Por Victor Vidigal, G1 AP — Macapá


Professores durante caminhada de protesto contra situação da educação em Calçoene, no AP — Foto: Élido Farias/Arquivo Pessoal

Cerca de 100 professores da rede municipal de ensino de Calçoene, a 374 quilômetros de Macapá, estão com as atividades paralisadas desde segunda-feira (15). Salários atrasados desde fevereiro e falta de merenda, de materiais didáticos e de limpeza foram o que motivou o ato.

Em nota ao G1, a prefeitura de Calçoene reconheceu os problemas relatados pelos professores, inclusive confirmando que os salários não são repassados a nenhum servidor desde o dia 22 de fevereiro.

O problema tem relação com a prisão do prefeito da cidade, Jones Cavalcante (PPS), que ocorreu em 9 de março, durante investigação por fraudes em licitações.

Segundo a prefeitura, o processo de transição de gestão para o prefeito interino, Julio César Buscarons (MDB), presidente da Câmara de Vereadores, ocasionou os atrasos. A vice-prefeita, Ângela Avelar (Rede), renunciou ao cargo em fevereiro.

"Sobre falta de materiais nas escolas, a prefeitura justifica que as senhas da contas das secretarias que têm fundo ainda não foram formalizadas junto ao correspondente bancário, o que deve acontecer até a próxima semana. Com relação ao atraso de salários, no dia 26 de abril os pagamentos referentes ao mês de março devem ser quitados e os deste mês vão ser pagos normalmente no dia 30", informou a nota.

Professoras mostram faixa de protesto durante caminhada em Calçoene — Foto: Élido Farias/Arquivo Pessoal

A paralisação da classe continua até quarta-feira (17), como informou Élido Farias, presidente da executiva municipal do Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá (Sinsepeap) em Calçoene. Farias acrescentou que a categoria já havia tentado acordos com a prefeitura, que alegou falta de acesso aos recursos financeiros.

"Na segunda-feira [22], nós retornaremos à sala de aula e, se o problema continuar, iremos fazer uma nova mobilização, encaminhar documentação ao Ministério Público, ao gestor do município e todas autoridades competentes para que a gente possa solucionar esses problemas", afirmou Farias.

Ainda de acordo com o presidente, quem mais sofre com a situação são os estudantes, que ficam ser ter a oportunidade de receber um ensino público de qualidade.

"Não tem merenda nem nas creches, nem nas escolas. Quando o aluno chega, o professor tem que liberar ele mais cedo por causa disso. Só que na carga horária fica como se ele tivesse assistido tudo completo. Essa aula que ele perdeu não vai ter reposição. Quem está perdendo com tudo isso é a criança", declarou o presidente do sindicato.

Durante a paralisação, os professores estão promovendo passeatas na cidade, no sentido de mobilizar a população para a causa. O ato não chegou a suspender aulas em todas as escolas do município. De acordo com o sindicato, alguns professores preferiram não participar da manifestação.

Manifestação segue até quarta-feira (17) — Foto: Élido Farias/Arquivo Pessoal

Para ler mais notícias do estado, acesse o G1 Amapá.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!