Educação Infantil

Quero lecionar na Educação Infantil. O que devo fazer?

MEC

Neste mês de outubro, a coluna aproveita a efeméride do Dia do Professor para intensificar a tematização sobre essa carreira tão fundamental para o desenvolvimento do País. Começamos, já na semana passada, com o tema dos salários dos professores. Se é relevante olharmos para a remuneração dos docentes, igual importância devemos dar para a análise do trabalho desses profissionais em cada etapa de ensino.

Inúmeras pesquisas mostram que uma Educação Infantil de qualidade tem forte correlação com a trajetória do estudante por toda a Educação Básica, com índices de empregabilidade, com prevenção a doenças, com índices de criminalidade, com remuneração, entre outros aspectos. Veja exemplos aqui.

Em contrapartida, o trabalho docente na Educação Infantil não tem recebido a atenção que deveria. Apesar de todos os avanços nos marcos legais conquistados nas últimas décadas, nossa legislação ainda admite que um docente nessa etapa não tenha formação superior, mas apenas a formação de nível médio, na modalidade normal. A despeito disso, o número de docentes da Educação Infantil graduados em nível superior vem crescendo. Em 2007, 94,4% dos professores da Pré-Escola tinham a formação em nível superior, licenciatura ou bacharelado com complementação pedagógica; em 2016, o índice chegou a 98,6%. Movimento semelhante ocorre na Creche, que saiu de 95%, em 2007, para 98,8%, em 2016, de professores com formação superior ou equivalente.

Mas a titulação não basta. O curso de Pedagogia, considerado o ideal para a formação de professores que atuarão nessa etapa, é generalista. Forma tanto professores para a Educação Infantil como para os primeiros anos do Fundamental e para a gestão educacional. Acaba servindo mais à geração de pesquisadores acadêmicos do que à formação profissional. Como resultado, o docente em início de carreira chega à escola despreparado para encarar uma turma de crianças numa das fases mais importantes de sua formação básica. Sem opção, agarra-se à própria experiência discente e perpetua estigmas já superados pelas didáticas mais atualizadas.

O trabalho na Educação Infantil é repleto de peculiaridades. Crianças pequenas têm necessidades específicas ligadas ao desenvolvimento e demandam atenção e cuidados que as maiores já não necessitam mais. Além disso, o trabalho é essencialmente interdisicplinar e tem a brincadeira como eixo central de todas as atividades. O planejamento pedagógico, nesse contexto, passa a ser tarefa bastante sofisticada, que exige trabalho coordenado entre a equipe docente e a gestão escolar.

O trabalho na Educação Infantil pode se dar também por meio das chamadas atividades específicas, como a educação física, as artes ou a língua estrangeira.

O professor de educação física Eliton Clayton Rufino Seará, de Itajaí (SC), uma exceção masculina no mundo predominantemente feminino da Educação Infantil, reforça que essa é “a etapa mais interdisciplinar da Educação Básica. Depois, a regra infelizmente é fragmentar o currículo em disciplinas”. A EI, portanto, é um período que requer dos docentes um olhar integral. Para Eliton, o que o estimula é que o ensino nessa etapa é mais aberto às diferentes linguagens. “Posso explorar a linguagem musical e artística, o que é bastante prazeroso, já que os caminhos são amplos para o saber, permitindo iniciar novas ideias a cada dia”, afirma o professor. Eliton é doutorando em Ciências Humanas e afirma que ainda há preconceito contra homens nessa etapa. “Preconceito que combato procurando fazer um trabalho sério e de qualidade”, afirma. Ele mantém no Facebook a página Infância em movimento, na qual compartilha materiais para auxiliar outros colegas a pensar uma educação física voltada para a Educação Infantil.

No Brasil, a Educação Infantil divide-se em duas etapas: a Creche, para crianças de 0 a 3 anos, e a Pré-Escola, para crianças de 4 e 5 anos. A Pré-Escola passou a ser obrigatória em 2016, com a Emenda Constitucional 59, de 2009, que determinou a matrícula na Educação Básica para toda a população dos 4 aos 17 anos. Na Creche, apesar de a matrícula não ser compulsória, é dever do poder público atender à demanda por vagas.

Os estabelecimentos de Educação Infantil devem ter espaço físico adequado à faixa etária das crianças, de modo a não as colocarem em risco, assegurando um ambiente com conforto, segurança e higiene, além de equipamentos que permitam à equipe docente promover o brincar e as atividades lúdicas previstas na proposta pedagógica.

 Saiba mais

- Acesse ao material do Ministério da Educação com as principais dúvidas sobre a Educação Infantil

- Conheça o material da Fundação Maria Cecilia Souto e Vidigal, organização referência na Primeira Infância

- Explore os dados sobre professores da Educação Infantil no Observatório do PNE

 

 

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