, porque a velocidade de memória, processamento, pensamento cognição e aprendizado é muito mais rápida", explica.

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