Escola cria projeto "solte o cabelo, prenda o preconceito" para empoderar crianças
Uma escola municipal de Porto Alegre criou um projeto chamado "Solte o cabelo, prenda o seu preconceito", que tem como objetivo estimular as crianças a se empoderarem, além de combater o bullying no ambiente escolar.
Para a pequena Natalie Rosa, de 9 anos, estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint Hilaire, localizada no bairro Lomba do Pinheiro, o projeto possibilita que todos sintam orgulho de si mesmos.
"Eu estou participando desse projeto porque eu não gosto de ver os outros sofrendo, porque todo mundo tem os mesmos direitos e aí a gente quer melhorar um pouquinho o mundo."
A professora Larisse de Moraes, que foi a idealizadora do projeto, conta que tudo surgiu como uma demanda de sala de aula. Segundo ela, a turma tinha problemas de relacionamento e de postura, o que fez com que a escola buscasse uma alternativa diferente.
"Ao final desse projeto nós fizemos uma avaliação e os relatos diziam o que esse projeto significou para eles e na vida deles, e eu tive essa surpresa", lembra a educadora.
Meninas da escola vestem camisetas do projeto — Foto: Reprodução/RBS TV
Uma das vítimas de bullying na escola era a Kherollen Shwnna Barbosa, de 10 anos, que relata que sofria com isso tanto dentro quanto fora da escola.
"Um dia eu contei pra sora e ela quis começar esse projeto, porque ela também sofreu bullying. Então a gente começou esse projeto e está fazendo a diferença na escola e na rua também", afirma.
A partir da iniciativa da escola, as crianças também foram estimuladas a não se importarem com a cor da pele ou o tipo de cabelo. Como destaca a estudante Jamilly Maciel, de 10 anos.
"Pra mim o meu cabelo não importa, pode ser crespo, black, tudo. Não tem nenhuma diferença entre pessoas com o cabelo diferente e cor, tanto faz, pra mim todo mundo é amigo."
O diretor da escola, Ângelo Barbosa, ressalta que na Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint Hilaire existe uma tradição de professores que incentivam os alunos a assumirem o protagonismo.
"Isso traz para nós muita alegria, de ver que os nossos alunos estão querendo se colocar no mundo, e eles conseguem frente a uma atitude de bullying, empoderados que estão, levar aquilo com tranquilidade de quem sabe que preconceito é besteira", comemora.
A mãe de uma das alunas da escola que faz parte do projeto também vibra com a iniciativa. Segundo ela, a filha e diversas amigas passaram a se orgulhar das origens, do cabelo crespo e da cor da pele.
"Antes ela não queria soltar os cabelos, por causa do black dela. Mas com o projeto ela solta os cabelos e tem vontade se arrumar, de mostrar o cabelo, mostrar a cor, se orgulha disso como eu, o pai dela, os irmãos", salienta.
Para a supervisora da escola, Amanda Dornelles, o projeto é motivo de orgulho para toda a comunidade da escola Saint Hilaire. "Ele traz todas essas questões de criticidade, de empoderamento das crianças dentro de uma comunidade dentro da escola pública", finaliza.