Educação
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Por — Rio de Janeiro

O relatório na Câmara dos Deputados do projeto de lei para mudança do Novo Ensino Médio, de Mendonça Filho (União-PE), deve ter alterações importantes na proposta apresentada pelo ministro da Educação, Camilo Santana. Ex-titular dessa pasta no governo Michel Temer, quando foi responsável pela mudança desta etapa do ensino, e que agora será novamente reformada, Mendonça acolheu uma sugestão do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) que prevê alterações na carga horária das disciplinas e o retorno do ensino à distância. O prazo para a entrega do relatório, que ainda está em negociação, vai até terça-feira.

A proposta dos secretários de Educação apoiada por Mendonça é para que a formação geral básica, parte obrigatória para todos os alunos do currículo, tenha 2,1 mil horas, com possibilidade da utilização de 300 dessas horas para ensino técnico. A proposta original do MEC era de 2,4 mil horas, com exceção do ensino técnico, que teria um piso de 2,1 mil horas.

A proposta inicial do Consed era de 1,8 mil horas na formação geral básica — similar ao que está na lei aprovada quando Mendonça era ministro e muito distante do projeto apresentado por Camilo ao Congresso. Nesta semana, o relator acertou com os secretários de passar para esse patamar de 2,1 mil horas, flexibilizando as 300 no técnico.

Mesmo se aproximando do que propõe o MEC, ainda não há acordo com o governo. Mesmo assim, é o que deve constar no relatório final de Mendonça.

O governo enviou em outubro ao Congresso o projeto de lei que muda a lei do Novo Ensino Médio, modelo aprovado em 2017 e implementado desde 2022. O texto é debatido pelos deputados em regime de urgência. Ainda não se sabe, no entanto, se será possível votar a matéria ainda neste ano.

A redução das horas para a formação básica, no entanto, é alvo de criticas de especialistas em educação. Diretor-executivo do Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, afirma que esse ponto foi um dos principais problemas apontados na consulta pública que baseou a proposta do MEC.

— Uma proposta melhor é criar dois pisos: um de 2,1 mil horas para formação geral básica e outro de 600 horas para a parte flexível do currículo. Com isso, eleva-se a carga da formação geral básica para todos, não se inviabiliza a integração da educação profissional e há margem para que cada rede opte como aplicar as 300 horas restantes (considerando carga de 3 mil horas). Com esses parâmetros, no limite, a formação geral básica pode ser de 2,4 mil horas, que é que o projeto de lei do MEC propõe, só que de forma mais engessada — defendeu.

Entre outros aspectos defendidos pelos secretários de Educação aceitos por Mendonça, estão a manutenção das regras da atual lei que desobrigam os estados a fornecer espanhol obrigatoriamente e a liberação de aulas à distância. Essas duas propostas também contrariam o projeto do governo.

De acordo com o Consed, a oferta de aulas à distância é necessária — tanto na formação geral básica, quanto nos itinerários formativos — para a implementação da reforma no turno noturno e em áreas com “vazios demográficos, educação indígena, educação do campo, educação quilombola e populações itinerantes, entre outros”.

O documento do Consed enviado ao relator argumenta que “a eventual falta de professores e situações em que é preciso compatibilizar os horários do ensino médio e dos anos finais do ensino fundamental, em razão de logística de transporte escolar, infraestrutura das escolas e jornada dos professores, são fatores adicionais em favor da manutenção da oferta do ensino mediado por tecnologia”.

Enem em discussão

Um ponto ainda sem consenso é a entrada da reforma do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) no texto. O MEC defende que essa discussão seja feita durante a criação do novo Plano Nacional da Educação, que chega ao fim em 2024 e precisa ser renovado para os próximos dez anos.

— O Enem precisa ser o indutor para a consolidação do Novo Ensino Médio, mas ainda não definimos o formato. Estamos discutindo — disse Mendonça Filho.

O conselho de secretários propôs ao relator da matéria que a prova tenha um dia cobrindo as disciplinas da formação geral básica e outro, os itinerários formativos. Uma proposta semelhante a essa já havido sido anunciada como resultado de um grupo de trabalho formado em 2022 no MEC.

A novidade da proposta do conselho do Consed é a criação de uma matriz curricular de referência para os itinerários formativos, que “deverá ser elaborada a partir dos percursos de aprofundamento e integração de estudos ofertados pelos estados”, de acordo com o documento elaborado pela entidade.

De acordo com uma nota técnica divulgada ontem por mais de 30 acadêmicos da educação, em um grupo formado por defensores da revogação do Novo Ensino Médio, a forma com que os itinerários formativos está formulada na lei em vigor gerou uma fragmentação curricular inédita. Os pesquisadores afirmam que o estado de São Paulo, por exemplo, implementou 276 novas disciplinas e o Distrito Federal chegou a 601. Nesse sentido, foram criados em alguns estados aulas optativas de temas como RPG e Brigadeiro Caseiro.

“O currículo caótico, com tantos componentes diferentes, impede que as escolas se organizem, que as redes de ensino planejem a destinação dos recursos e administrem os sistemas de escrituração e registros escolares e que os(as) professores(as) planejem o seu trabalho pedagógico cotidiano e busquem formação continuada nas suas áreas de formação”, afirma o documento com integrantes de grupos como o Rede Escola Pública e Universidade (Repu), a Campanha Nacional pelo Direito à Educação e o Observatório do Ensino Médio, da UFPR.

Para Nogueira, a parte flexível do currículo deve se concentrar no aprofundamento das disciplinas.

— A parte flexível não pode ser entendida como sem relação com a formação geral básica. É aprofundamento do currículo obrigatório, que o MEC parece querer enfatizar ao propor rebatizar “itinerário formativo” por “percursos de aprofundamento”. Se não for isso, vira dispersão, o que tem se observado em várias propostas pedagógicas — afirmou o especialista, que apoia uma base comum dos percursos de aprofundamento. — Ela precisa estabelecer conhecimentos e habilidades aprofundados em Matemática, Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza, já previstas no atual modelo do ensino médio. Como esses conteúdos serão trabalhados em cada rede, caberá a cada uma delas definir.

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