Reconstrução da Educação: como a tecnologia ajuda na revolução do ensino básico?


Gestores apontam caminhos para o Brasil ter uma escola pública de qualidade

Por Redação
Atualização:

Nos anos finais do ensino fundamental, que compreende a faixa etária dos 11 aos 14 anos, se manifesta o início de preocupações que se tornam verdadeiros desafios no ensino médio. Para superar defasagens de aprendizagem e aumentar a conexão da escola com as novas gerações, as plataformas tecnológicas despontam como uma saída, mas é preciso cautela para que não sejam apenas uma réplica do papel do professor.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira, 25. Com mediação de Renata Cafardo, repórter especial e colunista do Estadão, participaram da conversa Cristieni Castilhos, CEO da MegaEdu e especialista em projetos de educação na sociedade civil; Daniel Santos, pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP; e Roni Miranda Vieira, secretário da Educação do Estado do Paraná.

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“A gente vê que tem alguma coisa pra ser melhor olhada”, inicia Daniel Santos. Para ele, a importância do debate é amplificada pela escassez de pesquisas sobre essa etapa da educação básica, que se reflete, por exemplo, na falta de pedagogias específicas para seus estudantes.

“Os dados mostram que é onde a gente deixa de atingir metas de aprendizagem e a gente percebe que os jovens começam a se desengajar, as dificuldades com a saúde mental começam a piorar e os professores muitas vezes pedem para não dar aulas para o 6º e 7º ano”, resume o pesquisador.

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Segundo Roni Miranda Vieira, uma solução em implementação no Paraná é o uso de sete plataformas tecnológicas educacionais para apoiar o trabalho dos professores. “Temos de redação, de leitura, de matemática, que é um grande desafio em todas as redes. O professor usa em sala, em algumas aulas por semana, e com isso consegue dar uma atenção maior para aquele estudante que está com maior dificuldade”, explica.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede.

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O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede. A implementação das ferramentas educacionais foi impulsionada pela pandemia e transformou a cultura digital dos professores: “Editar um vídeo ou fazer uma reunião on-line em 2019 seria impossível. A pandemia desenvolveu uma capacidade dos professores de usar a tecnologia que eu considero correspondente a uma década”, define Roni.

De acordo com Cristieni Castilhos, se antes da pandemia aproximadamente metade dos professores se interessavam pelo uso da tecnologia em sala de aula, hoje esse interesse é de 97% dos profissionais de educação. “Tem uma geração nova de crianças chegando, que têm um olhar mais digital, e é natural que elas precisem de uma escola mais conectada com a geração delas”, analisa.

Entre os desafios para que as plataformas tecnológicas educacionais façam parte do ensino público brasileiro, estão a exclusão digital. “Quando a gente olha para as escolas públicas, mais da metade tem de um a três computadores e mais de 20 mil escolas não têm nenhum tipo de acesso à internet. São quase 4 milhões de estudantes fora desse mundo”, afirma a CEO da MegaEdu.

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“Muitos Estados estão investindo pesado em relação a equipamentos, mas o maior desafio de todos é a conexão de internet de qualidade nos lugares mais afastados dos centros urbanos”, complementa o secretário de Educação do Paraná.

Como usar a tecnologia em sala de aula?

Conforme Cristieni Castilhos, três pilares compõem o uso adequado da tecnologia nas escolas: o acesso à internet, o desenvolvimento de softwares pedagógicos e a formação de professores para o uso adequado dessas plataformas.

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“A gente não quer parar na tecnologia como uma ferramenta de eficiência, mas ter softwares educacionais que ajudem a ter um ensino mais personalizado, mais adaptativo e, com isso, um salto maior no aprendizado”, resume.

Depois de uma aula, exemplifica, uma ferramenta pode ser usada para realizar alguns exercícios. “Em vez de o professor perder horas para corrigir, o software vai entregar toda a análise e ver que a defasagem no aprendizado de raiz quadrada, por exemplo, está na dificuldade com a aula sobre fração, que ele pode decidir então dar novamente”, pontua.

Daniel Santos ressalta que, sem o apoio pedagógico dos professores, os materiais tecnológicos não representam um estímulo para a aprendizagem das crianças e adolescentes: “Se o professor souber, usar, ok, mas a gente tem o risco de desenvolver softwares que aparentam substituir o professor; tudo que ele tem que fazer é apertar o play”, reflete.

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Além de formar professores para atuarem em conjunto com a tecnologia, a necessidade de investir em educação midiática ganha importância nesse cenário. Trata-se, segundo o pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP, de ações como “ensinar o jovem a usar o mundo digital para resolver seus problemas, discutir fake news e colocar a tecnologia a seu serviço”.

No Paraná, em que a temática integra o itinerário formativo de Mídias Digitais, também têm sido implementados no currículo conhecimentos nas áreas de programação e robótica. “Isso tem sido bem recebido pelos estudantes e possibilita que eles se apropriem e se sintam transformadores daquele meio”, pontua Roni.

No primeiro meet point da série Reconstrução da Educação, gestores públicos e pesquisadores da área destacaram que a recomposição da educação no Brasil passa pelo fortalecimento de uma cultura democrática nas escolas, pelo combate às desigualdades desde a alfabetização e pelo investimento em professores.

Já no segundo encontro, os especialistas discutiram a ampliação das vagas de tempo integral nas escolas brasileiras. Segundo o Censo Escolar de 2022, somente 14,4% dos alunos da rede pública estão matriculados no ensino integral em todo o País – o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece 25% dos alunos da educação básica como meta para 2024. O levantamento aponta, ainda, que metade das escolas públicas brasileiras não possui nenhum estudante em modalidade integral.

No terceiro bate-papo, os convidados falaram sobre como a alfabetização, tanto na idade certa quanto para alunos mais velhos que tiveram uma lacuna de aprendizagem, deve ser uma prioridade para evitar o “efeito cascata” que aparece com o crescimento dos níveis de analfabetismo.

E, no penúltimo evento da série, o assunto foi o ensino médio e o que pode ser feito para melhorar a última etapa da educação básica. Para os especialistas, uma política nacional de reestruturação deve ser pensada além das mudanças curriculares, considerando, por exemplo, a melhoria da infraestrutura física e pedagógica das unidades escolares e uma política de permanência de estudantes.

Programação

  • 15/5 – Educação no Brasil hoje e recomposição da aprendizagem (veja como foi);
  • 16/5 – Ensino integral e professores (veja como foi);
  • 18/5 – 10h: Educação infantil e alfabetização (veja como foi);
  • 23/5 – 10h: Ensino médio; (veja como foi);
  • 25/5 – 10h: Ensino fundamental 2 e tecnologia (veja como foi);
  • 29/5 – das 10h às 12h: Fórum Reconstrução da Educação.

Veja como fazer a inscrição aqui.

Reconstrução da Educação é uma realização do Estadão, em parceria com a Fundação Itaú, Fundação Lemann, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Vivo Telefônica, Instituto Natura e Instituto Península. E tem o apoio do Consed, da Undime e do Todos Pela Educação.

Nos anos finais do ensino fundamental, que compreende a faixa etária dos 11 aos 14 anos, se manifesta o início de preocupações que se tornam verdadeiros desafios no ensino médio. Para superar defasagens de aprendizagem e aumentar a conexão da escola com as novas gerações, as plataformas tecnológicas despontam como uma saída, mas é preciso cautela para que não sejam apenas uma réplica do papel do professor.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira, 25. Com mediação de Renata Cafardo, repórter especial e colunista do Estadão, participaram da conversa Cristieni Castilhos, CEO da MegaEdu e especialista em projetos de educação na sociedade civil; Daniel Santos, pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP; e Roni Miranda Vieira, secretário da Educação do Estado do Paraná.

“A gente vê que tem alguma coisa pra ser melhor olhada”, inicia Daniel Santos. Para ele, a importância do debate é amplificada pela escassez de pesquisas sobre essa etapa da educação básica, que se reflete, por exemplo, na falta de pedagogias específicas para seus estudantes.

“Os dados mostram que é onde a gente deixa de atingir metas de aprendizagem e a gente percebe que os jovens começam a se desengajar, as dificuldades com a saúde mental começam a piorar e os professores muitas vezes pedem para não dar aulas para o 6º e 7º ano”, resume o pesquisador.

Segundo Roni Miranda Vieira, uma solução em implementação no Paraná é o uso de sete plataformas tecnológicas educacionais para apoiar o trabalho dos professores. “Temos de redação, de leitura, de matemática, que é um grande desafio em todas as redes. O professor usa em sala, em algumas aulas por semana, e com isso consegue dar uma atenção maior para aquele estudante que está com maior dificuldade”, explica.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede.

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede. A implementação das ferramentas educacionais foi impulsionada pela pandemia e transformou a cultura digital dos professores: “Editar um vídeo ou fazer uma reunião on-line em 2019 seria impossível. A pandemia desenvolveu uma capacidade dos professores de usar a tecnologia que eu considero correspondente a uma década”, define Roni.

De acordo com Cristieni Castilhos, se antes da pandemia aproximadamente metade dos professores se interessavam pelo uso da tecnologia em sala de aula, hoje esse interesse é de 97% dos profissionais de educação. “Tem uma geração nova de crianças chegando, que têm um olhar mais digital, e é natural que elas precisem de uma escola mais conectada com a geração delas”, analisa.

Entre os desafios para que as plataformas tecnológicas educacionais façam parte do ensino público brasileiro, estão a exclusão digital. “Quando a gente olha para as escolas públicas, mais da metade tem de um a três computadores e mais de 20 mil escolas não têm nenhum tipo de acesso à internet. São quase 4 milhões de estudantes fora desse mundo”, afirma a CEO da MegaEdu.

“Muitos Estados estão investindo pesado em relação a equipamentos, mas o maior desafio de todos é a conexão de internet de qualidade nos lugares mais afastados dos centros urbanos”, complementa o secretário de Educação do Paraná.

Como usar a tecnologia em sala de aula?

Conforme Cristieni Castilhos, três pilares compõem o uso adequado da tecnologia nas escolas: o acesso à internet, o desenvolvimento de softwares pedagógicos e a formação de professores para o uso adequado dessas plataformas.

“A gente não quer parar na tecnologia como uma ferramenta de eficiência, mas ter softwares educacionais que ajudem a ter um ensino mais personalizado, mais adaptativo e, com isso, um salto maior no aprendizado”, resume.

Depois de uma aula, exemplifica, uma ferramenta pode ser usada para realizar alguns exercícios. “Em vez de o professor perder horas para corrigir, o software vai entregar toda a análise e ver que a defasagem no aprendizado de raiz quadrada, por exemplo, está na dificuldade com a aula sobre fração, que ele pode decidir então dar novamente”, pontua.

Daniel Santos ressalta que, sem o apoio pedagógico dos professores, os materiais tecnológicos não representam um estímulo para a aprendizagem das crianças e adolescentes: “Se o professor souber, usar, ok, mas a gente tem o risco de desenvolver softwares que aparentam substituir o professor; tudo que ele tem que fazer é apertar o play”, reflete.

Além de formar professores para atuarem em conjunto com a tecnologia, a necessidade de investir em educação midiática ganha importância nesse cenário. Trata-se, segundo o pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP, de ações como “ensinar o jovem a usar o mundo digital para resolver seus problemas, discutir fake news e colocar a tecnologia a seu serviço”.

No Paraná, em que a temática integra o itinerário formativo de Mídias Digitais, também têm sido implementados no currículo conhecimentos nas áreas de programação e robótica. “Isso tem sido bem recebido pelos estudantes e possibilita que eles se apropriem e se sintam transformadores daquele meio”, pontua Roni.

No primeiro meet point da série Reconstrução da Educação, gestores públicos e pesquisadores da área destacaram que a recomposição da educação no Brasil passa pelo fortalecimento de uma cultura democrática nas escolas, pelo combate às desigualdades desde a alfabetização e pelo investimento em professores.

Já no segundo encontro, os especialistas discutiram a ampliação das vagas de tempo integral nas escolas brasileiras. Segundo o Censo Escolar de 2022, somente 14,4% dos alunos da rede pública estão matriculados no ensino integral em todo o País – o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece 25% dos alunos da educação básica como meta para 2024. O levantamento aponta, ainda, que metade das escolas públicas brasileiras não possui nenhum estudante em modalidade integral.

No terceiro bate-papo, os convidados falaram sobre como a alfabetização, tanto na idade certa quanto para alunos mais velhos que tiveram uma lacuna de aprendizagem, deve ser uma prioridade para evitar o “efeito cascata” que aparece com o crescimento dos níveis de analfabetismo.

E, no penúltimo evento da série, o assunto foi o ensino médio e o que pode ser feito para melhorar a última etapa da educação básica. Para os especialistas, uma política nacional de reestruturação deve ser pensada além das mudanças curriculares, considerando, por exemplo, a melhoria da infraestrutura física e pedagógica das unidades escolares e uma política de permanência de estudantes.

Programação

  • 15/5 – Educação no Brasil hoje e recomposição da aprendizagem (veja como foi);
  • 16/5 – Ensino integral e professores (veja como foi);
  • 18/5 – 10h: Educação infantil e alfabetização (veja como foi);
  • 23/5 – 10h: Ensino médio; (veja como foi);
  • 25/5 – 10h: Ensino fundamental 2 e tecnologia (veja como foi);
  • 29/5 – das 10h às 12h: Fórum Reconstrução da Educação.

Veja como fazer a inscrição aqui.

Reconstrução da Educação é uma realização do Estadão, em parceria com a Fundação Itaú, Fundação Lemann, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Vivo Telefônica, Instituto Natura e Instituto Península. E tem o apoio do Consed, da Undime e do Todos Pela Educação.

Nos anos finais do ensino fundamental, que compreende a faixa etária dos 11 aos 14 anos, se manifesta o início de preocupações que se tornam verdadeiros desafios no ensino médio. Para superar defasagens de aprendizagem e aumentar a conexão da escola com as novas gerações, as plataformas tecnológicas despontam como uma saída, mas é preciso cautela para que não sejam apenas uma réplica do papel do professor.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira, 25. Com mediação de Renata Cafardo, repórter especial e colunista do Estadão, participaram da conversa Cristieni Castilhos, CEO da MegaEdu e especialista em projetos de educação na sociedade civil; Daniel Santos, pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP; e Roni Miranda Vieira, secretário da Educação do Estado do Paraná.

“A gente vê que tem alguma coisa pra ser melhor olhada”, inicia Daniel Santos. Para ele, a importância do debate é amplificada pela escassez de pesquisas sobre essa etapa da educação básica, que se reflete, por exemplo, na falta de pedagogias específicas para seus estudantes.

“Os dados mostram que é onde a gente deixa de atingir metas de aprendizagem e a gente percebe que os jovens começam a se desengajar, as dificuldades com a saúde mental começam a piorar e os professores muitas vezes pedem para não dar aulas para o 6º e 7º ano”, resume o pesquisador.

Segundo Roni Miranda Vieira, uma solução em implementação no Paraná é o uso de sete plataformas tecnológicas educacionais para apoiar o trabalho dos professores. “Temos de redação, de leitura, de matemática, que é um grande desafio em todas as redes. O professor usa em sala, em algumas aulas por semana, e com isso consegue dar uma atenção maior para aquele estudante que está com maior dificuldade”, explica.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede.

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede. A implementação das ferramentas educacionais foi impulsionada pela pandemia e transformou a cultura digital dos professores: “Editar um vídeo ou fazer uma reunião on-line em 2019 seria impossível. A pandemia desenvolveu uma capacidade dos professores de usar a tecnologia que eu considero correspondente a uma década”, define Roni.

De acordo com Cristieni Castilhos, se antes da pandemia aproximadamente metade dos professores se interessavam pelo uso da tecnologia em sala de aula, hoje esse interesse é de 97% dos profissionais de educação. “Tem uma geração nova de crianças chegando, que têm um olhar mais digital, e é natural que elas precisem de uma escola mais conectada com a geração delas”, analisa.

Entre os desafios para que as plataformas tecnológicas educacionais façam parte do ensino público brasileiro, estão a exclusão digital. “Quando a gente olha para as escolas públicas, mais da metade tem de um a três computadores e mais de 20 mil escolas não têm nenhum tipo de acesso à internet. São quase 4 milhões de estudantes fora desse mundo”, afirma a CEO da MegaEdu.

“Muitos Estados estão investindo pesado em relação a equipamentos, mas o maior desafio de todos é a conexão de internet de qualidade nos lugares mais afastados dos centros urbanos”, complementa o secretário de Educação do Paraná.

Como usar a tecnologia em sala de aula?

Conforme Cristieni Castilhos, três pilares compõem o uso adequado da tecnologia nas escolas: o acesso à internet, o desenvolvimento de softwares pedagógicos e a formação de professores para o uso adequado dessas plataformas.

“A gente não quer parar na tecnologia como uma ferramenta de eficiência, mas ter softwares educacionais que ajudem a ter um ensino mais personalizado, mais adaptativo e, com isso, um salto maior no aprendizado”, resume.

Depois de uma aula, exemplifica, uma ferramenta pode ser usada para realizar alguns exercícios. “Em vez de o professor perder horas para corrigir, o software vai entregar toda a análise e ver que a defasagem no aprendizado de raiz quadrada, por exemplo, está na dificuldade com a aula sobre fração, que ele pode decidir então dar novamente”, pontua.

Daniel Santos ressalta que, sem o apoio pedagógico dos professores, os materiais tecnológicos não representam um estímulo para a aprendizagem das crianças e adolescentes: “Se o professor souber, usar, ok, mas a gente tem o risco de desenvolver softwares que aparentam substituir o professor; tudo que ele tem que fazer é apertar o play”, reflete.

Além de formar professores para atuarem em conjunto com a tecnologia, a necessidade de investir em educação midiática ganha importância nesse cenário. Trata-se, segundo o pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP, de ações como “ensinar o jovem a usar o mundo digital para resolver seus problemas, discutir fake news e colocar a tecnologia a seu serviço”.

No Paraná, em que a temática integra o itinerário formativo de Mídias Digitais, também têm sido implementados no currículo conhecimentos nas áreas de programação e robótica. “Isso tem sido bem recebido pelos estudantes e possibilita que eles se apropriem e se sintam transformadores daquele meio”, pontua Roni.

No primeiro meet point da série Reconstrução da Educação, gestores públicos e pesquisadores da área destacaram que a recomposição da educação no Brasil passa pelo fortalecimento de uma cultura democrática nas escolas, pelo combate às desigualdades desde a alfabetização e pelo investimento em professores.

Já no segundo encontro, os especialistas discutiram a ampliação das vagas de tempo integral nas escolas brasileiras. Segundo o Censo Escolar de 2022, somente 14,4% dos alunos da rede pública estão matriculados no ensino integral em todo o País – o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece 25% dos alunos da educação básica como meta para 2024. O levantamento aponta, ainda, que metade das escolas públicas brasileiras não possui nenhum estudante em modalidade integral.

No terceiro bate-papo, os convidados falaram sobre como a alfabetização, tanto na idade certa quanto para alunos mais velhos que tiveram uma lacuna de aprendizagem, deve ser uma prioridade para evitar o “efeito cascata” que aparece com o crescimento dos níveis de analfabetismo.

E, no penúltimo evento da série, o assunto foi o ensino médio e o que pode ser feito para melhorar a última etapa da educação básica. Para os especialistas, uma política nacional de reestruturação deve ser pensada além das mudanças curriculares, considerando, por exemplo, a melhoria da infraestrutura física e pedagógica das unidades escolares e uma política de permanência de estudantes.

Programação

  • 15/5 – Educação no Brasil hoje e recomposição da aprendizagem (veja como foi);
  • 16/5 – Ensino integral e professores (veja como foi);
  • 18/5 – 10h: Educação infantil e alfabetização (veja como foi);
  • 23/5 – 10h: Ensino médio; (veja como foi);
  • 25/5 – 10h: Ensino fundamental 2 e tecnologia (veja como foi);
  • 29/5 – das 10h às 12h: Fórum Reconstrução da Educação.

Veja como fazer a inscrição aqui.

Reconstrução da Educação é uma realização do Estadão, em parceria com a Fundação Itaú, Fundação Lemann, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Vivo Telefônica, Instituto Natura e Instituto Península. E tem o apoio do Consed, da Undime e do Todos Pela Educação.

Nos anos finais do ensino fundamental, que compreende a faixa etária dos 11 aos 14 anos, se manifesta o início de preocupações que se tornam verdadeiros desafios no ensino médio. Para superar defasagens de aprendizagem e aumentar a conexão da escola com as novas gerações, as plataformas tecnológicas despontam como uma saída, mas é preciso cautela para que não sejam apenas uma réplica do papel do professor.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira, 25. Com mediação de Renata Cafardo, repórter especial e colunista do Estadão, participaram da conversa Cristieni Castilhos, CEO da MegaEdu e especialista em projetos de educação na sociedade civil; Daniel Santos, pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP; e Roni Miranda Vieira, secretário da Educação do Estado do Paraná.

“A gente vê que tem alguma coisa pra ser melhor olhada”, inicia Daniel Santos. Para ele, a importância do debate é amplificada pela escassez de pesquisas sobre essa etapa da educação básica, que se reflete, por exemplo, na falta de pedagogias específicas para seus estudantes.

“Os dados mostram que é onde a gente deixa de atingir metas de aprendizagem e a gente percebe que os jovens começam a se desengajar, as dificuldades com a saúde mental começam a piorar e os professores muitas vezes pedem para não dar aulas para o 6º e 7º ano”, resume o pesquisador.

Segundo Roni Miranda Vieira, uma solução em implementação no Paraná é o uso de sete plataformas tecnológicas educacionais para apoiar o trabalho dos professores. “Temos de redação, de leitura, de matemática, que é um grande desafio em todas as redes. O professor usa em sala, em algumas aulas por semana, e com isso consegue dar uma atenção maior para aquele estudante que está com maior dificuldade”, explica.

A melhoria do ensino fundamental 2 foi o tema discutido no último painel da série de eventos Reconstrução da Educação, promovida pelo Estadão nesta quinta-feira Foto: FELIPE RAU / ESTADÃO

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede.

O Estado do Paraná tem cerca de 560 mil alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental — etapa que vai do 6º ao 9º ano — e é responsável por 98% dessa rede. A implementação das ferramentas educacionais foi impulsionada pela pandemia e transformou a cultura digital dos professores: “Editar um vídeo ou fazer uma reunião on-line em 2019 seria impossível. A pandemia desenvolveu uma capacidade dos professores de usar a tecnologia que eu considero correspondente a uma década”, define Roni.

De acordo com Cristieni Castilhos, se antes da pandemia aproximadamente metade dos professores se interessavam pelo uso da tecnologia em sala de aula, hoje esse interesse é de 97% dos profissionais de educação. “Tem uma geração nova de crianças chegando, que têm um olhar mais digital, e é natural que elas precisem de uma escola mais conectada com a geração delas”, analisa.

Entre os desafios para que as plataformas tecnológicas educacionais façam parte do ensino público brasileiro, estão a exclusão digital. “Quando a gente olha para as escolas públicas, mais da metade tem de um a três computadores e mais de 20 mil escolas não têm nenhum tipo de acesso à internet. São quase 4 milhões de estudantes fora desse mundo”, afirma a CEO da MegaEdu.

“Muitos Estados estão investindo pesado em relação a equipamentos, mas o maior desafio de todos é a conexão de internet de qualidade nos lugares mais afastados dos centros urbanos”, complementa o secretário de Educação do Paraná.

Como usar a tecnologia em sala de aula?

Conforme Cristieni Castilhos, três pilares compõem o uso adequado da tecnologia nas escolas: o acesso à internet, o desenvolvimento de softwares pedagógicos e a formação de professores para o uso adequado dessas plataformas.

“A gente não quer parar na tecnologia como uma ferramenta de eficiência, mas ter softwares educacionais que ajudem a ter um ensino mais personalizado, mais adaptativo e, com isso, um salto maior no aprendizado”, resume.

Depois de uma aula, exemplifica, uma ferramenta pode ser usada para realizar alguns exercícios. “Em vez de o professor perder horas para corrigir, o software vai entregar toda a análise e ver que a defasagem no aprendizado de raiz quadrada, por exemplo, está na dificuldade com a aula sobre fração, que ele pode decidir então dar novamente”, pontua.

Daniel Santos ressalta que, sem o apoio pedagógico dos professores, os materiais tecnológicos não representam um estímulo para a aprendizagem das crianças e adolescentes: “Se o professor souber, usar, ok, mas a gente tem o risco de desenvolver softwares que aparentam substituir o professor; tudo que ele tem que fazer é apertar o play”, reflete.

Além de formar professores para atuarem em conjunto com a tecnologia, a necessidade de investir em educação midiática ganha importância nesse cenário. Trata-se, segundo o pesquisador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da USP, de ações como “ensinar o jovem a usar o mundo digital para resolver seus problemas, discutir fake news e colocar a tecnologia a seu serviço”.

No Paraná, em que a temática integra o itinerário formativo de Mídias Digitais, também têm sido implementados no currículo conhecimentos nas áreas de programação e robótica. “Isso tem sido bem recebido pelos estudantes e possibilita que eles se apropriem e se sintam transformadores daquele meio”, pontua Roni.

No primeiro meet point da série Reconstrução da Educação, gestores públicos e pesquisadores da área destacaram que a recomposição da educação no Brasil passa pelo fortalecimento de uma cultura democrática nas escolas, pelo combate às desigualdades desde a alfabetização e pelo investimento em professores.

Já no segundo encontro, os especialistas discutiram a ampliação das vagas de tempo integral nas escolas brasileiras. Segundo o Censo Escolar de 2022, somente 14,4% dos alunos da rede pública estão matriculados no ensino integral em todo o País – o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece 25% dos alunos da educação básica como meta para 2024. O levantamento aponta, ainda, que metade das escolas públicas brasileiras não possui nenhum estudante em modalidade integral.

No terceiro bate-papo, os convidados falaram sobre como a alfabetização, tanto na idade certa quanto para alunos mais velhos que tiveram uma lacuna de aprendizagem, deve ser uma prioridade para evitar o “efeito cascata” que aparece com o crescimento dos níveis de analfabetismo.

E, no penúltimo evento da série, o assunto foi o ensino médio e o que pode ser feito para melhorar a última etapa da educação básica. Para os especialistas, uma política nacional de reestruturação deve ser pensada além das mudanças curriculares, considerando, por exemplo, a melhoria da infraestrutura física e pedagógica das unidades escolares e uma política de permanência de estudantes.

Programação

  • 15/5 – Educação no Brasil hoje e recomposição da aprendizagem (veja como foi);
  • 16/5 – Ensino integral e professores (veja como foi);
  • 18/5 – 10h: Educação infantil e alfabetização (veja como foi);
  • 23/5 – 10h: Ensino médio; (veja como foi);
  • 25/5 – 10h: Ensino fundamental 2 e tecnologia (veja como foi);
  • 29/5 – das 10h às 12h: Fórum Reconstrução da Educação.

Veja como fazer a inscrição aqui.

Reconstrução da Educação é uma realização do Estadão, em parceria com a Fundação Itaú, Fundação Lemann, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Fundação Vivo Telefônica, Instituto Natura e Instituto Península. E tem o apoio do Consed, da Undime e do Todos Pela Educação.

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