Por Tatiana Moura, A Gazeta


Um estudo divulgado nesta quarta-feira (5), pelo Movimento Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revelou que quatro em cada 10 jovens, de 19 anos, não concluíram o ensino médio, em 2015, no Espírito Santo.

Quando se fala em Brasil, os números são ainda mais assustadores, já que o levantamento mostra que 2,5 milhões de brasileiros de 4 a 17 estão fora da escola.

Para o gerente de conteúdo do Movimento Todos Pela Educação, Ricardo Falzetta, uma série de motivos fazem com que os jovens abandonem os bancos escolares. Ele aponta, por exemplo, que se o jovem pertence a uma classe econômica menos favorecida, e está em uma escola que não faz sentido para ele, há uma forte tendência de evasão, tendo em vista que ele buscará um trabalho para ajudar a complementar a renda familiar.

“Temos também o caso das adolescentes com gravidez precoce, que é uma situação cercada de falta de informação, pois elas têm todo o apoio para continuarem estudando, temos leis que garantem isso. E tem os casos daqueles que saem da escola, mas não querem ir para o mundo do trabalho, o que a gente chama de ‘geração nem-nem’”, disse.

Falzetta falou que os dados da pesquisa mostram que o Brasil tem graves problemas a serem resolvidos no que diz respeito à educação. Ele salienta que reverter a situação está não só nas mãos das autoridades como de toda a sociedade.

“O governo tem grande responsabilidade, mas a sociedade precisa fazer uma pressão no que diz respeito ao assunto, para cobrarmos providências às autoridades”, ressaltou.

Políticas
Na visão da doutora em educação Cleonara Maria Schwartz, o abandono escolar não pode ser visto pelos responsáveis pelas políticas públicas como um problema pontual, pois é um entrave que se constitui ao longo do processo de escolarização.

Ela argumenta que com essas estatísticas, tornam-se urgentes políticas que melhorem as oportunidades de aprendizagens no ensino fundamental e médio, e garantam o fluxo escolar na idade regular.

“Isso não significa adotar práticas baseadas em menor exigência para promover o estudante, mas implementar mecanismos de acompanhamento e monitoramento desse jovem ao longo da educação básica, e efetuar investimentos nas escolas para um suporte pedagógico contínuo aos estudantes”, destacou.

Outra medida apontada por Cleonara é a criação de um projeto que invista na formação continuada dos profissionais da educação, para que esses possam criar formas de ensinar que atendam as individualidades dos jovens. “Se nada for feito para resolver esse grande problema, teremos impactos negativos no desenvolvimento do Estado em todas as áreas”, alertou.

A secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães, afirma que tendo consciência desse diagnóstico, o MEC pensou a reforma do ensino médio. “Para torná-lo interessante. Também fazemos a oferta de curso técnico no contraturno para aluno do ensino médio. São duas medidas fundamentais para combater a evasão”, afirmou.

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