Redação Fuvest 2024: veja dicas e temas que podem cair

Segunda fase do vestibular da USP será realizada neste domingo, 17, e na segunda-feira, 18; referência a fatos noticiosos e contextos históricos podem ajudar no desenvolvimento do texto

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Por Beatriz Bulhões
Atualização:

A segunda fase da Fuvest, o vestibular da Universidade São Paulo (USP), ocorre neste domingo, 17, e na segunda-feira, 18. Um dos itens mais temidos pelos alunos, a redação será feita logo no primeiro dia, junto com as questões de Língua Portuguesa. Já o segundo dia é voltado para as questões de disciplinas específicas de cada carreira.

Segunda etapa do exame será aplicada nos dias 17 e 18 de dezembro Foto: Alex Silva/Estadão

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É a primeira vez que a etapa final do processo seletivo será realizada em dezembro, e não em janeiro, o que vai ajudar que os estudantes não passem o período de festas estudando. Os candidatos vão concorrer a 8.147 vagas em cursos de graduação da USP.

A lista dos participantes está neste link e os locais de prova podem ser consultados na área do candidato (os endereços podem não ser os mesmos da prova da primeira fase). A 1ª chamada de aprovados será divulgada em 22 de janeiro

O Estadão ouviu especialistas para dar dicas de temas e estratégias para tirar boa nota na redação.

Como fazer uma boa redação da Fuvest?

“Os três aspectos avaliados pela banca são: desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo; coerência dos argumentos e articulação das partes do texto; e correção gramatical e adequação vocabular”, orienta Bárbara Espuny, professora do ensino médio no Colégio Pentágono e mentora de carreira e vestibular.

É necessária uma leitura atenta dos textos de apoio antes de começar a pensar no tema, pois eles dão orientações de como a banca do vestibular quer que o assunto seja tratado. Outra dica é fazer um pequeno esquema do que você pretende usar no texto antes de escrevê-lo de fato, para não se perder ou se esquecer da ideia.

Outros recursos que também podem contribuir para a redação são citações de dados atuais e jornalísticos, menções a fatos históricos e suas relações com a atualidade, ou mesmo citações de frases de outros autores que fazem relação com o tema.

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Por último, é essencial fazer uma revisão gramatical antes de passar a limpo.

Qual a diferença entre a redação do Enem e da Fuvest?

Uma diferença fundamental entre as redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e da Fuvest é que, diferentemente da prova federal, o vestibular da USP não exige que o candidato apresente uma proposta de intervenção ou de solução para o tema sugerido.

“O texto da Fuvest não é modelo Enem. Por isso, o candidato tem mais autonomia na escrita”, afirma Margarete Xavier, coordenadora de conteúdo do Fibonacci Sistema de Ensino.

“A Fuvest é tradicionalmente mais conteudista, envolve uma relação elaborada entre conceitos, situações e fenômenos. Até mesmo quando pensamos nos temas da redação, a Fuvest apresenta temas mais reflexivos”, diz Bárbara Espuny, professora do ensino médio no Colégio Pentágono e mentora de carreira e vestibular.

Uma semelhança é a abordagem de temas de caráter social.

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Quais são os possíveis temas para a redação?

Conforme professores ouvidos pelo Estadão, seguem possíveis temas que estão alinhados ao modelo da Fuvest:

  • Mulheres, a partir de abordagens envolvendo herança histórica do sistema social patriarcalista, invisibilidade, lugar de fala, preconceito, racismo. O tema do último Enem foi “Desafios para enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher”.

“Ainda dá tempo de dar uma olhada nos pensamentos e produções de grandes escritoras feministas contemporâneas, como Angela Davis, bell hooks, Cida Bento, Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, dentre outras”, sugere Gisa Gasparotto, do Colégio Mater Dei-SP.

  • Arquitetura hostil: pessoas em situação de rua ocupam espaços urbanos que são de uso coletivo.

“Colocar grades, cercas, proteções pontiagudas para evitar a ocupação de áreas é solução?”, aponta Margarete Xavier, coordenadora de conteúdo do Fibonacci Sistema de Ensino. Nesta semana, o governo federal regulamentou a Lei Padre Julio Lancelotti, que proíbe o uso de arquitetura hostil contra os sem-teto.

  • O medo e o controle social

Neste mês, chamaram a atenção episódios como os dos “justiceiros de Copacabana”. Grupos de moradores se unem para perseguir e agredir supostos ladrões que atuam no bairro da zona sul carioca, que tem visto alta na criminalidade.

  • (Anti)Democracia, após os episódios de 8 de janeiro, quando houve uma tentativa de invasão, seguida de depredação, às sedes dos três poderes da República em Brasília

“Vale a pena pesquisar o que filósofos como Aristóteles, Platão e Rousseau entendiam por democracia”, orienta Gisa Gasparotto, do Mater Dei.

  • Violência nas escolas, após episódios de ataques com mortes em colégios de São Paulo (Vila Sônia e Sapopemba) e Blumenau (SC)

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“Os grupos do GEPEM (Grupos de Estudo e Pesquisa em Educação Moral, da Unicamp e Unesp) têm dado contribuições valiosíssimas sobre esse assunto”, recomenda Gisa.

  • Mudanças climáticas e crédito de carbono
  • Uso de câmeras nos uniformes da polícia e impactos na segurança pública
  • Verticalização do solo e revisão da Lei do Zoneamento em São Paulo
  • Uso de tecnologias e o impacto na aprendizagem

Quais foram os últimos temas da redação da Fuvest?

2023 - Refugiados ambientais e vulnerabilidade social

2022 - As diferentes faces do riso

2021 – O mundo contemporâneo está fora de ordem?

2020 – O papel da ciência no mundo contemporâneo

2019 – A importância do passado para a compreensão do presente

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2018 – Devem existir limites para a arte?

2017 – O homem saiu de sua menoridade?

2016 – As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?

2015 – “Camarotização” da sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia

2014 – Envelhecimento da população

2013 – Consumismo

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