Professor de história faz sucesso com áudios de WhatsApp para começar as aulas de forma divertida - PORVIR
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Diário de Inovações

Professor de história faz sucesso com áudios de WhatsApp para começar as aulas de forma divertida

Com mensagens de até dois minutos, o professor da rede estadual do Ceará Octavianus Cesar traz os principais recados do dia e músicas relacionadas aos temas das aulas

por Octavianus Cesar Silva ilustração relógio 7 de julho de 2021

Na escola que trabalho, cada turma ficou com um professor responsável como padrinho para encaminhar as atividades dos outros professores, comunicados da coordenação, de receber as atividades dos alunos e repassar aos professores. Ou seja, esse professor assumiu o papel de intermediador entre os alunos e a escola, para a realização das atividades. Esse foi o meu caso e sentia que precisava otimizar os canais de comunicação com os estudantes.

A partir da experiência do ano passado, também com de WhatsApp, tive a ideia de mandar áudios para os alunos todos os dias quando abria o grupo. No início, a intenção era somente começar as atividades com um áudio positivo, alegre e lembrando as atividades do dia, mas depois, tentando melhorar o formato, passei a fazer áudios com músicas e sempre tentando relacionar as músicas com os estudos ou com a época em que estávamos: dia das mães, dia da mulher, dia dos namorados, músicas temas de filmes ou séries como “A Casa de Papel”, “Rock: o lutador”,  “Missão Impossível”, “A Pantera Cor de Rosa” e, por último, um mês inteiro com temas juninos.

 

Os áudios são curtos, a maioria não passa de dois minutos e com mensagens que misturam bom humor e motivação, sem esquecer de salientar que os alunos devem entrar na plataforma do Google Sala de Aula e fazer as atividades. Sempre o foco são os estudos.

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Os resultados não poderiam ser melhores. Os alunos escutam os áudios e interagem.

Perguntam sobre o que falei, sobre as atividades, riem, comentam, e, dos 35 alunos da turma, com exceção de dois com necessidades educacionais especiais que não interagem muito e um desistente, todos os outros 32 entregam as provas parciais e bimestrais – sendo que a maioria entrega as atividades propostas pelos professores.

Mas, com o passar dos meses, tendo começado os áudios no início de fevereiro, comecei a pedir sugestões de colegas professores. O resultado foi que os colegas passaram a pedir áudios também para as turmas deles. Dessa forma, passei a criar todos os dias dois áudios pela manhã, um para a minha turma e outro mais geral, para ser usado indistintamente por outros colegas.

 

Hoje, para fazer os áudios, faço uma breve pesquisa sobre um tema específico, uma mensagem positiva, as atividades que devem ser enfatizadas, se são somente atividades, provas parciais ou bimestrais. Faço um breve texto e procuro as possíveis músicas. Quando as trilhas já estão decididas, gravo um primeiro áudio como teste para saber se está audível e se a mensagem está boa.

Para a gravação uso três aparelhos celulares. Em dois deixo músicas no ponto e no outro é onde gravo o áudio. Vale salientar que esse processo artesanal é sem o auxílio de aplicativos de podcasts.  O que mais me chamou a atenção foi que os áudios voaram por ondas que eu desconhecia. Nessa cultura de compartilhamento, professores foram reenviando uns para os outros e hoje meus áudios estão em grupos de coordenadores da secretaria de educação do Estado e em pelo menos outros três municípios que conheço.

Isso sem falar nos parentes de outros estados que também envio para reforçar o vínculo, já que a presença física ainda está difícil. Acredito que nessa pandemia todos tivemos que nos reinventar, mas o principal foi reaprender a utilizar os nossos sentidos. Ver quem gostamos ao vivo, ficou sendo pelo celular ou pela tela do computador, beijar, também ficou mais difícil, um abraço, o toque, esse também não pode, mas o que mais foi exercitado, foi o escutar. Foi por isso que os áudios acabaram sendo uma boa opção. Espero que essa ideia sirva a outros como inspiração e que seja melhorada.

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Octavianus Cesar Silva

Possui graduação em história pela UFC (Universidade Federal do Ceará). Lecionou até 2010 em escolas particulares e públicas em regime de contrato temporário. Desde 2010 atua como professor na rede estadual do Ceará. Hoje acumula 300 horas mensais em duas escolas.

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coronavírus, ensino médio, socioemocionais, tecnologia

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