Por Brenda Bento, g1 Santos


Mãe diz que professora puxou cabelo do filho de 4 anos com TDAH em Apiaí, no interior de SP — Foto: Arquivo Pessoal

Um menino, de 4 anos, diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) levou um puxão de cabelo da professora em uma escola particular em Apiaí, no interior de São Paulo. A mãe Karine Gemignani contou ao g1, nesta terça-feira (5), que a docente confirmou a ação e justificou dizendo que estava ensinando a criança a não puxar os cabelos dos colegas.

A situação foi registrada como lesão corporal na Delegacia de Polícia do município, que investiga o caso, que segue em andamento para qualificar a professora, apurar as providências administrativas adotadas pela escola e eventual corpo de delito da criança, segundo o delegado Valmir Oliveira.

Em 10 de agosto, a criança puxou o cabelo de um colega e a professora teria agido da mesma forma para que ele sentisse como dói e não fizesse mais. Em um áudio obtido pelo g1, a docente disse à mãe da criança que o chamou para conversar e pegou no cabelo do menino (ouça abaixo).

Em áudio enviado à mãe de aluno, professora diz que pegou no cabelo dele

Em áudio enviado à mãe de aluno, professora diz que pegou no cabelo dele

"Peguei no cabelo dele, falei assim: 'Você gosta disso? Puxar o cabelo do coleguinha não é legal, bater, morder também não é legal, a gente vai explicando assim para ele [...]. Estamos juntos para achar uma saída, vamos ter que achar um jeitinho para controlar né? Eu conversei com ele, deve ter ficado bravo, tá bom? Mas ele foi na brinquedoteca, ficou um tempão lá", disse a professora.

A mãe explicou o que a levou a ir à delegacia. "Eu quero que eles vejam que foi uma violência psicológica desde que ele entrou [na escola]. Agora mais isso [do puxão do cabelo]". Karine afirmou que nunca teve ajuda da escola em integrar o filho com os demais alunos e seguir as orientações médicas de como lidar com a criança.

TDAH

Karine explicou que descobriu o TDAH há dois anos e que a escola foi comunicada sobre o diagnóstico feito por uma neuropediatra. Ela disse ter se reunido com os profissionais da unidade de ensino e compartilhado as orientações médicas sobre como deveria ser a abordagem com o filho.

Print mostra conversa que mãe teve com professora após o filho reclamar que ela havia puxado o cabelo dele em escola de Apiaí, SP — Foto: Reprodução

A mãe, no entanto, informou que a escola não deu suporte e deixou de seguir algumas das recomendações, como mantê-lo sentado nas carteiras da frente. "Ultimamente ele estava reclamando de uma monitora que dava 'peteleco' na orelha dele. Eu não sabia o que era e ele ensinou [mostrou como ela fazia]".

A mãe foi até a escola falar com o diretor, que disse que seria impossível, pois a monitora era a melhor que tinham na escola.

Tanto a funcionária pública quanto o marido recebiam com frequência mensagens dos profissionais da escola pedindo para que eles conversassem com o filho por causa do comportamento agressivo e impulsivo causado pelo transtorno e, em algumas vezes, sugeriam que mudassem a medicação dele.

"Quando você não sabe fazer o manejo e falar não, ele entra em crise da impulsividade do TDAH. Tem que ter o jeito para falar", explicou.

Tratamento diferenciado

Para a mãe, os profissionais da escola não promoviam o relacionamento do filho com outras crianças. Ela suspeita que seja pelo comportamento impulsivo que ele apresenta quando é contrariado.

"Não fazia atividade com os amigos, só com ela [professora]. Ela fala que ninguém queria fazer com ele porque [o menino] briga, mas é a professora que tem que intermediar isso", disse Karine.

Laudo neurológico da criança confirma que criança tem TDAH e descreve o comportamento dele — Foto: Arquivo Pessoal

O diretor chegou a falar aos pais que estava sendo pressionado pelos pais de outros alunos a fazer alguma coisa em relação ao menino. Após o puxão no cabelo, ela e o marido optaram por transferir o filho de escola. "Ele é separado das outras crianças na escola. As professoras não tinham manejo de aproximar ele de outras crianças".

O g1 entrou em contato com a Escola Cecília Meireles, que não se posicionou até a última atualização desta reportagem.

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