Dezesseis projetos de educação que promovem a equidade de gênero e o combate ao racismo foram premiados nessa quarta (20), na 8ª edição do Prêmio Educar, realizado pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), com apoio da Fundação Roberto Marinho e do Canal Futura. Houve 700 inscrições, e foram premiadas oito professoras e oito instituições de ensino, todas da rede pública.
O evento aconteceu no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, e o objetivo, dessa edição, foi reconhecer iniciativas que valorizem práticas antirracista e de igualdade de gênero. Houve prêmios para projetos do Pará, Maranhão, Bahia, Minas, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Um dos projetos que já vem se multiplicando é o Akotirene Kilombo Ciência, do Rio Grande do Sul, que já é aplicado em três escolas: Comkola Kilombola Epê Laiyê (em Triunfo), Escola Municipal Liberato Salzano e na Escola Estadual Gonçalves Dias (em Porto Alegre). Coordenado pela professora Omo Ayo Otunjá "Cláudia Rocha David", o projeto é um método de ensino, inspirado na pedagogia do encantamento dos orixás, incentivando estudantes, principalmente, negras e negros na inserção das ciências exatas.
- 'Pacote da destruição': Congresso pode aprovar, ainda em 2022, medidas que aceleram o desmatamento
O estado de Minas Gerais foi o mais premiado do evento, com quatro vitórias, para os projetos ‘Promoção da Igualdade Racial’, da Escola Municipal Anne Frank; ‘Contos e Dengos por Uma Formação Identitária Positiva’, da Escola Municipal de Educação infantil Itamarati, o ‘Projeto Intercâmbio Raízes Angola Brasil’, das Escola Municipal Lídia Angélica (Brasil) e do Instituto Politécnico Edik Ramon (Angola), e ‘A literatura escrita por mulheres negras: uma experiência de leitura na alfabetização’, aplicado na Escola Municipal Florestan Fernandes. Todas as unidades são de Belo Horizonte.
— O CEERT, por meio do Prêmio Educar, gera oportunidades de valorização e reconhecimento dos educadores do Brasil, que driblaram as situações adversas e apresentaram propostas inovadoras na educação — afirmou o especialista Billy Malachias, pesquisador do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro (NEINB - USP) e coordenador da premiação. — Podemos observar que há experiências em todo país que, sem a dependência de verba pública, conseguem implementar a Cultura Afro na sala de aula de forma natural e bem aceita. Esses educadores conseguiram elevar seus projetos ao cenário nacional por meio de metodologias inovadoras e aplicáveis. Os profissionais e gestores da educação básica de todo o país criaram estratégias para oferecer uma educação de qualidade mesmo em condições tão difíceis.