Por Sofia Mayer e Catarina Duarte, g1 SC e NSC


Mensagem em apoio ao nazismo foram compartilhadas na web — Foto: Redes sociais/ Reprodução

Um professor de história da rede estadual de Santa Catarina é investigado pela Secretaria de Educação (SED) após defender o nazismo em um grupo de troca de mensagens na web (veja acima). Um processo administrativo foi instaurado pela pasta, nesta quinta-feira (3), para apurar a conduta do professor. O diálogo foi registrado em uma captura de tela e repercutiu nas redes sociais.

A Polícia Civil informou que também abriu inquérito para investigar o caso.

No grupo privado, o homem proferiu uma série de falas em apologia ao nazismo, como "sou super fã de Hitler" e "sempre quis ser nazista".

Em seguida, foi questionado por outro membro se era favorável a mandar eleitores do PT a uma câmara de gás. "Sem dúvidas, irmão. E eu é que queria ser o cara responsável por expelir o gás", respondeu.

Conforme as imagens, o homem foi alertando durante a conversa sobre os crimes que estava cometendo, mas ignorou os avisos. Um dos membros do grupo escreveu que o denunciaria. Outro homem escreveu: "Imaginem um cara desse como professor de história dos filhos de vocês, galera. Disso eu tenho medo".

Quem faz gestos nazistas pode ser preso pelo crime de racismo, no Brasil, e cumprir pena de reclusão. A punição é resultado da lei 7.716/1989, que tem penalidade específica para uso de símbolos ligados ao nazismo (detalhes no final da matéria).

O g1 SC tentou contato com o Partido dos Trabalhadores (PT), mas não teve retorno até a última atualização da matéria.

ERRATA: Até as 17h, a reportagem dizia que o professor havia sido afastado do cargo. Segundo a SED, no entanto, o homem não dará mais aulas apenas nesta semana. O afastamento ainda pode ocorrer.

Professor de SC é afastado após denúncias de apologia ao nazismo

Professor de SC é afastado após denúncias de apologia ao nazismo

Investigação

O delegado Juliano Bessa, responsável pelas investigações, disse que pelo menos quatro boletins de ocorrência foram registrados denunciando o professor entre segunda-feira (31) e terça-feira (1º). O profissional ainda não foi ouvido.

Já a Secretaria de Educação (SED) disse que está ciente da situação e informou que equipes do Núcleo de Prevenção às Violências Escolares foram até a Escola de Ensino Médio Annes Gualberto, onde o professor dava aulas, para ouvir os envolvidos.

Casos de apologia ao regime são apurados em outras instituições. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), crimes começaram a ser vistos em outubro. Nesta quinta, a instituição informou que encaminhou à Polícia Civil uma carta nazista recebida pelo Centro de Ciências Jurídica (CCJ) da unidade.

LEIA TAMBÉM

O que a lei brasileira diz sobre apologia do nazismo

O que a lei brasileira diz sobre apologia do nazismo

O que a lei brasileira diz sobre apologia do nazismo

A apologia do nazismo usando símbolos nazistas, distribuindo emblemas ou fazendo propaganda desse regime é crime previsto em lei no Brasil, com pena de reclusão.

A apologia do nazismo se enquadra na Lei 7.716/1989, segundo a qual é crime:

  • Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa – ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meios de comunicação social.
  • Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

Essa lei é respaldada pela própria Constituição, que classifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível. Isso significa que o racismo pode ser julgado e sentenciado a qualquer momento, não importando quanto tempo já se passou desde a conduta.

Inicialmente, não havia menção ao nazismo na legislação, que era destinada principalmente ao combate do racismo sofrido pela população negra.

Apenas em 1994 e 1997 foram incluídas as referências explícitas ao nazismo, por projetos de lei apresentados por Alberto Goldman e Paulo Paim.

Webstories

VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC

Veja mais informações do estado no g1 SC

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!