Por g1


Professoras e estudantes em sala de aula de escola municipal em Porto Alegre — Foto: Gabriel Varani/SMED/PMPA

Os professores que se formam em cursos presenciais saem da universidade mais bem preparados do que aqueles que estudam em instituições à distância, afirmam 84% dos docentes entrevistados em uma pesquisa da ONG Todos Pela Educação, divulgada nesta terça-feira (28).

Em uma parceria com o Itaú Social, o Instituto Península e o movimento Profissão Docente, o estudo analisou as respostas de 6.775 entrevistados, entre julho e dezembro de 2022. Todos são funcionários de escolas públicas municipais e estaduais, do ensino fundamental I ao ensino médio.

A percepção deles acende um alerta, já que há um significativo avanço da educação à distância nos cursos de formação de professores. Segundo o Censo de Educação Superior, 61,1% dos concluintes dessas graduações vieram da EAD em 2020.

Número de cursos de pedagogia EAD mais do que triplicou em 10 anos — Foto: Arte/g1

Nesta reportagem, publicada em 2022, o g1 explica quais são os principais problemas dos cursos de formação de professor:

  • Há um crescimento desenfreado de cursos com aulas à distância, com a maioria dos alunos em EAD, em uma graduação que exigiria mais prática e contato presencial em sala.
  • As aulas são extremamente teóricas e não preparam os profissionais para a realidade das escolas.
  • Os mecanismos de avaliação de qualidade são falhos, somados à falta de regulação na abertura/fechamento de cursos.
  • Existe a preponderância de uma lógica mercantil, em que mensalidades baixas, promoções e ligações de televendas para angariar mais alunos sobrepõem-se à preocupação com a qualidade acadêmica.

Principais obstáculos da profissão

Segundo a pesquisa, os maiores desafios dos professores no dia a dia são:

  • desinteresse dos estudantes pelas aulas (31%);
  • defasagem na aprendizagem dos alunos (28%).

Por isso, segundo os docentes, as Secretarias de Educação precisam priorizar, nos próximos 10 anos, medidas como:

  • oferta de apoio psicológico a professores e estudantes (18%);
  • aumento no salário dos professores (17%);
  • promoção de programas de reforço e recuperação (16%) .

"O Ministério da Educação tem, nesse início de gestão, a oportunidade de iniciar um conjunto de políticas para apoiar e induzir avanços nos cursos de pedagogia e licenciaturas. Isso passa, por exemplo, por rever a forma como os cursos são avaliados e fortalecer programas de aproximação dos futuros professores com as escolas públicas", diz Gabriel Corrêa, Diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação.

"Cabe, ainda, às secretarias de Educação, investir em boas políticas de formação continuada, buscando o desenvolvimento profissional dos professores ao longo de toda a sua carreira. Os professores iniciantes, por exemplo, precisam de muito mais apoio do que têm recebido."

Veja mais destaques da pesquisa:

  • Desvalorização da carreira docente: Apenas 7% dos entrevistados concordaram que professores são tão valorizados quanto médicos, engenheiros e advogados.
  • Alegria em ver os alunos aprendendo: 91% dizem que o que traz mais satisfação é ver que os estudantes estão avançando. De 10 professores, 8 afirmam que escolheriam a profissão novamente, mesmo diante dos obstáculos.

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