Professor de ensino médio no Brasil tem metade do salário de país rico e recebe menos que chileno

Salários reais médios dos profissionais chegam a US$ 24.765 por ano no ensino infantil; valor aumenta para US$ 25.005 no ensino fundamental

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Por Paulo Favero
2 min de leitura

O Brasil é um dos países cujos professores têm pior remuneração, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre educação divulgado nesta terça-feira, 8. O documento mostra que a remuneração de um docente brasileiro no ensino médio é cerca de metade da média dos países ricos (a maioria entre as nações que compõem a OCDE) e é menor até do que o outro sul-americano do estudo, o Chile. 

Pesquisas já mostraram que professores bem preparados elevam significativamente as chances de aprendizagem e sucesso dos estudantes no futuro. Esse efeito é ainda maior entre os alunos mais vulneráveis. A remuneração mais elevada, segundo parte dos especialistas, é uma estratégia para tornar a carreira mais atratativa para novos profissionais e para reter talentos. 

"No Brasil, os salários reais médios dos professores chegam a US$ 24.765 no ensino infantil (inferior à média da OCDE de US$ 38.677), US$ 25.005 no ensino fundamental inicial (inferior à média da OCDE de US$ 43.942), US$ 25.272 no fundamental anos finais (inferior à média da OCDE de US$ 46.225) e US$ 25.966 no ensino médio (inferior à média da OCDE de US$ 49.778)", diz o relatório, se referindo a valores anuais. Esses dados incluem também remunerações de diretores de escolas. No caso do Chile, esses salários médios são US$ 28.183 para educação infantil; US$ 27.708 nos anos iniciais do fundamental; US$ 28.358 nas séries finais do fundamental e US$ 29.967 no ensino médio. 

Condições salariais dos professores brasileiros estão entre as piores em relatório da OCDE Foto: Miguel Medina/ AFP

O documento explica que essas quantias refletem os salários reais, incluindo pagamentos adicionais relacionados ao trabalho. É um valor de média, pois o salário de um professor depende do nível de experiência e de sua qualificação profissional, de sua idade e até do lugar em que dá aulas. Desde 2009, a legislação brasileira prevê um piso para o magistério.Esta referência vale para o docente da rede pública em início de carreira, com formação em nível médio (nos casos de professores da deducação infantil e dos anos iniciais do fundamental) e carga semanal de 40 horas. É calculado com base no valor anual mínimo por aluno de repasse do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais do Magistério (Fundeb). O valor atual deste mínimo é de R$ 2.886,24 (2,7 salários mínimos). 

Além da dificuldade de o professor brasileiro receber salários mais altos, outro ponto que a pesquisa aborda é o fato de que muitos educadores estão perto da aposentadoria e há preocupação com a reposição dos quadros docentes. Isso ocorre não apenas no Brasil, mas em diversos países do mundo.

"Uma grande parte dos professores em muitos países da OCDE atingirão a idade de aposentadoria na próxima década, enquanto o tamanho da população em idade escolar deverá aumentar em alguns países, colocando muitos governos sob pressão para recrutar e treinar novos professores. No Brasil, 11% dos professores do ensino fundamental são considerados jovens (com menos de 30 anos), o que é um pouco abaixo da média da OCDE, de 12%", afirma.

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"Em média, nos países da OCDE, a proporção de jovens professores diminui em outros níveis de ensino, para 10% no ensino fundamental anos finais e 8% no ensino médio. No Brasil, a proporção de jovens professores permanece a mesma, por volta de 10% em ambos os casos", di o relatório.

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