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Por Jornal Nacional


Projeto ajuda alunos de escolas públicas a estudarem para o ENEM

Projeto ajuda alunos de escolas públicas a estudarem para o ENEM

Alunos de escolas públicas estão recebendo uma ajuda preciosa na preparação para a prova do Enem.

Se a pandemia aumentou as distâncias, a tecnologia construiu pontes. Em Santana, na região metropolitana de Macapá, Expedito chegou às portas do Enem estudando em casa. Ele vai fazer a prova pela quarta vez, na tentativa de entrar na faculdade de medicina. Longe dos grandes centros, sempre se sentiu em desvantagem na competição com vestibulandos do Brasil inteiro.

“Ao chegar no terceiro ano do ensino médio, quase 100% das escolas públicas não preparam o aluno de fato para um exame de tamanha relevância, como é o Enem”, afirma Expedito César da Costa Mendes, estudante.

Mas nesse ano em que quase tudo ficou online, Expedito descobriu uma oportunidade: a ajuda remota de professores que vêm das melhores universidades do país. Da casa dele, no Amapá, Expedito tira dúvidas com o Victor, que está a mais de 2.600 quilômetros de distância, na federal do Rio de Janeiro.

O Victor ajuda com as questões de biologia, quase sempre por mensagens no celular. “A gente trabalha a questão motivacional, tira dúvidas mais aprofundadas sobre a matéria. Tudo assim. Então, é um canal de comunicação, em que eu posso falar com pessoas do Brasil inteiro de forma mais horizontal”, explica Victor Lucas Cavalcante, monitor de biologia do Projeto Salvaguarda.

O projeto foi criado há quatro anos no interior de São Paulo para ajudar os alunos de escolas públicas que vão prestar vestibular. Também tinha uma parte presencial, que foi suspensa por causa da pandemia. Mas quando todo contato ficou online, os limites físicos foram derrubados, e o apoio chegou a estudantes de outros estados. Em 2020, 14 mil alunos foram atendidos por uma rede de 800 voluntários.

O criador do programa estudou em escola pública e hoje faz faculdade de Economia na USP. “O meu plano para 2021 é um pouco mais ousado: é que tenha voluntários de todas as universidades públicas do país. Eu estou nessa saga. Eu estou criando um banco de dados por universidade pública e estou quase terminando, fazendo uma grande integração entre esses dois agentes que muitas vezes são um pouco distantes: alunos de escolas públicas e universidades públicas”, conta Vinícius de Andrade, fundador do Projeto Salvaguarda.

Na tela, não parece que um oceano inteiro separa Alanna e Ana Carla. A tutora é brasileira, mas vive em Portugal. A aluna, na Bahia; e recebeu uma mãozinha para melhorar a redação.

“A redação é a prova no Enem, é uma matéria, que os alunos mais têm chance de conseguir um mil. Mas como é que eu vou conseguir um mil se eu não tenho aula na escola? Então foi algo, assim, super, de extrema importância”, diz Alanna Menezes, estudante.

A Ana Carla se formou em engenharia na Universidade Federal do Ceará. “A maior parte da minha vida escolar foi também em escola pública. O que me ajudou muito é também entender um pouco o contexto que os alunos que eu recebo enfrentam hoje", conta Ana Carla Chaves, monitora de redação do Projeto Salvaguarda.

E a própria trajetória dela é uma lição que muitos alunos têm interesse em aprender. "É que nem a redação do Enem. Tem um passo a passo que tem que ser seguido e é só a gente seguir”, diz Ana Carla Chaves.

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