Por Camila Falabela, g1 Minas — Belo Horizonte


Lavínia é professora de história e escritora — Foto: Arquivo pessoal/Lavínia Rocha

A educadora Lavínia Rocha, de 25 anos, que protagonizou um vídeo onde fazia uma espécie de "antes e depois" com estudantes de 9 e 10 anos durante estudos da cultura africana, em Belo Horizonte, foi uma das cinco ganhadoras do Prêmio Perestroika, que destaca professoras e professores brasileiros com as iniciativas e práticas mais inovadoras e criativas na educação.

Ao todo, foram 450 inscrições distribuídas em quatro categorias: ensino básico, ensino superior, ensino livre e ensino digital. Para a final, foram selecionados 40 professores. Cinco ganharam o prêmio, entre eles a Lavínia.

A professora e escritora é conhecida nas redes sociais pelo seu jeito leve e atrativo de conduzir as aulas para os alunos do ensino básico.

"Acho que uma das coisas que chamou a atenção dos jurados foi a relação que tenho com meus alunos, a rotina que tenho com eles. A ideia das minhas publicações sempre foi mostrar o que eu faço. Nos vídeos, não aparece o rostinho deles, só a voz. Como é algo muito natural e discreto, eles até esquecem que estão sendo gravados. Consigo mostrar a vivência de forma espontânea", contou.

Em entrevista ao g1, ela contou que não acreditava que chegaria tão longe. "Não criei expectativas, já que eu estava no meio de tanta gente incrível. Fiquei muito emocionada quando descobri que ganhei".

Para Lavínia, o reconhecimento é fundamental para estimular a criatividade dos profissionais da área e, assim, atrair cada vez mais a atenção dos estudantes.

"Eu sinto que meus alunos sabem que o prêmio não é só pra mim. É deles também. Eu só sou professora, porque tenho a quem ensinar. Aliás, ensino e aprendo muito com cada um deles!", disse.

Natural de Belo Horizonte, Lavínia é licenciada em História pela UFMG. Ministra palestras sobre feminismo e protagonismo negro em escolas e eventos literários e considera o vínculo com o ambiente escolar um dos maiores presentes que a carreira lhe deu.

Turma viraliza ao falar sobre a África após aulas de história

Professora Lavínia Rocha grava vídeo antes e depois de estudos da cultura africana

Professora Lavínia Rocha grava vídeo antes e depois de estudos da cultura africana

No vídeo que viralizou nas redes sociais, a educadora Lavínia Rocha propõe uma espécie de "antes e depois" com estudantes de 9 e 10 anos durante estudos da cultura africana. Na sala, Lavínia pergunta o que eles imaginam quando escutam o nome África. "Pessoas escravizadas", disse uma aluna. Outra grita: "pessoas magras". Também são ditas as palavras "negro" e "calor".

Uma menina disse que lembra de doenças, já que, segundo ela, na televisão, "tem sempre uma propaganda que aparece um monte de criança doente".

"No início do vídeo, meus alunos mostram a história única que eles conhecem da África, baseada em uma construção preconceituosa e racista do continente. É um perigo reproduzir apenas esse lado", lamentou a professora.

A professora de história Lavínia Rocha e seus alunos — Foto: Lavínia Rocha/Arquivo pessoal

Mas depois de ensinar aos alunos sobre a herança africana, Lavínia gravou um novo vídeo. Ao repetir a pergunta, ela se surpreende com as respostas que ocuparam boa parte do quadro.

Desta vez, as crianças associaram o continente a palavras como "agricultura", "safari", riqueza em "sal e cobre". Relembraram também termos de religiões de matrizes africanas, cores vivas e até "pente garfo".

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