Plataforma Nosso Ensino Médio leva proposta flexível à formação de gestores e professores - PORVIR
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Inovações em Educação

Plataforma Nosso Ensino Médio leva proposta flexível à formação de gestores e professores

Proposta é estruturada de acordo com o Novo Ensino Médio, com formação geral básica e possibilidade de educadores estabelecerem seu próprio percurso formativo

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 28 de abril de 2021

Em fase de implementação, o Novo Ensino Médio demanda de gestores uma série de mudanças nos programas de formação de professores. A partir de agora, essa etapa de ensino terá uma parte comum e obrigatória para todos os estudantes e outra flexível, em que eles poderão escolher se aprofundar no que têm mais interesse. Um jeito de permitir que os jovens vivam essa experiência de maneira plena é dando a oportunidade para professores passarem por um processo semelhante.

Essa é a proposta do programa gratuito de formação continuada de professores e gestores escolares Nosso Ensino Médio, uma iniciativa de Instituto iungo, Instituto Reúna e Itaú Educação e Trabalho que teve o Porvir como responsável pela produção executiva da plataforma online, articulando ideias dos realizadores e possibilidades tecnológicas para tomada de decisão dentro do projeto.

A organização da plataforma Nosso Ensino Médio espelha as mudanças e possibilidades de escolha que o estudante já começa a ver em escolas públicas e privadas do país. Além das trilhas de aprendizagem autoinstrucionais para educadores, o site também apoia secretarias com pautas formativas e documentos para orientar o trabalho de formadores, em modalidade remota ou presencial. Assim como no caso dos estudantes, professores e gestores passam por uma formação geral básica e podem traçar seu próprio caminho em eletivas e itinerários formativos, tendo o projeto de vida como componente transversal.

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Criação da plataforma Nosso Ensino Médio
A plataforma Nosso Ensino Médio foi desenvolvida a partir de um processo colaborativo que envolveu professores, técnicos de secretarias estaduais de educação e especialistas. Segundo o diretor de Educação do Instituto iungo, Paulo Emílio Andrade, aproximar a plataforma de seu público final desde os momentos de planejamento vai contribuir para que as interações sejam mais efetivas e professores se sintam mais seguros para inovar nas práticas pedagógicas.

A criação da Nosso Ensino Médio envolveu dois grandes momentos. Um primeiro ficou concentrado nos princípios, fundamentos e arquitetura formativa (conjuntos de componentes que estruturam a formação). Para dar conta desta tarefa, uma professora do Rio de Janeiro e um professor de Minas Gerais, além de três especialistas e cinco técnicos de redes de ensino foram convidados.

“Fizemos um ciclo de encontros para levantar aspectos essenciais a serem considerados para construir os propósitos e conceber a arquitetura formativa. Junto a esses profissionais estiveram as equipes do iungo e do Reúna para a mediação do processo e construção dos materiais”, disse o diretor de Educação do Instituto iungo.

Entre as premissas, explica Paulo, está oferecer uma formação que não esteja pronta logo do começo ao fim, mas que possa ser revisitada constantemente dentro das próprias redes, com sessões baseadas em metodologias ativas para que professores e gestores construam juntos um diálogo com a prática.

Um segundo momento do processo envolveu a construção das trilhas para professores e pautas para formadores da secretaria, além de materiais de apoio (apresentações, podcasts e infográficos). “Tudo passou pela leitura crítica de professores, integrantes de secretarias e acadêmicos”, ressalta.

Como usar
Para permitir que educadores e gestores consigam ter uma experiência similar à dos alunos dentro da formação, a plataforma Nosso Ensino Médio também conta com recursos de aprofundamento que podem ser acessados de acordo com o foco da rede ou do professor.

“Em um primeiro momento, a gente tem, em termos ideais, a secretaria construindo um plano de formação e fazendo algumas escolhas do percurso para seus professores, assim como educadores fazem com os alunos”, explica Clea Ferreira, gerente de projeto do Instituto Reúna.

Neste cenário, gestores podem rever até mesmo as sugestões da plataforma, personalizando a formação básica com componentes que inicialmente estavam na parte flexível (eletivas ou itinerários). Cléa exemplifica: “Uma eletiva como ‘O lugar da avaliação’ pode ser vista como tema basilar por uma secretaria, que considera importante que esteja na formação geral básica de todos os seus diretores”.

“Isso tem a ver com o que eu chamo de radicalização da homologia de processos. Foi criado e pensado um percurso que ajude todo mundo a entender o Novo Ensino Médio. Isso vale para a própria Secretaria de Educação e seus técnicos no momento que vão criar esses planos dentro da plataforma”, diz.

Neste sentido, descreve Cléa, a todo o momento os tomadores de decisão são convidados a pensar nas necessidades de educadores de seu território. Que percurso faz sentido? Qual seria a formação que a Secretaria de Educação de Pernambuco entende como básica para seus educadores? “O gestor pode muito bem entender que a formação geral básica precisa ser maior do que a plataforma estabeleceu”, disse.

Educadores que queiram percorrer por conta própria as trilhas de aprendizagem também podem utilizar a plataforma Nosso Ensino Médio. Após passar por uma formação geral básica já sugerida pelo site, ficam disponíveis todos os demais componentes, que podem ser acessados de acordo com o interesse de cada um.

Educação profissional
Entre os temas tratados nos componentes disponíveis desde a formação geral básica na plataforma Nosso Ensino Médio está o do mundo do trabalho. Em um momento de muitas instabilidades políticas e econômicas, a escola também precisa estar atenta às mudanças impulsionadas pela pandemia. Um recente relatório do Fórum Econômico Mundial até destacou a necessidade de ações para a desilusão do jovem em meio à reviravolta. E como o Novo Ensino Médio pode responder?

“A mudança curricular que está em curso permite integrar a formação geral com a formação para o mundo do trabalho. O sucesso disso depende das condições dadas pela arquitetura e proposta adotada pelas secretarias de educação e da atuação dos professores. Eles terão o desafio de concretizar e dar forma ao trabalho como princípio educativo, possibilitando desafios, experiências e reflexões aos jovens para que eles possam ampliar sua visão de mundo e sua inserção social após o ensino médio, lidar com todas as mudanças em curso na sociedade e traçar uma trajetória profissional realizadora, satisfatória e em consonância com o século 21. Os jovens entendem a formação profissional como um direito”, diz Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho.

Segundo Ana, a integração da formação geral com a formação para o mundo do trabalho da forma como os estados vêm propondo, é nova e exigirá das secretarias, da escola, do diretor e dos professores um novo olhar. Porém, as escolas ainda não estão organizadas para essa integração.

“Neste sentido, a plataforma Nosso Ensino Médio tem por objetivo apoiar a formação de professores para as novas exigências do Ensino Médio e disponibilizar materiais também como subsídio para gestores, como os que orientam a organizar reuniões de professores com foco no planejamento e na troca de saberes entre pares. O intuito é gerar um ambiente onde professores e gestores possam criar uma comunidade de aprendizagem”, completa ela.

Secretarias de Educação, escolas e educadores do país podem acessar os conteúdos no site www.nossoensinomedio.org.br.

 


TAGS

competências para o século 21, educação profissional, ensino médio, formação continuada, personalização, tecnologia

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