Por g1 Sorocaba e Jundiaí


Mensagens enviadas em grupo do WhatsApp relacionam atividades do quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora (SP), à religião umbanda — Foto: Reprodução/WhatsApp

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a mãe de um aluno de uma escola estadual de Salto de Pirapora (SP) suspeita de intolerância religiosa após uma visita dos estudantes ao quilombo Cafundó, na sexta-feira (18).

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou, na terça-feira (22), que as equipes da Delegacia de Salto de Pirapora já estão ouvindo todas as partes envolvidas no caso.

De acordo com o boletim de ocorrência, após o passeio, lideranças do quilombo receberam prints de conversas no WhatsApp que mostram a suspeita dizendo que o local visitado era uma "verdadeira macumbaria" (veja acima).

Segundo Cintia Delgado, uma das líderes da comunidade, o trabalho de visitas ao quilombo é feito há muito tempo e serve para ensinar a população sobre as tradições e a importância quilombola.

"Nós recebemos várias escolas de todo o estado, tanto da rede pública, quanto da privada. Recebemos universidades, agências de turismo... É um trabalho de anos e esta é a primeira vez que somos tratados desta forma", afirma.

Além de representantes do quilombo, a mãe de um estudante também compareceu à delegacia para prestar depoimento.

De acordo com o BO, a mulher, que participa do grupo no WhatsApp com pais e responsáveis da escola, afirma que viu os comentários da suspeita, além de fotos que mostram ambientes do quilombo.

Quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora (SP), existe há mais de 150 anos e mantém viva tradição dos ancestrais — Foto: Reprodução/Redes sociais

A professora responsável pela turma que visitou o Cafundó, Angélica Carriel, disse que os estudantes são do 7º ano e têm idade entre 12 e 13 anos. Segundo ela, o filho da suspeita não participou da atividade.

"O filho dessa pessoa não é meu aluno e não foi ao quilombo. A mulher viu as fotos dos meus estudantes nas redes sociais e se incomodou de eu levá-los para realizar o trabalho de campo ao quilombo", explica.

Conforme a professora, o trabalho faz parte do currículo escolar do ano letivo, que está ensinando sobre comunidades tradicionais.

O g1 não conseguiu contato com a mãe que fez os comentários relacionados ao quilombo Cafundó no grupo de WhatsApp.

A reportagem também pediu um posicionamento à Secretaria Estadual da Educação (Seduc), que informou que a atividade escolar faz parte do conteúdo pedagógico da pasta. Em nota, a Seduc disse que repudia qualquer tipo de discriminação ou intolerância religiosa, dentro ou fora do ambiente escolar.

A secretaria afirmou ainda que trabalha ações pontuais, como o Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva), para que a escola se fortaleça como um local de aprendizagem solidária, colaborativa, acolhedora e segura.

Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí

VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!