Por Sílvia Vieira, G1 Santarém


Professores de Santarém e outras cidades do oeste do Pará na formação do módulo História do Projeto Mundiar — Foto: Sílvia Vieira/G1

Trazer de volta para a sala de aula alunos que em determinado momento da vida escolar abandonaram os estudos não é tarefa fácil. Mantê-los motivados para que não voltem a trancar a matrícula tem sido o grande desafio dos professores que atuam no projeto Mundiar. A aposta para motivar os alunos têm sido aulas mais interativas, em que todos tenham funções e possam desenvolver novas habilidades.

Para repassar aos professores e supervisores do projeto, técnicas e estratégias que motivem os alunos, a Fundação Roberto Marinho em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) promove em Santarém, oeste do Pará, desde segunda-feira (2) mais um módulo de formação, desta vez com atividades voltadas para o ensino de História. A formação ocorre na Escola Onésima Pereira de Barros até sexta-feira (6).

Segundo Bernadeth Rufino, monitora da Fundação Roberto Marinho que está em Santarém para a formação, os professores e supervisores são preparados a cada módulo para a metodologia telessala, de modo a desenvolver com o aluno a ludicidade, a participação em equipes, habilidades e competências.

As disciplinas são trabalhadas no formato de telecurso, com vídeos e os professores atuam no processo de construção do conhecimento na telessala. Os temas são problematizados, para que os alunos possam dizer o que já sabem sobre o assunto. “Nesse terceiro módulo além de História, nós trabalhamos também a questão da cor da cultura, que vem em consonância com a população desse lugar – indígenas e quilombolas -, no despertar da consciência, para que os nossos alunos não sejam seres intolerantes no futuro. Então, nós trabalhamos também a cultura da fraternidade, da solidariedade, dos valores”, disse Bernadeth Rufino.

Realidade em Santarém

Em funcionamento no Pará desde 2014, atualmente o Mundiar tem turmas em 13 escolas da rede estadual em Santarém, sendo: Ezeriel Mônico de Matos, Frei Ambrósio, Romana Leal, Frei Othmar, Maestro Wilson Fonseca, Terezinha Rodrigues, Belo de Carvalho, Fernando Guilhon, José de Alencar, Álvaro Adolfo e Aluísio Martins, com turmas de ensino médio. E Barão do Tapajós, Ezeriel Mônico de Matos, Frei Ambrósio, José de Alencar, Maria Uchôa e Romana Leal, com turmas de ensino fundamental.

Segundo Ruth Sanches, coordenadora local do projeto Mundiar, todas as escolas trabalham com a perspectiva de minimizar a distorção idade-ano, diante da realidade de muitos alunos que desistiram da sala de aula por muitos anos, outros que precisaram parar por motivo de doença ou necessidade de trabalho. A proposta é promover um ensino com uma metodologia diferente das turmas regulares, justamente para estimular o interesse dos alunos.

Pedagogos que atuam na supervisão do projeto Mundiar em Santarém também participam da formação — Foto: Sílvia Vieira/G1

Menos evasão

Para a professora Aline Mendes, que tem uma turma do Mundiar na Escola Ezeriel Mônico de Matos, em comparação com turmas do médio regular, a evasão no ensino médio do projeto é menor, o que ela credita à metodologia inovadora de aulas mais criativas e interativas, em que os alunos são estimulados a troca de ideias, de informações.

“As formações são muito importantes para nós educadores para que o projeto seja trabalhado de forma correta, para que ele não se torne maçante para os alunos, porque uma aula cansativa e chata leva à evasão escolar. Se for comparar a evasão que eu tinha na turma do médio regular, com a da turma do médio Mundiar, essa evasão caiu significativamente e os alunos têm sido muito receptivos ao projeto, eles têm uma integração muito grande entre eles e com o docente, porque nós estamos juntos todos os dias. A gente consegue perceber as mudanças nos alunos, coisa que o regular não nos permite”, relatou Aline.

Professora Luciene Silva, de Oriximiná, é só felicidade com os trabalhos confeccionados pelos alunos do Mundiar — Foto: Sílvia Vieira/G1

Do município de Oriximiná, a professora Luciene Silva participa da formação que segundo ela, tem sido muito produtiva. “Nós professores temos uma assessoria especializada para sabermos como problematizar o conteúdo de cada módulo das tele aulas para que nós possamos orientar o aluno e ele tenho êxito nas avaliações”, frisou.

Quanto ao interesse dos alunos acerca dos conteúdos trabalhados, Luciene avalia que depende muito da metodologia de ensino empregada nas telessalas pelos professores. “A gente não chega na sala de aula diretamente no blábláblá, na exposição. Não existe aquela aula como é no ensino regular. No Mundiar o aluno é motivado a interagir constantemente, por que nós trabalhamos muito o lúdico e integração da turma”, pontuou.

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