Por G1 AC — Rio Branco


Sargento Leonardo Fleming ministrou palestra sobre a plataforma em Santa Catarina — Foto: Arquivo pessoal

A infância do sargento da Polícia Militar do Acre Leonardo Fleming não foi nada fácil. Com dislexia auditiva e dificuldades para ler, falar e aprender, ele não sabe quantas vezes quis desistir de ir à escola para não ter que enfrentar os colegas.

"Por milhões de vezes queria faltar à aula, preferia levar uma surra dos pais do que ir. Era o pior lugar para o meu convívio. O que me fazia ir era minha mãe, que era servente na escola, me fazia ir e ficava me esperando sair todos os dias. Quando saía da sala chorando e não queria mais voltar, ela estava lá para me amparar, falar como eu tinha que me comportar", relembrou.

Hoje aos 35 anos, ele criou um aplicativo, batizado de 'Na Escola', para ajudar crianças que passam por essas e outras dificuldades. A plataforma permite que os pais tenham acesso ao desempenho, dificuldades, avanços e experiências dos filhos na sala de aula.

Aplicativo pode ser instalada no celular ou computador para pais acompanhar os filhos — Foto: Arquivo pessoal

"Percebi que os pais não estão mais no dia a dia dos filhos, é muito raro o pai ter essa ligação com os filhos na sala de aula. Fui buscar para ver se o ensino tinha mudado, e vi que tem muita criança sofrendo com isso. Não quero que meus filhos passem pelo o que passei, foi uma dor que me acompanhou na vida, me fez entrar em processo de depressão e não quero que isso aconteça", lamentou.

'Na Escola'

O aplicativo pode ser instalado em computadores e aparelhos celulares dos professores e pais. Na Escola está em fase de teste em um colégio de Rio Branco. Porém, Fleming já viajou pelo Brasil dando palestras sobre o uso da novidade. A plataforma pode ser baixada pelo Play Store.

"Veio para integrar os pais dentro da sala de aula, para sentirem as mesmas emoções do filho, angústias e ter essa aproximação de novo. Com isso, o sistema desenvolve as competências, dificuldades e pontos positivos e não só mostra o aluno com nota vermelha, mas também a evolução dele", explicou o sargento.

Turmas virtuais são criadas para professores inserir informações sobre os alunos — Foto: Arquivo pessoal

Turmas virtuais

Fleming conta que a escola pode instalar o aplicativo e montar turmas virtuais. As turmas vão ter os nomes dos alunos, que o professor pode ir atualizando diariamente com as atividades desenvolvidas, pontos recebidos, dificuldades identificadas, notas, entre outros.

“A escola tem o sistema disponível para a forma que quiser usar, sem custo, cria as turmas virtuais. Todos os professores vão ter as turmas, as disciplinas, aulas e vão gerenciando e dando avaliação diária”, falou.

Os pais vão ter acesso ao mesmo sistema, seja do computador ou celular, e podem acompanhar em tempo real o desenvolvimento do filho.

“Acessa pelo nome do filho e vê todo histórico. Ter essa aproximação na vida do aluno, desde o gestor, professor pedagogo e também os pais, que também são responsáveis pelo crescimento”, complementou.

A versão oficial do aplicativo dever ser lançada no final do ano. Recentemente ele esteve em Santa Catarina, e deve ir para Tocantins ministrar palestras sobre a novidade.

"Aplicativo está em fase de tese no colégio Educar, os resultados são bons. Estou indo para o Tocantins participar de um encontro de educação. Uma empresa dos EUA quer me apoiar, então, acho que vai dar certo", comemorou.

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