Por Jackson Felix, G1 RR


Marcos na BR-174 — Foto: Marcos Camargo/Arquivo pessoal

Há quatro dias o professor Marcos Camargo, de 42 anos, natural de Cascavel, no Paraná, chegou a Boa Vista um pouco fora dos modelos tradiconais de viagem entre cidades: de carona.

O nômade, como ele mesmo se denomina, chegou a capital roraimense sem ter nenhum gasto com locomoção e executando um projeto que ele mesmo criou, o 'Brasil de Carona'.

Camargo deve visitar Pacaraima e na terça (10) para o Bonfim, ambos na região Norte do estado. O próximo estado a ser visitado é o Amapá.

“Eu cheguei a qui vi aquilo que estava esperando ver: uma cidade planejada. Desde o momento em que cheguei aqui, encontrei pessoas que têm orgulho da cidade ondem moram. Quando entrei na cidade, pensei: caramba, parece outro país!”, Marcos Camargo, professor que viaja o país de carona

Sem fazer nenhuma pesquisa prévia sobre os locais que visita, o professor disse que ficou sabendo sobre Roraima por meio de relatos de pessoas pelos lugares por onde passou. Foi assim que ele 'conheceu' a Serra do Tepequém e o Monte Caburaí.

“Fiquei impressionado quando passei por Caracaraí e comecei a ver uma vegetação e um tipo de relevo totalmente diferente do Amazonas", contou.

Depois de passar por Rondônia, Acre e Amazonas, o mochileiro chegou em Roraima no dia 1º de outubro, onde ficou hospedado por três dias uma fazenda em Rorainópolis. No local ele teve a primeira experiência de hospedagem em área rural.

Em seguida, Camargo foi para a Vila Petrolina, em Caracaraí, e por último veio para Boa vista, onde chegou na sexta-feira (6).

O professor brinca que quando chegou a Boa Vista teve a impressão de "estar em outro país". Na sexta ele comemorou a 19ª passagem por uma capital brasileira.

Marcos ficou hospedado em fazenda no município de Rorainópolis — Foto: Marcos Camargo/Arquivo pessoal

Modo de vida nômade

Após 24 anos atuando como professor e com um bom salário, Camargo conta que a aventura teve início em 2014, quando ainda dava aulas no Paraná. Mas antes disso já havia passado por vários países da América do Sul.

“Já tinha iniciado as viagens por alguns lugares próximos. Dava aula três dias na região de Foz de Iguaçu e Cascavel e após isso passava o resto da semana viajando de carona num raio de mil quilômetros, que me possibilitava ir e volta”, disse.

Projeto Brasil de Carona

Convencido da ideia de viajar de carona pelo país, ele largou de vez o trabalho passou a viver como 'nômade'. No começo do segundo semestre deste ano ele iniciou ao projeto 'Brasil de Carona', criado por ele mesmo com o objetivo de visitar todas as regiões do Brasil.

O projeto teve início na cidade de Vilhena, em Rondônia, e vai ter duração de dois anos e meio, sendo dividido em cinco temporadas. Cada temporada com duração de um semestre, correspondente as regiões do país.

A primeira temporada abrange todos os estados da região Norte, com exceção do Tocantins. A segunda será pela região Centro-Oeste, a terceira temporada é a região Nordeste sem a Bahia, a quarta será o Sudeste, sem São Paulo, e a última a ser visitada é a região Sul.

“Queria começar pela região que eu não sabia nada a respeito de viver a realidade do lugar e terminar na região que me viu nascer e crescer e aprender sobre o mundo", relatou.

O viajante fica cerca de três dias em cada cidade e disse que o modelo de viagem escolhido por ele promove o contato entre as pessoas.

Aventureiro em passeio de barco ao entardecer na cidade de Tefé, no Amazonas — Foto: Marcos Camargo/Arquivo pessoal

“Quando uma pessoa me dá carona, ou abre a porta da casa sem me conhecer pessoalmente, é o momento em eu mais se sinto humano por conta da solidariedade dos outros”, contou.

Apesar do risco de viajar de carona, ele disse que nunca foi vítima de criminalidade, mas já evitou ser assaltado. “Já teve situação que eu deixei de aceitar carona porque não me senti seguro”, comentou.

Ele disse que a família respeita o modelo de vida que ele escolheu e apoia o projeto. A mãe, de 66 anos, até propôs viajar junto ele. Na segunda temporada do projeto ela está disposta ''pegar carona' na ideia do filho.

Professor diz que ideia do projeto é participar do cotidiano da região que visita — Foto: Marcos Camargo/Arquivo pessoal

Ao G1, professor disse que não tem quase nenhum gasto com as viagens, pois depende da solidariedade das pessoas para comer, dormir e se deslocar. A única renda que diz ter são R$100 mensais, que ganha dando aulas pela internet pra uma aluna particular.

Segundo ele, a ideia é fazer que no futuro o projeto tenha retorno financeiro através de patrocínio, comercialização dos relatos da viagem por meio de podcasts e outros produtos e serviços, para que possar cumprir a responsabilidade financeira que tem com a minha filha de 16 anos.

O projeto conta ainda com a participação de uma assessora de comunicação que cuida da agenda do mochileiro e um gerente que atua de São Paulo. Segundo Camargo, em breve será lançado um site para as pessoas que têm interesse no projeto.

Marcos já passou pelos estados de Rondônia, Acre e Amazonas — Foto: Marcos Camargo/Arquivo pessoal

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