Economia

Quase 43% dos jovens 'nem-nem' estão no grupo dos 20% mais pobres da população

Quanto mais cedo o jovem abandona o estudo, pior o salário e a ocupação, diz IBGE
Principal motivo de jovens deixarem a escola é para trabalhar, mas, ao mesmo tempo, à medida em que largam os estudos, têm menos chances de posições melhores Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Principal motivo de jovens deixarem a escola é para trabalhar, mas, ao mesmo tempo, à medida em que largam os estudos, têm menos chances de posições melhores Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

RIO — Quase 43% dos jovens entre 15 e 24 anos que não estudavam nem trabalhavam em 2019 estavam entre os 20% mais pobres da população. Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada hoje pelo IBGE, que traça um perfil dos jovens chamados “nem-nem”.

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O estudo traça uma relação de que quanto mais cedo o jovem abandona o estudo, mais as chances de ficar sem ocupação, o que vai afetar lá na frente sua colocação no mercado de trabalho, uma vez que quem tem ensino superior consegue melhores vagas e salários.

Um dos dados que corrobora essa análise da pesquisa é que dos jovens que nunca frequentaram a escola, 82,3%, estavam sem ocupação. Um quarto desse percentual está no Nordeste.

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Dependendo da raça e do gênero, o cenário fica mais desfavorável. Do total de “nem-nem”, em 2019, 25,3% eram negros e 17% eram brancos. Entre as mulheres, 27,5% não estudavam nem trabalhavam, contra 16,6% dos homens.

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De uma forma geral, as taxas de frequência escolar aumentaram de 2016 para 2019, mas algumas faixas etárias ainda estão abaixo da meta Plano Nacional de Educação (PNE), o que mostra a descontinuidade do ensino.

A melhora também não foi suficiente para pôr o Brasil em um ranking melhor na comparação internacional dos países da OCDE, organização da qual pretende fazer parte, sobre a proporção de jovens nem-nem. Na América Latina, fica atrás somente da Colômbia.

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São várias as razões que levam um jovem a sair da escola ou nunca ter estudado, mas, segundo a analista de gerência de indicadores sociais do IBGE, Luanda Botelho, a principal é ele começar a trabalhar para ajudar a melhorar a condição de vida dele e da família.

— É um círculo difícil de ser quebrado, pois, quanto maior a pobreza, maior a tendência de estar fora da escola. Desta forma, o jovem não consegue uma boa posição do mercado de trabalho, nem um bom salário.