Por Michele Barros, SP2 — São Paulo


Prefeitura de SP afastará alunos com apenas um sintoma de Covid-19

Prefeitura de SP afastará alunos com apenas um sintoma de Covid-19

A Prefeitura de São Paulo disse que não seguirá a recomendação do secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, e afastará imediatamente das aulas crianças que tenham apenas um sintoma de Covid-19. Em portaria publicada no último dia 28 de janeiro, Rossieli determinou que o afastamento de só ocorra se houver ao menos dois sintomas da doença, decisão que foi criticada por especialistas.

O ano letivo nas escolas municipais de São Paulo começa na próxima segunda-feira (7) com 1,82 milhão de alunos. Além das regras para evitar o contágio dentro da sala de aula, os pais vão receber cartilhas com orientações e, por enquanto, o comprovante de vacinação contra a Covid não vai ser exigido.

Dentre os professores, serão verificados diariamente os sintomas no início do turno de trabalho e quem apresentar febre ou sintomas respiratórios deve ser imediatamente afastado. Já quanto aos alunos a orientação é uma busca ativa e, em caso de sintomas, o isolamento por 10 dias, mesmo se não der para testar.

Rede pública de SP só afastará aluno com suspeita de Covid que tiver ao menos dois sintomas

Rede pública de SP só afastará aluno com suspeita de Covid que tiver ao menos dois sintomas

“A orientação é de que, tendo sintoma, que é a mesma do ano passado que a gente praticou nas escolas, tendo sintoma, [...] não encaminhe seus filhos para escola. Em ele estando na escola, quer seja medindo a temperatura, quer seja algum dos outros sintomas, que se isole essa criança. A escola já tem um espaço separado pra esse isolamento, já praticaram isso ano passado, informam os responsáveis, que vêm buscar a criança”, afirmou o secretário municipal da Educação, Fernando Padula.

A Coordenadoria de Vigilância em Saúde da capital preparou uma lista de recomendações com os cuidados que devem ser seguidos nas escolas da rede municipal.

A Secretaria da Educação municipal informou que vai aguardar as crianças se vacinarem e que a imunização é essencial pra proteger os pequenos, juntamente com as outras medidas de segurança.

Conforme informou o secretário, se houver dois casos de Covid confirmados em uma mesma sala, a classe terá de fazer isolamento. “Você vai ter esse fluxo de rodízio entre as salas, caso venha a ter um contágio entre mais de duas pessoas da mesma sala”, afirmou ele.

A Secretaria estadual da Educação disse que vai manter o critério de afastamento diferente do adotado na capital e que só vão afastar os alunos com dois ou mais sintomas.

Regra no estado

Alunos da rede pública do estado de São Paulo que tiverem com suspeita de ter Covid-19 só serão afastados das aulas se tiverem ao menos dois sintomas da doença, como dor de garganta e coriza.

A norma está prevista em uma resolução da pasta publicada no Diário Oficial do estado em 28 de janeiro. Nesta quarta-feira (2), 3,5 milhões de alunos retornaram às atividades presencialmente. Só na capital paulista são 960 mil e mais 468 mil na região metropolitana.

3,5 milhões de estudantes da rede estadual retornaram às aulas presenciais hoje, em São Paulo

3,5 milhões de estudantes da rede estadual retornaram às aulas presenciais hoje, em São Paulo

A volta às aulas presenciais é obrigatória, mas quem tiver pelo menos dois sintomas do coronavírus tem autorização para faltar.

“Pessoas sintomáticas não devem ir à escola. O que é que são pessoas sintomáticas: são dois sintomas. Dois sintomas. Não pode ser: “Ah, eu tô com dor de cabeça, então eu sou sintomático de Covid”. Não, não é. Eu tenho dois sintomas daqueles que são ditos da Covid, aí você não deve ir à escola, obviamente. Especialmente até fazer o exame ou, em caso de isolamento de um caso suspeito que é considerado, sétimo dia já deve retornar. Se ele estiver com sintomas no sétimo dia, ainda não deve retornar e fica até o 10º dia, que aí já pode retornar”, afirmou o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares.

O pediatra Renato Kfouri, do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, é contrário à decisão e defende que crianças e funcionários não devam ir à escola se apresentarem um sintoma apenas.

“Não há porque esperar dois ou três sintomas. Sintoma respiratório é igual a caso suspeito. Seja um, sejam dois ou sejam três. Febre, tosse, coriza, dor de garganta, são sinais sugestivos de um quadro viral. E hoje o risco desse quadro viral ser Covid é muito grande”, afirma Kfouri.

Para frequentar as aulas, a vacinação contra a Covid-19 também é obrigatória. O comprovante vai ser exigido a partir do segundo bimestre, que começa em 25 de abril, para dar tempo de concluir a imunização com as duas doses em todas as crianças de 5 a 11 anos.

O aluno que não se vacinar por contraindicação médica tem que apresentar atestado.

Segundo o governo, nenhuma criança será impedida de frequentar as aulas, mas. se em 60 dias a situação não for regularizada, o Conselho Tutelar vai ser comunicado da ausência de imunização.

Todas as regras também devem ser seguidas pelas escolas particulares, conforme a resolução da secretaria.

O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar eventual falha ao seguir as normas na rede privada e, para evitar a ocorrência de surto nas escolas e colégios particulares, exige que todos os alunos, funcionários e professores apresentem exame de Covid-19 com resultado negativo, como condição indispensável para comparecimento às aulas e ingresso na escola.

Quem se recusar será afastado por dez dias.

O presidente do Sindicato das Escolas Particulares, Benjamin Silva, diz que pelo menos 15 escolas receberam a notificação do MP e que todas obedecem às regras estabelecidas.

"O pai do aluno, quando ele procura uma escola particular, além da qualidade de ensino, ele procura muito a questão da segurança, e as escolas se esmeraram muito, gastaram muito. Estão muito rígidas na questão dos protocolos e em exigir que as crianças façam o protocolo, os menores nem tem tanto problema. O problema são os maiores; os menores cumprem tudo muito direitinho, todas as providências possíveis para que as aulas estejam bem ventiladas”, diz Silva.

Em nota, a Secretaria estadual de Educação afirmou que o afastamento de crianças sob suspeita de Covid com dois sintomas é regra sanitária e só segue a recomendação.

"A Secretaria de Educação esclarece que, para a pessoa ser afastada das atividades presenciais, deve ser caracterizada como caso suspeito de COVID-19, cuja definição é estar com pelo menos dois dos seguintes sintomas: febre, calafrios, falta de ar, dor de garganta, dor de cabeça, dor no corpo, coriza, tosse, perda do olfato e/ou paladar e diarreia (por motivo desconhecido)", diz o texto.

"Esta definição é utilizada por diferentes autoridades sanitárias, como o Ministério da Saúde no Guia de Vigilância Epidemiológica Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019 – COVID-19 (4ª edição) e Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo por meio de Deliberação CIB 21/21. Portanto, a definição de caso suspeito utilizado pela Seduc-SP para isolamento de casos está de acordo com as autoridades sanitárias", finaliza.

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