Educação

Por Marcelo Gaudio*, g1 Campinas e Região


A plataforma ‘De Criança para Criança’ foi desenvolvida em Indaiatuba

A plataforma ‘De Criança para Criança’ foi desenvolvida em Indaiatuba

Uma plataforma de ensino desenvolvida em Indaiatuba (SP), em que os alunos participam ativamente de todo processo de criação, foi selecionada entre as 100 empresas com propostas mais inovadoras no campo do ensino infantil durante o encontro mundial "HundrED Innovation Summit 2023", ocorrido na Finlândia. Entenda, abaixo, como funciona a metodologia.

A plataforma batizada como "De Criança para Criança" figurou como uma das 15 principais da América Latina no evento que terminou na última quinta (2), em Helsinque, capital do país europeu.

Para explicar como funciona a metodologia, o g1 conversou com Gilberto Barroso e Vitor Azambuja, criadores do “De Criança Para Criança”.

Plataforma de ensino criada em Indaiatuba vira destaque em evento internacional. — Foto: Divulgação

Como funciona a metodologia?

Especialista em educação e gamificação, Gilberto Barroso se juntou a Vitor Azambuja, que tem experiência no segmento de comunicação com criação de peças publicitárias e filmes premiados, para desenvolver um método de ensino em que a produção é "compartilhada".

“Crianças do mundo todo aprendem e compartilham conhecimento de forma criativa e democrática”, diz Gilberto.

A dupla comenta que durante a elaboração do método, eles buscavam uma forma de conquistar a atenção das crianças fortalecendo o conhecimento que elas mesmas já tinham.

O objetivo é “oferecer às crianças a oportunidade de serem protagonistas, colocando-as no centro da aprendizagem”.

Assim nasceu a metodologia “Criando Juntos”, que faz parte do programa educacional “De Criança Para Criança” (DCPC) que foi apresentado no evento internacional.

“Ele constrói o conhecimento dentro da sala de aula junto com seus amigos, junto com seus pais e com o professor”, explica Vitor.

Gilberto Barroso e Vitor Azambuja, desenvolvedores da metodologia. — Foto: Divulgação

'Estimulador do conhecimento'

Ao explicar sobre a dinâmica, os autores ressaltam o rompimento com o modelo de educação tradicional no qual o professor já apresenta um material pronto para as crianças.

Neste novo método, o professor passa a funcionar como estimulador do conhecimento dos alunos, que desenvolvem a partir de temas recomendados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Deste modo, as crianças vão criar histórias, desenhos e narrativas para diferentes áreas do conhecimento.

O material artístico produzido é digitalizado e enviado para a plataforma DCPC junto com arquivos de áudio e animados.

Crianças criam histórias, desenhos e narrativas para diferentes áreas do conhecimento que são posteriormente animadas ou transformadas em jogos. — Foto: Divulgação

Alunos que criam o material

Estes podem se transformar em desenhos animados, com narrativa, ou jogos “que vão impactar outras crianças que, ao assistirem, vão entender a matéria que foi feita dentro da sala de aula”, comenta Vitor.

“Nossa grande mudança foi que, ao invés da criança receber um material pronto, ela que cria. [...] é um modelo de educação que conversa com alunos de hoje, afinal de contas, as crianças e os adolescentes são nativos digitais, e já tem um entendimento e acesso a conteúdo que não tínhamos há 20 anos atrás”, fala Gilberto.

Conquistas e potencial

Voltado inicialmente para alunos do infantil ao fundamental, os criadores revelam que o programa já foi aplicado em mais de 70 escolas no Brasil e chegou a mais de 30 mil alunos.

Abordagem que possibilitou a produção de mais de 2.500 animações a partir de desenhos, roteiros e narrações de crianças da rede pública de ensino fundamental 1 (6 a 12 anos).

Site De Criança para Criança tem acesso gratuito e reúne todas as produções feitas pelos alunos. — Foto: Divulgação

Acesso gratuito

Segundo Gilberto e Vitor, os conteúdos, alguns em libras e outros com áudiodescrição, podem ser acessados de forma gratuita por qualquer pessoa pelo canal do YouTube ou na EncicloKids, a enciclopédia de animações do DCPC.

E apesar de estar sendo aplicada principalmente para um público mais jovem, Gilberto e Vitor comentam que o método pode ter mais abrangência.

A dupla inclusive já teve experiências com adultos, alunos do ensino médio, escolas especiais e hospitais.

"O resultado é maravilhoso para crianças que estão fazendo tratamento, porque as crianças chegam tristes e derrotadas, sem muita vontade de viver. Quando elas participam do programa, elas resgatam a vontade de viver porque participam de um projeto que vai dar pra elas uma esperança, a vontade de ver o projeto concluído e isso melhora muito o tratamento", conclui Gilberto.

*Sob supervisão de Fernando Evans

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