Persistência e dedicação marcam a trajetória do porteiro Ozeilto Barbosa de Oliveira, de 43 anos, até uma vaga em enfermagem em uma faculdade particular de Vitória, no Espírito Santo. Foram três anos de aulas e cursinho - e de muito estudo em cantinhos no trabalho - para que o Ozeilto pudesse ter o próprio nome na lista de estudantes do curso.
Ozeilto conta ainda não conseguir acreditar na situação. O homem, que é natural de Itamaraju, na Bahia, chegou ao Espírito Santo com a família em busca de novas oportunidades de emprego. Conseguiu trabalho em uma escola particular que fica em Jardim da Penha, em Vitória, onde já realiza o serviço de porteiro há oito anos.
Porteiro foi aprovado em curso de enfermagem — Foto: Reprodução/TV Gazeta
O porteiro, que até 2016 tinha estudado apenas até a 4ª série, buscou inspiração nos alunos que passavam por ele todos os dias na portaria do colégio e resolveu voltar para a sala de aula. As amizades que fez no local também foi fundamentais na reviravolta dele.
"Começou pela secretária do colégio. A Carmelita não me aconselhou, ela falou que eu iria voltar a estudar e pronto. Professores e alunos também me incentivaram bastante", comentou Ozeilto.
Ozeilto comemora aprovação com os alunos — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Disposto a adquirir mais conhecimento e realizar o sonho de se formar em uma faculdade, no início de 2016 Ozeilto retomou os estudos. Ele entrou no Educação Para Jovens e Adultos (EJA) e de uma vez concluiu o ensino fundamental e médio. Depois, a escola em que ele trabalha como porteiro deu a ele uma bolsa de pré-vestibular.
"A política da escola é que professores, funcionários e seus filhos tenham 100% de desconto. E nós fomos muito felizes, pois quando um funcionário nos procura querendo se aprimorar, querendo crescer, é motivacional para os alunos e para nós, pois a escola quer promover o ser humano", comentou a coordenadora da escola Heloísa Manato.
O pré-vestibular cursado por Ozeilto durante um ano trouxe resultados. Ele conseguiu uma boa nota no ENEM e foi aprovado em enfermagem. O porteiro começa o curso no segundo semestre de 2019.
"Fazer enfermagem é uma maneira de ajudar ao próximo. A ficha totalmente não caiu, mas eu me considero universitário", comentou.
Ozeilto trabalha na portaria de uma escola particular de Vitória — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Exemplo
Ozeilto revelou que sabia que seria difícil, mas que nunca pensou em desistir. O professor de física Rodrigo Rossi conta que a postura do porteiro sempre foi exemplar dentro de sala de aula.
"O Ozeilton é um exemplo em sala de aula. Ele tem uma trajetória com muita dificuldade e os alunos ajudaram muito ele, auxiliaram muito ele", comentou.
A estudante Isadora Rosa, de 18 anos, foi colega de classe de Ozeilto e comemorou a aprovação dele no vestibular. "Fiquei muito feliz por ele, pois foi muito esforço que ele fez", concluiu.
Porteiro do ES volta aos estudos e realiza o sonho de passar numa faculdade