Professores de SP não receberam formação para novo Ensino Médio
Pesquisa inédita da organização Ação Educativa revela que apenas 28,97% dos professores de São Paulo foram aprovados em formação para novas disciplinas do Ensino Médio
Por: Juliana Lima
Um estudo inédito da organização Ação Educativa, em parceria com o Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud), da Universidade Federal de São Paulo, (Unifesp), revela que a maioria dos professores que assumiram disciplinas do Programa Inova Educação, do governo estadual de São Paulo, não recebeu formação específica para ministrar as aulas.
O programa, lançado em 2019, como fruto de parceria entre o governo paulista e o Instituto Ayrton Senna, promoveu uma reforma curricular nos últimos anos do Ensino Fundamental e em todo o Ensino Médio com a inclusão de três novas disciplinas: Projeto de Vida, Eletivas, e Tecnologia e Inovação.
De acordo com os dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e disponíveis na pesquisa “Inova Educação – leitura crítica sobre a proposta de reforma educacional dirigida à juventude paulista”, realizada pela organização, dos docentes que assumiram aulas dos componentes Projeto de Vida, Eletivas e Tecnologia até o final de 2020, apenas 25,75% tinham feito o curso inicial e somente 28,97% foram aprovados no curso aprofundado.
De acordo com os pesquisadores, o projeto vai ao encontro de outras propostas, como a Reforma do Ensino Médio, aprovada em 2017, mas desconsidera as realidades do estudantes e ignora aspectos centrais da política educacional, como a carreira dos professores, formação, financiamento e estrutura física das escolas.
Para os especialistas envolvidos no estudo, o Inova Educação “coloca a escola a serviço do mercado e distancia o aluno do ensino superior”. Além disso, o projeto dá ênfase em competências socioemocionais cuja utilização no âmbito educacional ainda é pouco consensual e criticada por órgãos de representação da Psicologia.
“Tem a ver com a ideia de uma formação mais genérica e, sobretudo, com comportamento e autogerenciamento. A proposta é de que os jovens sejam capazes do ponto de vista comportamental, de se moldarem para o mundo do trabalho. É uma abordagem economicista que individualiza a responsabilidade pela adequação ao mercado e afasta os estudantes do ensino superior”, explica a professora doutora Débora Cristina Goulart, uma das responsáveis pela pesquisa e integrante da Rede Escola Pública e Universidade (REPU).
O Programa Inova Educação já vinha sofrendo críticas pela comunidade escolar por ter sido implementado sem grandes debates com alunos e professores, em um período de ensino à distância por causa da pandemia.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o governo estadual disse que os dados da pesquisa da Ação Educativa estão errados e defendeu o programa. “Falamos sobre sonhos, sobre o papel do aluno para a sociedade para que, lá no futuro, quando chegar o momento de escolha, ele possa ter todo essa bagagem e saber no que é bom ou não e pensar no que fazer”, disse a coordenadora do Centro de Mídias SP, Bruna Waitman.
Para ter acesso ao estudo completo da Ação Educativa, clique aqui.
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