Por José Claudio Pimentel, G1 Santos


Quando chove, sala de aula tem 'cachoeira' e fica com o acesso alagado — Foto: Divulgação

Professores iniciaram uma campanha na internet para arrecadar R$ 30 mil para pagar a reforma de uma sala de aula em Santos, no litoral de São Paulo. O local recebe mais de 50 alunos de baixa renda, de adolescentes a idosos, que buscam uma vaga na universidade.

O ambiente, aos fundos da Igreja do Valongo, é o lugar onde vestibulandos se reúnem entre as noites de segunda-feira a sábado para estudar. Não há cobrança obrigatória pelas aulas e os 16 professores também são voluntários.

A estrutura integra um santuário católico da própria igreja, que foi construída nos anos de 1640. Entretanto, nos últimos 16 anos, desde quando o projeto começou na cidade e foi instalado no local gratuitamente, a sala foi reformada apenas uma vez.

"Quando chove, jorra água para dentro. Forma até uma 'cachoeira'. Quando é verão, faz muito calor. No inverno, o espaço fica muito frio. Agora, a gente está precisando de ajuda", conta o professor Francis Wagner Gomes, um dos coordenadores da Educafro.

A sala chega a receber até 90 alunos no começo de cada ano e atende às necessidades do projeto. "Temos as carteiras e a lousa. Os estudantes vão até lá porque querem. Todos são carentes e alguns precisam até largar pois não tem dinheiro para condução".

Os professores não recebem salários. Muitas vezes, entre eles, rateiam despesas para o básico como para a compra de papel higiênico e material de escritório, por exemplo. Os alunos ajudam com o que podem. As dificuldades nunca foram um problema, até que a situação se agravou.

Sala de aula para vestibulandos carentes fica aos fundos de igreja — Foto: Divulgação

O ambiente não tem forro e as telhas precisam ser trocadas. Além da "cachoeira", a chuva forte faz com que a água acumulada invada o espaço. Tudo isso impede que as aulas possam acontecer. "Nós só queremos manter o projeto funcionando", afirma.

Água e luz não são cobrados, mas a quantia arrecadada poderá ajudar para comprar lâmpadas novas e até um bebedouro para os alunos. A sala fica no Largo Marquês de Monte Alegre, nº 12, no Valongo, e os responsáveis afirmam que aceitam doações.

O local pertence à Ordem Franciscana Secular, que cede o espaço à comunidade. "Sozinha, a ordem não tem condições de reformá-la. Sabemos que está com problemas e até fizemos orçamentos para os reparos", afirmou o ministro Edilson Machado Araújo.

A "vaquinha" organizada pelos professores pretende arrecadar o valor até o fim do ano, para poder iniciar os reparos no período de férias. Mas Araújo, que representa o espaço, disse que uma reforma completa custaria R$ 60 mil, o dobro do que é pedido hoje.

"Qualquer minuto é disputado pelos alunos e pelos professores. A gente entende a importância das aulas e a importância do projeto para essas pessoas, que querem chegar a uma faculdade. E, nos últimos anos, a maioria tem conseguido", conta Francis.

Segundo professores, telhas precisam ser trocadas — Foto: Divulgação

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