A formação de professores a distância, embora tenha se tornado uma realidade no Brasil desde a pandemia, é reprovada pela maioria dos profissionais da área. É o que mostra uma pesquisa de opinião com professores de escola pública do ensino fundamental e médio.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Ipec a pedido da Todos Pela Educação em parceria com o Itaú Social, Instituto Península e Profissão Docente, 53% concordam totalmente e 31%, parcialmente, que cursos presenciais são mais eficientes na formação de docentes. Apenas 15% discordam total ou parcialmente nessa direção.
Os dados vão na contramão de outro estudo, realizado pela Todos Pela Educação, que apontou que 6 em cada 10 formandos em Pedagogia e Licenciatura em 2020 no país obtiveram seu diploma em cursos de ensino a distância (EAD). A proporção é muito maior que a observada no conjunto de carreiras do Ensino Superior brasileiro, de 1 em cada 4.
"É importante ouvir os professores, que são os principais implementadores de qualquer política educacional, estão no dia a dia dos alunos. O que eles colocam precisa ecoar em quem pensa política publica no país", diz presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz. "Quando se olha a literatura acadêmica, as experiências internacionais, não existe a menor dúvida que formação de professores precisa ser presencial. Esse modelo a distância beneficia o setor privado, mas em detrimento dos professores."
Para Priscila, a pesquisa é mais uma forma de pressionar o governo federal a regulamentar e "subir barreira" dos cursos a distância no país.
O levantamento revela ainda que apenas 19% concordam plenamente que os atuais cursos de graduação de Pedagogia e Licenciaturas estão preparando bem os docentes para o início da profissão, e que 56% dos professores afirmaram não ter recebido orientação específica em seu primeiro ano de docência, momento crucial de sua formação pedagógica
Entre os principais desafios, eles também relatam o desinteresse dos estudantes (31%), a indisciplina dos alunos (18%) e a defasagem na aprendizagem (28%), característica que pode ter se agravado pela pandemia de covid-19, que manteve estudantes em casa.
"É importante combater essa defasagem, porque ela também é um fator por trás da desmotivação dos alunos", diz a presidente-executiva da entidade. “Esse trabalho é difícil, precisa de formação sólida e apoio, principalmente com o desafio gigantesco do pós-pandemia. E professor está se sentindo pouco apoiado”, diz.