A valorização dos professores, por meio de melhores salários e treinamento, é fundamental para o avanço na educação no Brasil, de acordo com o economista Eduardo Giannetti, que participou do encerramento, no sábado, do Festival LED - Luz na Educação. Ele defendeu que o futuro do país será decidido em sala de aula. Para isso, Giannetti diz que o Brasil precisa, além de valorizar seus professores, repensar a sua pedagogia - marcada, segundo ele, exageradamente pela memorização. “Valorizar os professores significa pagar mais e melhorar seu prestígio social. Precisa melhorar o processo de recrutamento e investir mais em treinamento permanente. Não existe boa escola sem boa formação de professores. É por aí que tudo começa”, afirmou.
Na abertura do festival, na sexta-feira, representantes do Grupo Globo, entre eles Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, e Alan Gripp, diretor de redação do jornal “O Globo”, abordaram a importância do evento, que foi estruturado em três pilares: a promoção de iniciativas na educação, o festival com debates entre especialistas renomados na área e a relação contínua com a comunidade.
“O Movimento LED é pioneiro em iniciativas inovadoras do país, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e a Editora Globo”, disse Paulo Marinho. “A editora [que publica o Valor ] se junta ao movimento para dar sentido de organização. Nossa proposta é criar um hub de soluções educacionais”, observou Gripp.
Giannetti lembrou que, hoje, seis milhões dos jovens de 18 a 24 anos não completaram o ensino médio e quatro milhões estão desempregados. Esses 10 milhões de adultos correspondem a metade dos brasileiros nessa faixa etária. “O Brasil universalizou a educação básica no fim do século XX, um século depois dos EUA, e aqueles que se formam hoje saem das escolas sem ter aprendido o que deveriam”, disse. “Somos um país em que a educação e o conhecimento nunca tiveram a centralidade da vida prática da sociedade.”
Além de valorizar as raízes culturais brasileiras, a escola precisa se preparar melhor para se tornar um ambiente antirracista. Para isso, é necessário o comprometimento de alunos, professores e da sociedade como um todo. O recado foi da escritora Conceição Evaristo, que participou do evento de forma virtual. Além da escritora, também discutiram a importância de ações de combate ao racismo nas escolas a professora Angela Figueredo e o rapper Emicida.
“A educação antirracista precisa partir do ato de reconhecimento por parte de professores, do Estado e de toda a sociedade de que temos um problema a ser solucionado. Podemos aprender por meio de cursos, trocas, mas a justiça precisa ser o pilar que move essa luta”, afirmou Conceição Evaristo.
A professora Angela Figueiredo defendeu a necessidade de a comunidade manter ativa a cobrança pela permanência do conteúdo afro-brasileiro e indígena nos livros didáticos. “É preciso educar o educador e colocar mais educadores negros para que haja referência. É preciso perder a herança colonial de uma formação construída apenas para o mercado de trabalho”, afirmou. Já Emicida destacou a importância de os professores individualizarem o olhar para as crianças negras, uma vez que para algumas delas a sala de aula é o primeiro lugar de contato com o racismo explícito.