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Programa do MEC dará bônus em avaliação para universidades que receberem estudantes da educação básica

Ministro diz que medida não funcionará como 'atalho' para instituições ruins, mas não define critério para participação
O ministro da Educação, Abraham Weintraub Foto: Jorge William
O ministro da Educação, Abraham Weintraub Foto: Jorge William

BRASÍLIA- O Ministério da Educação ( MEC ) anunciou nesta quarta-feira o programa " Educação em prática " que prevê que instituições de ensino superior recebam estudantes da educação básica para desempenhar atividades em seus campi. Como contrapartida, a medida prevê que as universidades que cederem seus espaços poderão receber bônus na avaliação do MEC via Sistema Nacional do Ensino Superior ( Sinaes ).

O ministro da educação, Abraham Weintraub , afirmou que a medida não será "um atalho" para inflar as notas das universidades e que somente as boas instituições poderão aderir ao programa. O MEC não informou, no entanto, qual critério será utilizado para considerar "boa" uma instituição de ensino superior.

O programa lançado pelo MEC pretende impulsionar a implementação da educação em tempo integral  e dos Itinerários Formativos, previstos pela Reforma do Ensino Médio, por meio da utilização dos espaços das instituições do ensino superior por alunos do 6° ao 9° ano e do ensino médio. A reforma prevê a disponibilização de pelo menos um itinerário formativo pelas redes de ensino nas áreas de Ciências Humanas, Linguagens, Ciências da Natureza, Matemática e Educação Profissional. Além do benefício na nota da avaliação, os estudantes de licenciatura e pedagogia das universidades poderão fazer estágio supervisionado nessas instituições.

As portarias foram assinadas pelo ministro e por representantes de instituições de ensino, incluindo Elizabeth Guedes, presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) e irmã do ministro da Economia, Paulo Guedes. Durantes as assinaturas, não foi chamado nenhum representante de instituições públicas.

De acordo com o secretário de educação básica, Jânio Macedo, as entidades ligadas ao setor privado representam quase a totalidade das 2.152 instituições de ensino privado que são alvo do programa. Segundo ele, as universidades públicas devem aderir em uma etapa posterior, mas o MEC não respondeu se entrou em contato com as associações que representam essas instituições.

- A faculdade ruim que achar que (o programa) pode ser atalho para melhora a nota (isso) não vai funcionar. Tem muita gente que ficou se auto- louvando por décadas como sabedores da educação e nunca apresentaram nada. Estamos apresentando uma série de programas de alto impacto. (O programa) Não serve de atalho para instituição ruim, ela não será beneficiada com isso - disse.

A pasta não detalhou se utilizará o Índice Geral de Cursos (IGC), O Conceito Preliminar de Cursos (CPC) ou o conceito Enade para aferir a qualidade das instituições. A maior parte das instituições de ensino concentra no meio dos critérios de avaliação do IGC, 1.363 instituições, ou 66%, atingiram a nota 3. O conceito varia de 1 a 5, a nota 3 é considerado critério mínimo de qualidade para funcionamento.

O bônus também será condicionado a auma avaliação pela qual os jovens inseridos nas universidades passarão. O secretário de educação básica afirmou que os parâmetros da avaliação dos estudantes também levará em consideração competências socioemocionais e serão definidos em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Já os parâmetros para considerar uma universidade "boa", segundo Macedo, serão definidos em conjunto com o Inep.

- Vamos construir no ano que vem uma matriz curricular a ser aplicada nas universidades, aderente à BNCC, e a partir daí elaborar uma metodologia de avaliação do aluno (que está desenvolvendo atividade na universidade).  A nota (bônus) só vai ser adicionada (ao Sinaes) se a universidade estiver acima de uma nota mínima de qualidade, se ela não estiver, não receberá a pontuação adicional.  Precisamos construir qual formato se dará a avaliação (das universidades), de que forma o Inep vai construir isso - afirmou Macedo.

Ensino Integral

O MEC também anunciou um orçamento de R$80 milhões para criação de 500 escolas de ensino médio em tempo integral. De acordo com o órgão, 40 mil alunos serão beneficiados com a iniciativa. A iniciativa pretende ampliar a rede de educação integral com carga horária superior a 7 horas diárias.

O órgão afirma que a criação dessas vagas corresponderá a uma expansão de quase 50% na oferta de ensino médio em tempo integral. A expectativa é que as escolas sejam criadas já no próximo ano.