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Por Paolla Serra — Rio de Janeiro

Em 2013, após sofrer maus-tratos do padrasto, Thayane Fonseca Marinho foi retirada de casa, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ao lado dos dois irmãos mais novos, a menina chegou a morar com parentes e passou por um abrigo, até ser cuidada em um novo lar pela chamada família acolhedora. Prestes a completar 18 anos e na expectativa de entrar no mercado de trabalho, ela acaba de ganhar bolsa para um curso técnico em Administração. A iniciativa faz parte do projeto Doe um Futuro, do Tribunal de Justiça do Rio.

— Mesmo com todas as dificuldades que passei pela vida e diante da falta de esperança, sempre gostei muito de estudar. Hoje eu enxergo a possibilidade de mudar o meu futuro e ainda retribuir todo o carinho que recebi ao longo dos últimos anos. Sonho em ser professora e, por meio da sala de aula, ter um papel social que mostre para outras crianças e adolescentes que, sim, é possível sonhar, e construir novos caminhos — conta a jovem, aprovada no vestibular de Pedagogia da Uerj.

O Doe um Futuro foi idealizado pelo juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, titular da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital do Rio, no início do ano. Com experiência de 18 anos na magistratura fluminense, 11 deles dedicados a cuidar de conflitos envolvendo menores, ele percebeu a necessidade de oferecer um direcionamento àqueles que completam a maioridade e, de acordo com o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), precisam deixar os serviços de acolhimento.

— Acompanhava a situação dramática dos jovens quando estão perto dos 18 anos. Eles sofrem uma angústia pela falta de autonomia que têm para cuidar de si, o que é totalmente normal e aceitável nessa faixa etária. Afinal, quem de nós tínhamos estrutura financeira e emocional para tocar a vida sozinhos? Então, resolvemos fazer a ligação entre eles e a sociedade civil para que conseguíssemos padrinhos que pudessem financiar a formação em atividades laborais rentáveis, com cursos profissionalizantes de alta empregabilidade, para conseguirem renda de maneira rápida — explica o juiz.

A iniciativa foi uma das vencedoras do 19º Prêmio Innovare, na categoria Destaque, com o tema “Educação e Cultura: o futuro do país”, entregue semana passada na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Ribeiro de Souza já havia sido premiado em 2015, na categoria Juiz, com o projeto Apadrinhar – Amar e Agir para Materializar Sonhos. A ideia, a partir de agora, é aumentar o leque de parceiros para que os 712 adolescentes acolhidos no estado sejam contemplados com as bolsas:

— Para começar, ouvimos os jovens a partir de 16 anos para que listassem as áreas que tinham interesse em se desenvolver. Então, procuramos cursos profissionalizantes próximos aos abrigos onde estão e começamos, de maneira informal, a divulgar em grupos de amigos, familiares e até de magistrados, procurando pessoas que pudessem arcar com esses valores. Os padrinhos não doam dinheiro, eles contratam diretamente as aulas, o que traz confiabilidade e transparência ao projeto.

‘Novos horizontes’

Aos 17 anos, a estudante Yris Vitória Ezequiel da Silva, que mora com a filha na Casa de Acolhida Semeando para o Amanhã, também em Campo Grande, foi uma das quase 200 beneficiadas pelo Doe um Futuro nesse primeiro momento. Ao engravidar, em 2020, ela foi expulsa de casa pelos pais e buscou abrigo. Após aprender a costurar assistindo a vídeos on-line, Yris ganhou uma máquina e, agora, frequenta aulas presenciais de corte, costura e modelagem às sextas-feiras, das 13h às 16h.

— Aprendi a fazer roupas para vestir minha filha, porque é tudo muito caro. Mas penso em virar costureira profissional e designer de moda. Quero chegar a trabalhar em Paris. Apesar de ter tido vários motivos para desistir, percebi que, se lutarmos, conseguimos tudo. Dentro do abrigo nos mostraram que realmente somos capazes de alcançar um futuro brilhante.

Para o juiz Ribeiro de Souza, os jovens beneficiados “começam a ver novos horizontes”:

— Até agora, o resultado é a alegria dos adolescentes que tinham vontade de estudar, mas achavam impossível porque viviam em uma situação de vulnerabilidade e precariedade.

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