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Precisamos encontrar o caminho da educação no Brasil

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Por Heverton Peixoto
Atualização:
Heverton Peixoto. Foto: Divulgação

Vemos muitas comparações entre a educação brasileira e as de outros países. Experiências de sucesso, como as da Finlândia e Coréia do Sul, são referências, seja pelo respeito aos professores, a composição e manutenção do currículo escolar, a estrutura das escolas ou o envolvimento da comunidade no sistema de ensino. Uma coisa esses países parecem ter em comum. A Educação é política de Estado e é conduzida como prioridade. 

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O modelo finlandês estimula a flexibilidade com menos horas do aluno na escola, autonomia e motivação para estudantes e professores. Ricos e pobres estudam juntos, com igualdade de oportunidades e convivência em diversidade. O plano educacional do país é seguido em qualquer contexto político e atualizado periodicamente por especialistas em educação.

Na Coréia do Sul, ao contrário, rigidez e carga horária maior produzem uma rotina mais pesada. Os professores lá são tão valorizados que alguns se tornam celebridades. O sistema coreano reproduz a cultura do país, calcada em valores como conformidade e ordem. Nesse caminho tão diferente da Finlândia, a educação coreana chegou ao analfabetismo quase zero e está entre as melhores do mundo. 

Na América Latina, o Chile é o expoente, embora tenha um sistema educacional tido como elitista e desigual. Especialistas dizem que a descentralização da gestão educacional com autonomia local contribui para melhores resultados. Tudo sempre à luz da realidade de cada lugar. Cada nação deve buscar o seu caminho de educação. Os três países fizeram reformas relativamente recentes e, em algumas décadas, transformaram seus sistemas educacionais. Mostraram que era viável avançar, mesmo com falhas.

Não sabemos como vão reagir aos impactos da Covid-19. Pesquisas mostram que a pandemia atingiu todos os países e levou crianças e jovens a quadros de ansiedade, desmotivação, dificuldade de aprendizado e a um distanciamento afetivo em relação às escolas. Andamos para trás na educação, especialmente onde esse direito é negligenciado, como no Brasil. A chamada "geração catástrofe", atingida pelo déficit educacional da pandemia, tem um legado difícil de reverter. 

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A pandemia acentuou o peso das desigualdades e nos lembrou como o debate da educação não se restringe ao interior das salas de aula. Devemos falar de saneamento, saúde, acessibilidade, conectividade, renda, alimentação, inclusão e tantas outras questões que interferem no aprendizado. 

Não é sobre buscar uma fórmula vencedora e importar para o Brasil. Precisamos analisar diferentes modelos e seus resultados, entender os aspectos culturais, as políticas e identificar o que pode fazer sentido aqui. Não há regra fixa, mas sim a premissa básica da valorização da educação. 

Precisamos encontrar o nosso caminho e construir um sistema educacional que respeite a diversidade cultural do país, que proporcione igualdade de acesso a um ensino de qualidade, pois não é justo dar educação tão diferente em função do poder aquisitivo das famílias. Também não é justo vermos tanto avanço tecnológico apenas nas instituições privadas, com acesso remoto, aulas online, realidade virtual, investimentos altos em uma educação que vai além de escola, mas só beneficia uma pequena parcela dos estudantes brasileiros. Da forma como estamos hoje, essas soluções inovadoras não chegam aos alunos mais vulneráveis, que representam mais de 80% dos nossos estudantes. 

Se continuarmos assim, nunca deixaremos de ser o "país do futuro" para finalmente capturarmos os avanços que os brasileiros merecem. Ou olhamos para isso, ou esquece o progresso. 

Somente por meio de uma educação que promova igualdade de oportunidades conseguiremos mudar essa história de segregação e escrever um novo futuro. 

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*Heverton Peixoto é engenheiro e CEO da Wiz Soluções

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