O objetivo do encontro foi agradecer o fato de ninguém ter se ferido gravemente durante a invasão de Henrique Lira Trad, de 18 anos. Em alguns momentos, participantes conversaram e também fizeram um momento de oração.

O jovem entrou com bombas de fabricação caseira, facas, bestas, munição e coquetéis molotov na unidade.

Henrique pulou o muro da escola e, depois de entrar, trancou o portão para que ninguém saísse. Um aluno encontrou o invasor e ficou com o rosto arranhado ao tentar impedir o atentado.

Um vídeo gravado dentro da escola mostrou o rapaz já imobilizado [assista o vídeo acima]. Quando perguntaram o motivo da invasão ele disse apenas que não gostava das pessoas que estavam ali.

Segundo testemunhas, o invasor foi contido primeiro por um professor da escola. Depois um policial rodoviário federal, que mora perto da escola, ouviu gritos e também ajudou a prender o rapaz.

Ainda de acordo com testemunhas, ele lançou flechas contra várias pessoas, incluindo uma professora e uma aluna.

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Neste domingo alguns alunos disseram que ainda não se sentem seguros em retornar para a escola. Uma delas é Rayka Riana Pereira Mendes de 11 anos. Ela contou que no dia da invasão chegou a ver o ex-aluno.

"Saí pra ir ao banheiro e ele estava subindo a rampa e caiu uma flecha na minha frente. Pensei que era de brinquedo. Depois todo mundo começou a gritar. Fiquei com medo e entrei na sala. Estou com um pouco de medo ainda. Não sei se eu voltaria agora", disse a aluna.

Jeane Meire França Guidoni tem dois filhos na unidade e disse que a menina de 10 anos não consegue nem pensar em voltar a estudar no local.

"Minha filha não quer vir pra escola, está chorando o tempo todo. Ela sofreu muito. A sala dela não foi invadida porque a professora trancou a porta", disse a mãe.

Alguns pais estão aflitos. Disseram que o invasor ameaçou mandar um irmão dele até a escola. Eles pedem que a prefeitura garanta acompanhamento psicológico para as crianças.

"Não só os alunos, mas todos os profissionais da escola. O que passaram aqui não foi fácil", disse Jeane.

Procurada pelo g1, a Prefeitura de Vitória informou por meio da Secretaria Municipal de Educação (Seme) que os estudantes, profissionais e colaboradores estão sendo acolhidos.

"Nesta segunda-feira (22) será iniciado um trabalho para os profissionais da escola realizado pela equipe de práticas restaurativas em parceria com os psicólogos da rede municipal de saúde", informou a Prefeitura.

Também nesta segunda não haverá aula na unidade porque o conselho de classe, previsto para terça-feira (23), foi antecipado.

"A Seme estará reunida com os profissionais da escola num momento de acolhida e planejamento das próximas ações. Ainda nesta segunda-feira, a secretária de Educação, Juliana Roshner, e o secretário de Segurança, Paolo Quintino de Lima, estarão na escola para uma reunião com as famílias", informou a nota da Prefeitura.

Ainda de acordo com a Prefeitura, durante o final de semana uma vistoria técnica foi feita na escola e concertinas foram instaladas no portão do corredor de serviços.

Henrique Lira Trad passou por audiência de custódia e foi encaminhado para o Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), em Cariacica, na Grande Vitória, neste sábado (20).

A Polícia Civil informou que antes de ser encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, onde passou por audiência de custódia, ele foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio qualificada por motivo fútil, com impossibilidade de defesa da vítima e cometido contra menor de 14 anos (três vezes), no Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP).

A Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) informou neste domingo que ele passou por uma consulta médica e retornou ao Centro de Triagem de Viana. O processo segue em segredo de Justiça e, por isso, não há mais detalhes sobre o caso.

Para a polícia, Henrique Lira Trad teria dito que queria matar de seis a sete pessoas. O ex-aluno teria falado também que a ideia era provocar um confronto com a polícia para que ele próprio fosse morto pelos agentes.

Na hora da invasão do ex-aluno, estudantes e servidores da escola ficaram em pânico.

"Eu achei que era brincadeira da escola. O menino veio com um arco e flecha, aí todo mundo saiu chorando", falou o estudante Davi Maia.

Em algumas salas, foram feitas barricadas com mesas e cadeiras na porta para impedir a entrada do jovem.

"Uma mulher chegou na sala e ela estava falando 'fechem as portas'! Aí eu fiquei desesperada, aí a professora falou 'vai ficar tudo bem'! Aí eu comecei a chorar, fiquei lá no cantinho.

Até a última atualização deste texto, a reportagem não havia obtido contato com o preso ou a defesa dele.