Professores que transformam a comunidade escolar são premiados em SP - PORVIR
Crédito: Ana Luísa D'Maschio

Inovações em Educação

Professores que transformam a comunidade escolar são premiados em SP

Segunda edição do Prêmio Professor Transformador reúne diversidade nacional e iniciativas que fazem a diferença nos territórios das escolas

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 11 de maio de 2022

De terno azul e gravata borboleta vermelha, o professor Adilson Pontes da Silva caprichou no traje para participar da Bett Brasil 2022. Bastou ter o nome anunciado para subir ao palco do auditório 2, nesta quarta-feira (11), que o sorriso largo se transformou em um discurso emocionado, interrompido pelas lágrimas. Ao lado de outros 11 educadores, Adilson participou do anúncio dos vencedores da segunda edição do Prêmio Professor Transformador, promovido em parceria entre o Instituto Significare e a Bett Brasil. A iniciativa elegeu os melhores projetos em quatro categorias: educação infantil, ensino fundamental 1 e 2 e ensino médio.

Com o troféu de segundo lugar na categoria ensino médio pelo projeto de aproveitamento de verduras e legumes que criou ao lado de seus alunos no município da pequena Camutanga, uma das menores cidades de Pernambuco (com pouco mais de 8 mil habitantes), dividiu com a plateia o real significado da premiação. “Estava a ponto de desistir da profissão e esse prêmio me salvou. Estava no meio de um tratamento quando recebi a notícia que o projeto ficou entre os 350 finalistas de todo o Brasil. Isso levantou o meu moral, me deu ânimo e me fez enxergar que vale a pena ser professor, pois melhorei a vida dos alunos. E esse prêmio melhorou a minha vida”, disse.

Adilson bem representa o objetivo do Prêmio Professor Transformador: reconhecer práticas que fazem a diferença para a comunidade escolar e para o território nas quais estão inseridas. “Cuidado é a palavra-chave do prêmio, em todos os sentidos. O que vale, aqui, é o valor humano, a rede que se forma ao redor do projeto e a validação da iniciativa”, afirmou Wellington Cruz, presidente do Instituto Significare. 

Adriana Martinelli, diretora de conteúdo da Bett Brasil, destaca a diversidade geográfica das propostas inscritas e o aspecto estimulante do prêmio, no sentido de provocar o educador a acreditar em sua iniciativa. “As funções do prêmio são de fortalecimento e também de provocação, porque desafia o professor. Ele pensa: ‘será que eu vou conseguir fazer?’ Queremos que essa pergunta chegue a cada vez mais pessoas. Nossa proposta é que tenhamos mais professores inquietos, que saibam se desconstruir, pois é isso que queremos dos nossos alunos também.” 

Primeiro lugar da categoria ensino fundamental 1, Karina Letícia Júlio Pinto, da Escola Estadual José Ferreira Maia, localizada na cidade de Timóteo (MG), acredita que não existe pódio: todos os educadores participantes do Prêmio Professor Transformador são, de fato, vencedores. “Não há primeiro, segundo ou terceiro lugar. Esse prêmio representa todos os que creem que a educação transforma vidas. Minha comunidade vai ficar muito feliz”, afirma. “A maior conquista é ver a mudança e a transformação no local no qual trabalhamos, saber que estamos fazendo a diferença”, complementou a professora, cujo projeto foi o de estimular a participação política nos alunos, levando-os para Brasília para conhecer de perto os projetos de lei. 

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Conheça outros vencedores do Prêmio Professor Transformador

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O que dizem os demais vencedores

Na categoria educação infantil, a professora Andrea Lange, de Joaçaba (SC), não pôde participar da entrega dos prêmios por motivos pessoais, mas recebeu a notícia de seu primeiro lugar pela organização logo após o anúncio final. Ela gravou um recado em vídeo, ressaltando a maneira significativa com que seu projeto, voltado à inclusão de alunos surdos na comunidade escolar, aconteceu. “Da secretaria aos cozinheiros, alunos, professores e familiares compreenderam que a comunicação é possível”. 

Já Celiana Mota Rodrigues, de Brasília (DF), primeiro lugar na categoria ensino fundamental 2, dedicou o prêmio às educadoras inspiradoras que encontrou na vida e aos estudantes que construíram o Projeto Desiderata, voltado ao protagonismo juvenil. “As professoras me fizeram enxergar a educação por outro ângulo. Já os alunos são o coração do projeto e me fizeram sair da síndrome do domingo à noite”, brincou, referindo-se a uma gíria comum quando não se tem vontade de retomar o expediente na segunda-feira. 

“A educação transformou a minha vida”, revelou Renato Nunes Ramalho, de Cajazeiras (PB), vencedor da categoria ensino médio pelo projeto “Reaproveitamento das águas pluviais e cinzas nas escolas do semiárido paraibano”. “Hoje sou professor de projetos de vida e de transformações de vida. Acredito na educação pública e levo esse prêmio para o sertão, uma região que sofreu muito ao longo da história do Brasil”, reforçou Renato. “Uso aqui uma frase de Isaac Newton: se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”, finalizou, referindo-se às equipes de gestão, aos colegas professores e aos estudantes envolvidos no desenvolvimento da iniciativa. 

Próximos passos

Os vencedores em cada categoria serão premiados com R$ 7 mil, troféu, divulgação do projeto vencedor em matéria especial para veiculação na mídia e o certificado “Escola que acredita na transformação pela educação”. Os segundos e terceiros colocados em cada categoria recebem R$ 2,5 mil e troféu.

Todas as atualizações sobre o Prêmio Professor Transformador podem ser acompanhadas pelo blog do Instituto Significare. As iniciativas contemplam os quatro segmentos da educação básica, da educação infantil ao ensino médio. 

Clique sobre as categorias abaixo para conhecer os vencedores e a sinopse dos projetos:

1⁰ lugar – Andrea Lange – Eu e você: no nosso mundo, as nossas diferenças nos tornam iguais – Escola de Educação Básica Municipal Nossa Senhora de Lourdes – Joaçaba (SC)rnrnO projeto tem como finalidade desenvolver e valorizar o reconhecimento da segunda língua oficial do Brasil, Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). A professora, tendo um aluno surdo em sala de aula, trouxe inclusão e inovação com o projeto, por meio de imagens com a língua de sinais por todo o ambiente escolar. Os estudantes demonstraram interesse e empatia ao se relacionar com o aluno surdo, e ele pôde se integrar de forma receptiva com a comunidade escolar.rnrn2⁰ lugar – Valeria Mariano de Lima – A Liga da reciclagem – Ume (Unidade Municipal de Ensino) Estado de São Paulo – Cubatão (SP)rnrnO projeto foi desenvolvido para trabalhar as questões ambientais e a ressignificação do lixo doméstico produzido durante o período de pandemia. Por meio da criação dos “super-heróis” da Liga da Reciclagem, e de lixeiras caracterizadas que seguem as cores padrão da coleta seletiva, as crianças puderam assimilar a importância da reciclagem e do reaproveitamento do lixo limpo. A prática pedagógica buscou estimular criatividade, resolução de problemas, análise e elaboração de ideias de forma divertida e contextualizada.rnrn3⁰ lugar – Alessandra de Melo Simões – O carteiro chegou! – Escola Municipal Professor Ismar Gonçalves – Luziânia (GO)rnrnA prática pedagógica aproximou famílias e escola, com diminuição da evasão e o estímulo à leitura e escrita. A dinâmica promoveu o contato por cartas, bilhetes e mensagens que os pais buscavam na escola e liam em casa para as crianças, que decidiam como responder, por meio de um desenho ou ditando a resposta para um adulto escrever

1⁰ lugar – Karina Letícia Júlio Pinto – Câmara Mirim 2019 – Escola Estadual José Ferreira Maia – Timóteo (MG)rnrnPreconceitos, discriminação e intolerância ainda estão presentes em muitos lugares e na sala de aula não é diferen. A prática pedagógica da professora Karina levou os alunos a debaterem os diferentes pontos de vista, buscando entendimento e diálogo aberto. Com o projeto, os conflitos entre os alunos diminuíram significativamente e novas visões e ações foram postas em prática dentro e fora da comunidade escolar. A sequência didática de aulas foi dividida em encontros temáticos. O projeto englobou várias competências da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), entre elas: o pensamento científico, crítico e criativo, trabalho e Projeto de Vida e argumentação.rnrn2⁰ lugar – Eliane Babi Lohse – Cadê o mosquito que estava aqui? O sapo comeu – Escola Municipal do Campo de Terra Nova – Castro (PR)rnrnCom o aumento de casos de dengue no estado do Paraná, onde a professora reside, o projeto buscou alertar e mobilizar a comunidade sobre os cuidados a serem tomados para impedir a propagação da doença. Foram produzidas fichas técnicas explicativas sobre o Aedes aegypti, cartazes informativos e, com as ações, procurou-se eliminar possíveis focos do mosquito nas casas. O projeto englobou competências como: cultura digital, trabalho e projeto de vida e responsabilidade e cidadania.rnrn3⁰ lugar – Carlos Henrique Patrício – Escola Humanizada: Acolher, escutar e pertencer – Escola Municipal Comandante Amaral Peixoto – Magé (RJ)rnrnO projeto surgiu com o intuito de manter a comunidade escolar unida diante da pandemia, promovendo momentos de reflexão sobre as ações pedagógicas, assegurando direitos dos alunos, garantindo acesso ao conhecimento e propondo o entendimento da escola como um organismo em movimento, acolhedora e humanizada. Por meio de ações direcionadas aos alunos e professores, a prática do professor Carlos Henrique promoveu encontros virtuais e deu apoio aos que não dominavam os recursos tecnológicos necessários ao aprendizado, criou a “Árvore de Leitura” para incentivar a leitura durante o período da pandemia, dentre outras ações humanizadoras. O projeto buscou trabalhar as seguintes competências da BNCC: comunicação, empatia e cooperação.

1⁰ lugar – Celiana Mota Rodrigues – Projeto Desiderata – Centro de Ensino Fundamental 16 de Ceilândia (Pública) – Brasília (DF)rnrnO projeto foi criado com o intuito de promover o protagonismo estudantil buscando despertar a criticidade, a capacidade de argumentação e a participação de toda a comunidade escolar. A metodologia incluiu a promoção de rodas de conversa com especialistas, uso de vídeos temáticos, incentivo à leitura, produção de textos e a elaboração de um Diário de Bordo. O projeto englobou as seguintes competências da BNCC: comunicação, conhecimento, capacidade de argumentação, trabalho e projeto de vida.rnrn2º lugar – Luciano Sanches Teixeira – Shogi na escola – Escola Municipal de Tempo Integral Padre Josimo Tavares PRF – Palmas (TO)rnrnA iniciativa buscou inovar as aulas de jogos de tabuleiro ministradas na escola, antes preenchidas com xadrez ocidental. A popularização de animes e da cultura asiática fez com que os próprios alunos sugerissem a prática do Shogi (também conhecido como xadrez japonês) na sala de aula. Aética do jogo foi reelaborada, ultrapassando o significado de ganhar ou perder, para aprender, desenvolver, ajudar e evoluir. O projeto propiciou até mesmo um intercâmbio cultural com comunidades de jogadores de outros países. A prática englobou várias competências da BNCC, entre elas: repertório cultural, conhecimento, a comunicação e o pensamento científico, crítico e criativo.rnrn3º lugar – Wagner Severgnini – Aquecendo Corações – Sesi Caçador – Caçador (SC)rnrnPara despertar nos alunos a consciência social e ajudar de forma prática a população socialmente mais fragilizada, o projeto Aquecendo Corações levou os alunos a produzirem uma sopa que foi oferecida gratuitamente à comunidade. Os alunos também foram responsáveis pelo gerenciamento, organização do processo operacional, armazenamento e distribuição. O projeto impactou 80 famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica da cidade. As seguintes competências foram trabalhadas com a prática pedagógica: trabalho e Projeto de Vida, empatia e cooperação, responsabilidade e cidadania.

1⁰ lugar – Renato Nunes Ramalho – Reaproveitamento das águas pluviais e cinzas nas escolas do semiárido paraibano – Escola Cidadã Integral Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Crispim Coelho – Cajazeiras (PB)rnrnO projeto foi desenvolvido com o intuito de transformar o espaço escolar em um local de inovação de pequenas ideias e de pluralismo cultural, enfatizando que a sustentabilidade não é feita somente de forma individual ou de pequenos grupos segregados. O impacto social do projeto resultou no desenvolvimento de uma cultura de cuidado ambiental na escola, na comunidade e serviu de piloto para a sua ampliação na rede estadual de ensino. O projeto englobou diversas competências da BNCC, entre elas: repertório cultural, trabalho e projeto de vida, e o conhecimento.rnrn2⁰ lugar – Adilson Pontes da Silva – As verduras e legumes aproveitáveis e o extrato que dá gosto – EREM (Escola de Referência em Ensino Médio) Pedro Tavares (Pública) – Camutanga (PE)rnrnO projeto tem como ideia principal o aproveitamento de verduras e legumes, descartados em feiras livres. Sendo uma iniciativa interdisciplinar, é capaz de trabalhar habilidades e competências em diferentes áreas de conhecimento. Os alunos aprenderam o método de estudo de pesquisa científica e puderam elaborar pesquisa que aprofundou o conhecimento sobre aproveitamento de verduras e legumes, e foram provocados a pensar de maneira lógica na busca de soluções para o problema do desperdício de alimentos. O projeto abordou diversas competências da BNCC, entre elas: o pensamento científico, crítico e criativo, trabalho e Projeto de Vida, a responsabilidade e cidadania.rnrn3º lugar – Marcelo Luiz de Souza – Práticas corporais dos povos indígenas: corpo – cultura – inclusão – cidadania – Colégio Santo Inácio/Noturno-EJA (Privada) – Rio de Janeiro (RJ)rnrnConsiderando as adversidades históricas enfrentadas pelos povos indígenas brasileiros e que no curso de suas histórias sofreram com o silenciamento, a omissão e a invisibilização, o professor Marcelo Luiz criou o projeto para desenvolver nos alunos uma consciência ampliada de cultura e sociedade. O projeto trabalhou aspectos como inclusão, diversidade, aprendizagem específica e experimentação, no qual os alunos puderam ampliar o entendimento sobre diversidade social e cultural, examinando suas experiências e vivências, e aprendendo sobre a cultura de povos ancestrais. A iniciativa englobou competências como: repertório cultural, comunicação, empatia e cooperação, responsabilidade e cidadania.


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, competências para o século 21, educação infantil, educação mão na massa, empreendedorismo, ensino fundamental, ensino médio, socioemocionais, tecnologia

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