Os professores brasileiros enfrentam salários baixos e salas cheias na comparação internacional, mas a popularidade da carreira em educação entre os graduados brasileiros é bem maior que a média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
professor1.jpg — Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil
Só uma pequena parcela da população chega ao ensino médio, mas os que conseguem têm recompensa salarial e empregabilidade mais altas que a média internacional.
O investimento em educação representa uma grande parcela do Produto Interno Bruto (PIB), mas o gasto por aluno brasileiro ainda é bem mais baixo que a média.
Tais contradições da educação brasileira estão expostas no relatório “Education at a Glance 2017”, divulgado nesta terça-feira (12) pela OCDE e que reúne dados a respeito da educação pelo mundo.
O relatório destaca que mais de 50% da população de 25 a 64 anos não havia chegado ao ensino médio em 2015, mais que o dobro da média dos países da OCDE, que é de 22%. Além disso, 17% desse segmento da população nem completou os anos iniciais do ensino fundamental no Brasil.
O relatório, por outro lado, destaca o progresso “notável” na ampliação do acesso, já que, entre a geração mais nova, de 25 a 34 anos de idade, a parcela que alcançou o ensino médio subiu de 53% em 2010 para 64% em 2015.
O relatório destaca também que, embora o Brasil tenha matriculado quase todas as crianças de 5 e 6 anos de idade até 2015, o percentual das crianças mais novas matriculadas na educação infantil ainda é abaixo da média da OCDE.
Apenas 37% das crianças de dois anos de idade e 60% das de três anos de idade estão matriculadas em educação infantil, ante a média da OCDE de 39% e 78%, respectivamente.
Em 2009, o governo aprovou uma emenda constitucional que reduziu a idade obrigatória para educação de 6 para 4 anos de idade, e os municípios tinham até 2016 para garantir o acesso à educação pública para todas as crianças dessa faixa etária. Em 2015, 79% das crianças de 4 anos de idade estavam matriculadas, abaixo da média da OCDE, de 87%, e abaixo também de outros países latino-americanos, como Chile (86%), México (89%), Argentina (81%) e Colômbia (81%).
Popularidade
O documento da OCDE também pontua que, embora os professores brasileiros sejam mal remunerados na comparação internacional, a popularidade da carreira de educação no Brasil é maior que a média da OCDE.
Como na maioria dos países membros e parceiros da OCDE, o campo de estudo mais popular no Brasil é o de negócios, administração e direito, que respondeu por 37% dos graduados em 2015. O segundo mais popular, educação, respondeu por 20% dos graduados, percentual que é o dobro da média da OCDE.