Eleições 2018 no Rio Grande do Sul

Por Carolina Cattaneo, G1 RS


Entre as propostas de Julio Flores está a construção de um governo organizado em torno de conselhos populares — Foto: Carolina Cattaneo/G1

Professor há 18 anos, o candidato ao governo do Rio Grande do Sul Julio Flores já participou de mais de 10 eleições para os cargos de vereador, prefeito, governador e senador desde a década de 1990, quando se filiou ao PSTU. Nos anos 1980, foi diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (Sindbancários). Formado em Ciências e Matemática, o educador relata o encanto pela profissão.

"Ser professor é uma dádiva, porque lidamos justamente com aquilo que humanidade já produziu em termos de conhecimento e se prepara para mudar esse mundo. Principalmente entre os jovens, que é com quem eu trabalho, verificamos essa ânsia por mudança, vontade de descobrir coisas novas. Isso me encanta", explica Julio.

De segunda-feira (3) até o próximo dia 10, o G1 publica os perfis dos oito candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. A ordem de publicação foi definida a partir das intenções de voto da pesquisa Ibope divulgada no dia 17 de agosto.

Entre as propostas de Julio Flores está a construção de um governo organizado em torno de conselhos populares. "Precisamos de uma outra sociedade em que as pessoas vivam realmente felizes e que possam usufruir da riqueza que produzem, porque hoje a maioria produz e uma pequena minoria se apropria do trabalho alheio e enriquece a nossas custas. Por isso, precisamos de uma rebelião para fazer mudanças profundas na sociedade que nos encaminhem a uma sociedade socialista."

Para obter mais recursos ao Rio Grande do Sul, o professor defende suspender o pagamento da dívida com a União. "Nós somos reféns de uma dívida, o montante só aumenta e a gente paga todo ano. É um acordo ultra pernicioso", explica. Questionado se não teme o bloqueio das contas caso tome essa medida, Julio afirmou que, caso a candidata do PSTU à Presidência da República, Vera Lúcia, não vença a eleição, ele teria que enfrentar o novo governo nacional. "Em um governo contrário, digamos que não seja a Vera e o Hertz em um governo socialista dos trabalhadores, nós teríamos que enfrentá-los, porque todas as candidaturas que estão aí não são a favor do não pagamento da dívida".

A reportagem pediu para Julio Flores listar, em tópicos, cinco prioridades se for reeleito:

  • Pagamento de tudo que é necessário para que o funcionalismo preste serviço de qualidade
  • Buscar os recursos, isso significa acabar com as isenções fiscais, as sonegações e não pagar a dívida pública com o governo federal, arrecadando assim R$ 30 bilhões
  • Investir na reforma agrária, no plano de obras públicas, na redução da jornada de trabalho
  • Com o plano de obras públicas, investir em todas as áreas, geração de empregos, na saúde, nas escolas e obras de infraestrutura e saneamento básico
  • Reforma urbana para desapropriar os terrenos ociosos e construir moradias populares com condições dignas de existência

Para obter mais recursos ao Rio Grande do Sul, o professor defende suspender o pagamento da dívida com a União — Foto: Carolina Cattaneo/G1

Respostas do candidato Julio Flores

O senhor é contra as privatizações. Qual a sua proposta para que as empresas estatais possam dar lucro?

Na verdade elas são rentáveis. O que é escandaloso é que o governo quer entregar esse patrimônio. É tipo assim, você vende sua casa, mas o recurso que pegou com isso é finito. Daqui a pouco ele acaba. Aí, usa para quê? Para pagar dívida? Aí já foi. Enquanto as fundações, como a Cientec [Fundação de Ciência e Tecnologia], a Fundação Piratini, a Zoobotânica, arrecadam recursos ao longo de sua existência, arrecadaram recursos para o estado, a CRM, a Sulgás, a CEEE, arrecadam recursos, mas também oferecem uma coisa perene que é um patrimônio científico, tecnológico, de investimento no desenvolvimento econômico social voltado para a maioria da população. Por exemplo, a Cientec e todas as fundações que envolvem pesquisa científica portam conhecimento, ciência para o desenvolvimento, isso é, digamos assim, impagável. Patrimônio que se desmancha no ar vai para enriquecer meia dúzia. E as estatais em geral nós queremos uma gestão democrática que não sirva para afiliados políticos, os correligionários, que botam na gestão das empresas pessoas para, digamos, gerir e enriquecer também. Nós queremos uma gestão exercida pelos próprios servidores das estatais eleitos pelos seus próprios colegas em assembleias, para que seja uma gestão democrática em um conselho interno e esteja a serviço da maioria da população e, obviamente, fiscalizados, controlados, por fora também por aqueles que não são servidores, mas são parte dos conselhos populares que teriam uma das tarefas controlar a gestão das estatais. Assim, essas empresas estatais voltariam para as necessidades da população. A Cientec poderia, por exemplo, pesquisar energias limpas para fazer com que não sejamos mais reféns da indústria automobilística que utiliza combustíveis fósseis que só servem para poluir. Nós precisamos de um desenvolvimento harmônico entre os seres humanos e a natureza. E que o meio ambiente seja preservado e que seja recuperada uma parte que está sendo destruída pela, entre aspas, necessidade de lucro, a sede do lucro do capital que não conhece limites, está nem aí para a natureza, o que importa é lucrar, é acumular capital.

Em uma entrevista, o senhor falou que pretende criar um "projeto educacional voltado para os interesses do povo pobre, dos negros, das mulheres, dos trabalhadores e dos LGBTs". Que projeto seria esse e como funcionaria?

Seria turno integral em primeiro lugar. Que as crianças e os adolescentes não precisem trabalhar, trabalho infantil, porque hoje eu tenho muitos alunos que são estagiários em algumas empresas ou que são obrigados a pegar trabalhos ultra precários para poder ajudar com o sustento da família. A juventude e as crianças têm que estar na escola e ter uma formação integral de tempo, mas também uma coisa inter e transdisciplinar em que as pessoas possam aprender tudo o que a humanidade já construiu em termos de conhecimento e que seja de seu interesse. Eu acho que as pessoas não são obrigadas a estudar tudo, mas tudo precisa ser oferecido para que as pessoas possam optar pelo seu próprio caminho. Não se exige, por exemplo, de um historiador que conheça profundamente a teoria da relatividade. Ou um filósofo que conheça teoremas matemáticos, não precisa. Mas tem que ter um mínimo de conhecimento nesta área também. Por isso o Ensino Médio concebido como tal deveria ser um ensino politécnico de verdade, que ofereça obrigatoriamente a língua materna, as línguas estrangeiras, a história, a filosofia, artes, as artes são fundamentais para desenvolvimento do espírito humano da criatividade, e todo filho de trabalhador tem direito de ter isso na escola em turno integral. Inclusive a educação física, essas coisas, tudo tem que ser oferecido. Não como se quer agora com essa reforma do Ensino Médio que apenas matemática e português sejam obrigatórias. Isso é um escândalo. Vai formar um sujeito que apenas tem uma formação esquizofrênica. O ser humano tem várias potencialidades, habilidades. Potencialmente, ainda que uns tenham mais talento para uma ou outra disciplina ou área do conhecimento, todos têm potencialmente a capacidade de desenvolver todas [as áreas]. Então, o mínimo todos têm que ter. Não é possível que um matemático ou um engenheiro, por exemplo, não tenha aulas de história, de filosofia. Seria uma formação esquizofrênica, pois não oferece essas possibilidades especialmente nas áreas humanas para essas pessoas, para que elas possam entender melhor o mundo e transformá-lo. Óbvio, com uma gestão democrática, muito mais democrática do que é hoje, porque há limitações mesmo na lei de gestão democrática aqui no estado. Nós queremos, por exemplo, que se eleja as direções, que se eleja os conselhos escolares de forma mais democrática do que é hoje. Que tenha uma vida mais dinâmica do que é hoje. Óbvio que as escolas tenham a vigilância, tenham o controle dos conselhos populares. E ser a serviço da maioria da população significa estudar coisas do interesse do mundo do trabalho, do mundo dos trabalhadores, de como mudar o mundo. Que esteja a serviço do desenvolvimento universal, mas também regional.

Um dos pontos centrais do seu programa de governo é combater o desemprego e o senhor defende também a redução na jornada de trabalho. Como o senhor pretende fazer isso?

O tripé da geração de empregos seria o plano de obras públicas, a reforma agrária e a redução da jornada de trabalho. Isso é um projeto. Aquilo que é do âmbito nacional e estadual teriam que ser relacionados, dialogando um com o outro, vendo como as coisas se desenvolvem. Porque tem coisas que a gente necessariamente se uniria a outros trabalhadores de outros estados para buscar os recursos necessários, tipo não pagar a dívida com o governo federal, acabar com isenções fiscais, a nível estadual isso pode ser resolvido. Os recursos viriam daí para investir na geração de empregos. A jornada de trabalho envolve outra esfera, mas enfim, faz parte do projeto de mudança nacional porque a gente não se considera uma ilha e as coisas têm que mudar no país inteiro. Claro que cada um com seu ritmo, mas no país inteiro, para que a gente tenha um desenvolvimento harmônico, que as dificuldades regionais tendem a desaparecer do ponto de vista de recursos e da desigualdade social econômica. Não que todas as regiões tenham que produzir a mesma coisa, não tem que ter os mesmos ramos produtivos. Que seja harmônico para que as pessoas tenham as mesmas condições de existência em todo o país. Os recursos também têm que ser alocados e redistribuídos porque tem uma parte dos recursos que são federais, então, óbvio, um governo dos conselhos populares a nível nacional haveria uma centralização, mas haveria uma redistribuição justa conforme necessidade de cada estado, cada região, em termo de impostos, de recursos. A gente pensa em uma necessidade de ter impostos progressivos. Ou seja, em uma sociedade de transição em que ainda sobrevivam as empresas, digamos capitalistas, aqueles que acumulam mais capitais paguem mais. Na pequena propriedade da agricultura familiar, por exemplo, que é quem produz alimentos, já que o agronegócio produz para a exportação, e estão beneficiados pela Lei Kandir, que é outra coisa que a gente tem que acabar. Essa Lei Kandir, parece que a cada ano são R$ 7 bilhões ou R$ 8 bilhões, eles já estão incluídos nas isenções na conta que eu fiz, são recursos que vão para o enriquecimento. O agronegócio é uma definição bem ampla, é todos os que lucram com a exploração da terra e do trabalho na terra. Tem outra coisa que eu queria abordar que são os agrotóxicos. A Monsanto, junto com a Bayer, que agora são uma só, envenena a população com os agrotóxicos. Isso prejudica a população, prejudica a natureza. Queremos um meio ambiente preservado, que se proteja a natureza enquanto se produz o necessário para a existência humana. Que seja harmônico, que não seja necessário o uso de agrotóxicos. Sem o envenenamento dos animais também na produção da carne, nos rebanhos, etc. Que não seja necessária a utilização dos venenos que estão aí dizendo que vão melhorar a vida das pessoas, enquanto estão apenas a serviço do lucro.

Professor há 18 anos, o candidato ao governo do Rio Grande do Sul Julio Flores já participou de mais de 10 eleições — Foto: Carolina Cattaneo/G1

Na entrevista, o G1 pediu que Julio respondesse quatro perguntas feitas a todos os candidatos. Confira as respostas abaixo:

Estudo do Tribunal de Contas do Estado aponta que apenas 55% das escolas públicas do estado têm rede de esgoto, 44% garantem estrutura de acessibilidade para os alunos e professores e 52% proporcionam aulas de informática. Qual é o impacto desses dados na qualidade da educação, e como o senhor pretende melhorá-los?

Isso é o sucateamento da educação promovido pelo governo Sartori, promovido pelo governo Temer, inclusive aprofundado por esse Plano Nacional de Educação, que é um plano privatista. Está a serviço de entregar o ensino às mãos da iniciativa privada. Obviamente, nós queremos uma escola que proporcione ensino integral para os filhos dos trabalhadores. Mas não se aprende direito se nós não temos laboratórios adequados, bibliotecas, espaços de vivência, onde os estudantes possam interagir, ambientes de artes, ainda mais se não tem o mínimo. Imagina sem esgoto, sem as mínimas condições de existência. Os repasses que hoje o governo do estado faz para as escolas é ridículo, e atrasado como em geral. É óbvio que teríamos que ter esse investimento como fundamental. Aliás, o governo não investe nem o mínimo previsto pela constituição, e sabemos que o previsto já é muito pouco. Então tem que investir, sim, na infraestrutura das escolas e propiciar inclusive os laboratórios. Porque o aprendizado não é só teórico, é prático também. Então essa combinação de teórico e prático é essencial para o aprendizado, porque muitas pessoas aprendem melhor fazendo, além de ler, de ter o conhecimento teórico, executar, ter as vivências necessárias ao aprendizado. Essa é a visão marxista do conhecimento, de como se adquire conhecimento. Fazendo, participando, executando, não só assistindo, lendo, embora a leitura seja essencial, as artes, a poesia, a literatura são importantíssimas para a formação do ser humano. É importante estatizarmos a rede privada de ensino. Inclusive são parte de um tipo de escola que são chamadas de filantrópicas e não pagariam certos impostos. Nós propomos a estatização dessas escolas privadas porque educação não deve ser objeto de lucro. A saúde também, nós precisamos desapropriar essa rede hospitalar privada para colocá-la a serviço da maioria da população, que morre nas filas, muitas vezes, esperando um atendimento. E na educação queremos acabar com essa indignidade que vivemos aqui no Rio Grande do Sul, que é não ter o salário em dia, que é o mínimo do mínimo. Mas, mais do que isso, inclusive sobre os governos do PT, o Tarso, que foi governador, não pagou o piso que ele mesmo assinou enquanto ministro, o piso da educação que é, digamos, o mínimo. Nós achamos que é preciso determinação e garantirmos o piso para a educação para professores e funcionários de escola, plano de carreira, para que a gente tenha uma valorização desses profissionais.

Quadrilhas de traficantes e grupos especializados em assaltos a bancos têm expandido a atuação no interior do estado, o que vem elevando o número de homicídios e assustando moradores de cidades que já foram mais tranquilas. O que deve ser feito para combater essa escalada da violência?

Desarticular as quadrilhas, elas têm todas as ramificações, todas têm suas áreas de especializações e, obviamente, elas têm comandos conjuntos, inclusive laços com os escalões superiores das forças de segurança. Essa turma toda aí habita os palácios e o chefe do tráfico, seja de drogas ou de armas, não está na vila, não está no bairro popular, ele confraterniza com os grandes capitalistas porque ele é um. Só que de um negócio ilícito. Então, para desarticular essa turma toda tem que legalizar as drogas, todas, sem exceção. E tratar a questão como de saúde pública. O usuário que é dependente, que comprovadamente tenha uma receita, que está em tratamento, possa ser controlado pelo estado de maneira pública pelos conselhos populares que queremos eleger e que tenham essa fiscalização, esse controle. Isso significaria tirar o monopólio da mão dos traficantes, das quadrilhas, e acabar com o negócio. Óbvio, este é um aspecto central. Porque para a nossa segurança não é mais armas, não é mais polícia, não é mais violência, não é. Todos os candidatos, infelizmente, em maior ou menor grau, fora nós, têm uma política assim. Eu acho que é importante fazer concurso público para a segurança pública. Mas nós queremos uma polícia desmilitarizada, única, que se extinga com a Brigada Militar e se tenha uma polícia só, fundindo-as em uma só. Que os servidores possam eleger os delegados de polícia, que os conselhos populares direcionem que tarefas que têm que cumprir. Os conselhos populares vão definir porque no nosso ponto de vista não é para proteger a propriedade dos grandes grupos econômicos, como em geral tem sido designado. A polícia tem sido utilizada, historicamente, para bater em trabalhador que lutam, a tal criminalização dos movimentos sociais. Quer lutar, trata como caso de polícia. Foi assim em 2013, foi assim no governo Yeda, eu mesmo fui agredido pelo Coronel Mendes, entrei com um processo contra ele e sumiu o processo. Ele caiu para cima, ele foi para o Tribunal Militar. Ele foi comandante chefe do governo da Yeda. Depois, no governo do Tarso, nós apanhamos também. Bomba de gás lacrimogêneo, gás de pimenta, cassetete, e a [Tropa de] Choque [da Brigada Militar] estrategicamente localizada em frente à RBS para proteger, na [Avenida] Ipiranga, agora me vêm à memória as nuvens de fumaça que tinha e a galera toda na passeata caminhando e protestando, exigindo passe livre, fim da farra com dinheiro público na Copa, que foi para construir aqueles monumentos que não servem para absolutamente nada. Muitas obras, inclusive, que ainda estão pendentes nem foram concluídas, devido à ganância dos caras que querem sempre mais. Muita gente ganhou dinheiro ali, menos nós, o povo, saúde, educação, etc. O Tarso, lamentavelmente, cumpriu esse triste papel de enfrentar os movimentos sociais, de criminalizar. O Sartori também. Agora mesmo tivemos a Praça da Matriz transformada em uma praça de guerra quando os projetos dele foram em votação para a Assembleia Legislativa e quem estava lá era o Choque para proteger. Em 2016, estavam lá Susepe [Superintendência dos Serviços Penitenciários], Polícia Civil, servidores da CEEE, servidores de todas as secretarias, todo o serviço público do estado, fomos para cima e o governador reprimiu, protegeu a Assembleia Legislativa para que seus projetos fossem votados. Então as forças de segurança servem aos poderosos, infelizmente. Nós achamos que nossos colegas brigadianos devessem se rebelar contra os seus comandantes e não aceitar bater em trabalhador, desobedecer a esse tipo de ordem. Porque precisamos de todos do lado de cá. Inclusive que os brigadianos repensem, discutem entre si e se organizem para se rebelar contra essas coisas. Quando eles atacam a gente, eles atacam a si mesmo também.

O governo tem atrasado os repasses para os hospitais filantrópicos, e alguns deles têm fechado leitos, reduzido serviços e até cogitando fechar. Diante da situação crítica nas finanças, como é possível viabilizar a verba para essas instituições?

A minha mãe, por exemplo, está hospitalizada em Porto Alegre, no Hospital da PUC. Os profissionais da saúde atendem muito bem, meu pai e minha mãe foram superbem tratados pelos trabalhadores lá. Porém, eles sempre ficaram um longo tempo no corredor. Não é nem leito, maca. Sentados. E assim tem inúmeros. Então, quem tem convênio é atendido mais rapidamente. Mas quem vai pelo SUS [Sistema Único de Saúde] é outra situação. O SUS é uma tremenda conquista dos trabalhadores do povo brasileiro, mas ele está sendo privatizado por esses repasses. Porque isso vai para os hospitais privados. Então quem é beneficiado são os hospitais, os laboratórios, as clínicas privadas. Nós propomos a estatização desses hospitais, e em um processo de transição que as verbas sejam transferidas para os hospitais públicos e não para os privados. As verbas do SUS vão para muitos privados, ditos filantrópicos.

Os salários dos servidores estaduais vêm sendo parcelados ou pagos de forma escalonada há bastante tempo. Vai ser possível manter os pagamentos em dia? O que vai ser feito para que isso aconteça?

Isso é uma medida número um, número zero, digamos assim. Não é possível que se humilhe tanto. É uma coisa perversa, de uma crueldade. Não só com os servidores, mas também com a população. Uma pessoa que está decepcionada com sua vida profissional porque se quer recebe o salário em dia, tem que pagar inúmeras contas e entra em depressão, como ela fica? Com certeza os índices de depressão, se a gente fizesse uma pesquisa objetiva em relação a isso, aumentaram. E com isso todas as doenças associadas. Tudo aquilo que é psicológico uma hora chega ao corpo. Primeiro pagar em dia, o que é o mínimo, segundo recuperar as perdas acumuladas durante os anos, que eles vêm tirando, tirando, e obviamente seria necessário estabelecer uma negociação com os sindicatos, com as organizações do serviço público, um processo de recuperação, pagamento do piso, plano de carreira. A eleição das chefias de todo o serviço público, serem eleitas e não indicadas àqueles papéis que estão designados para CCs [cargos de confiança], que sejam eleitos pelos próprios funcionários, quem vai cumprir tal tarefa, com os critérios que eles bem entenderem, que haja uma divisão de trabalho e as funções de gestão entre os próprios funcionários.

Ordem de publicação das entrevistas

7/09 - Sexta-feira - Julio Flores

10/9 - Segunda-feira - Paulo Medeiros*

*O candidato do PCO ao governo estadual, Paulo Medeiros, não concedeu entrevista porque a assessoria não respondeu às tentativas de contato do G1.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!
Mais do G1