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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Por que professores ganham tão pouco no Brasil 

Davi Lago explica os tristes motivos que colocam o Brasil na última colocação entre 40 países examinados em pesquisa

Por Davi Lago
Atualizado em 23 out 2023, 15h17 - Publicado em 23 out 2023, 15h04

A desvalorização remuneratória e social da profissão de professor e professora no Brasil está entre as mais severas em todo o mundo. Conforme os relatórios “ Education at aGlance ” (2023) e “The State of Global Education” (2021) da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), o piso salarial dos professores do ensino fundamental no Brasil é o mais baixo entre os 40 países examinados. Os rendimentos dos professores brasileiros são menores do que de países como México, Colômbia e Chile. 

O Instituto Península, por sua vez, investigou a percepção da sociedade brasileira sobre os educadores e constatou que 72% dos brasileiros veem o professor como um cargo desvalorizado. Contudo, poucas profissões têm uma importância tão grande nas sociedades humanas como o magistério. Como ilustra a própria etimologia do termo português “ensinar”, que remete ao latim “insígnia”, “sinal”, ou seja, “colocar um sinal, colocar uma marca”. Não é difícil recordar alguma professora que tenha marcado nossas vidas. 

Ensinar é aquela profissão que cria todas as outras profissões. Como Cícero já havia discernido na Roma antiga: “que benefício maior ou melhor podemos oferecer à República do que ensinar e instruir a juventude?”.

A lição de casa atrasada do Brasil é valorizar os professores. E todos tem responsabilidade nisto. A começar pelos governos. O Estado tem responsabilidade em garantir condições de remuneração e trabalho adequadas. 

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Conforme a Fundação Carlos Chagas, um terço dos professores brasileiros trabalha com mais de 300 alunos por ano – uma média 50% superior aos países com melhores indicadores educacionais. Os ocupantes de cargos executivos e legislativos em todos os âmbitos da federação precisam desenvolver regularmente aprimoramentos na formação inicial e continuada de qualidade, acesso a bens culturais e planos de carreira estruturados. A atual fuga de cérebros do Brasil é insustentável e compromete nosso desenvolvimento no longo prazo. Como o país melhorará se as carreiras de docência e pesquisa não atraem os melhores talentos?

Os próprios professores e professoras também precisam ter voz. Ser professor é missão, mas também é profissão. Neste sentido, é sempre bem-vinda a pesquisa Profissão Professor da instituição Todos pela Educação. Os próprios docentes indicam os seguintes fatores como determinantes para a valorização da profissão: dar mais oportunidades de qualificação para os professores que já estão atuando; restaurar o respeito pela figura do professor frente aos estudantes e familiares dos alunos; fixar os professores em uma única escola, de modo que ele venha a ser conhecido e respeitado pela comunidade escolar; aumentar a colaboração entre os colegas de profissão; maior apoio das equipes gestoras; maior segurança no ambiente escolar; melhorias na

infraestrutura das escolas; melhoria dos materiais didáticos para sala de aula. 

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As próprias instituições escolares e os gestores educativos também têm um papel crucial na valorização dos professores organizando ações como: ampliação do diálogo sobre a organização e o planejamento escolar, estabelecimento de uma cultura de feedback na escola, aperfeiçoamento no conhecimento de novas ferramentas tecnológicas. Valorizar os professores é levar nosso futuro à sério.

PS – Dedico este artigo à minha professora na 1ª série do primário: Judith Leite

* Davi Lago é professor, coordenador de pesquisa no LABÔ/PUC-SP e doutorando em Filosofia e Teoria do Direito pela Faculdade de Direito da USP – Largo do São Francisco

 

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