Por G1 MT


Deputados estaduais recebem R$ 25,3 mil, além dos benefícios — Foto: JLSiqueira/ALMT

Segundo dados divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), um professor da rede estadual de Mato Grosso recebia, em média, R$ 1.996 no ano de 2014. Esse valor é praticamente 13 vezes menor do que o recebido por mês por um deputado estadual, R$ 25,3 mil. Além da disparidade em relação ao que ganham os parlamentares, os professores do estado tinham, naquele ano, o pior rendimento médio do país e salário abaixo da média nacional, de R$ 3,5 mil.

O levantamento diz respeito à educação básica (inclui os ensinos infantil, fundamental e médio), com carga horária de 40 horas semanais. Os dados foram divulgados nessa quinta-feira (22).

A Secretaria de Educação de Mato Grosso contestou o levantamento referente a 2014 e disse que a média salarial dos professores efetivos naquele ano foi, na verdade, de R$ 3,7 mil para 30 horas semanais, o que seria equivalente a R$ 5 mil, caso os contratos fossem de 40 horas.

A Seduc disse que a remuneração atual média do professor efetivo da rede estadual é de R$ 5.438 para carga de 30 horas, o que, segundo a pasta, equivaleria a R$ 7.250 para 40 horas semanais.

Deputados x professores

Além de receber salário de R$ 25,3 mil, os deputados de Mato Grosso têm direito ainda a verba indenizatória de R$ 65 mil, verba de gabinete no valor de R$ 6 mil e cota de combustível distribuída aos gabinetes.

Média salarial dos professores da rede estadual é de R$ 1.996 — Foto: Sintep/ Várzea Grande-MT

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (PSB), disse que o estado tem a terceira melhor média de salário dos estados.

“O professor, para 30 horas, tem piso salarial de R$ 3.640,34. Para 40 horas o piso é R$ 4.853,789. O piso nacional estipulado pelo MEC para 40 horas é de R$ 2.298,80. Portanto, o nosso é mais do que o dobro. A remuneração média do professor dentro do estado de Mato Grosso é de R$ 7.250,93 para os efetivos. Para os temporários, a média é de R$ 6.847,64”, disse.

Ainda segundo Botelho, já foi aprovado para o próximo ano salário de R$ 5,4 mil para os professores, para 40 horas semanais.

Para o presidente do Sintep-MT (Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso), Henrique Lopes do Nascimento, o professor é desvalorizado não somente em relação aos deputados mas até mesmo em relação aos demais funcionários públicos.

“Eu nem iria tão longe na comparação. Bastaria ver os salários de um professor de nível superior e os de qualquer servidor de carreira do estado com ensino médio. O servidor ganha mais. Enquanto para os outros setores a gente vê uma política de valorização salarial, para o professor, que participa da formação de todas as profissões, ficam reservadas somente as migalhas”, disse Nascimento.

Nascimento disse também que os trabalhadores da educação do estado conseguiram, após a greve de 2013, considerada a maior da categoria no estado, de acordo com o governo, para dobrar o poder de compra. Além da reposição da inflação, o entendimento foi que a classe trabalhadora receberia ainda aumento real no salário até 2023.

Mas a categoria tem tido problemas em fazer com que o poder público cumpra esse acordo, disse o sindicalista. “O governo tem dificultado a reposição da inflação, o que prejudica o nosso poder de compra”.

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