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Pisa 2018: os bons exemplos de Portugal e do Peru

O que o Brasil pode aprender com dois países pequenos que tiveram avanços relevantes na prova

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 3 dez 2019, 18h33 - Publicado em 3 dez 2019, 18h25

Os resultados do Pisa 2018, divulgados na manhã desta terça-feira, não trouxeram grandes surpresas para quem acompanha de perto o cenário da educação internacional. A média dos países da OCDE – a responsável pela prova – permaneceu estável nas três disciplinas avaliadas (matemática, leitura e ciência), enquanto os brasileiros, para variar, ficaram no pelotão de trás, com avanços ínfimos em todas as áreas. Apesar dos resultados previsíveis, algumas nações apresentaram avanços consideráveis partindo de realidades muito parecidas com a do Brasil. Entre elas estão Portugal, que acaba de atingir a média dos países desenvolvidos (487 pontos) no quesito leitura, e o Peru, que continua na berlinda, mas avançou mais de 10 pontos em todas as matérias.

Dada a proximidade geográfica, as semelhanças culturais e o contexto socioeconômico, o vizinho latino-americano tem muito a ensinar. Por muitos anos, o Peru esteve muito abaixo Brasil em todos os rankings (veja aqui os números deste ano). Agora, as nações estão empatadas (considerando a margem de erro) nas ciências; enquanto os brasileiros levam pequena vantagem em matemática, e os peruanos em leitura. “O Peru se deu conta de seus péssimos resultados logo na primeira vez em que participou do exame, em 2000. A avaliação gerou uma intensa mobilização política que se perdurou por três governos”, explica o diretor de estratégia política do Todos Pela Educação, João Marcelo Borges, que trabalhou em Lima pelo Banco Mundial.

A universalização do acesso à pré-escola e a criação de um programa de reforço escolar para o ensino fundamental e médio foram algumas das primeiras providências tomadas pelo país. As mudanças mais importantes vieram em 2012, quando o país deu início à reforma do magistério que criaria uma prova nacional de ingresso na carreira docente, aumentando os requisitos para quem queria cursas pedagogia, além de um sistema de avaliação regular dos professores da educação básica; com direito a bônus salariais aos bem-avaliados. Para fechar o pacote, veio a transformação das escolas de ensino médio em ensino integral. “Muitas destas medidas foram implementadas em alguns estados e municípios do Brasil ou foram descontinuadas. O que nós sequer começamos a fazer foi a reforma da carreira docente”, avalia Borges.

Do outro lado do Atlântico, também há valiosas lições a serem aprendidas. O histórico de avanços de Portugal teve início em 2011, em meio à grave crise fiscal que assolava o país. Houve, ainda assim, a aposta em uma reforma substancial do currículo, com foco no ensino de matemática e português. “Fizeram uma base arroz com feijão, simples e clara, contendo só o essencial”, ressalta o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista de Oliveira. Em português, por exemplo, era exigido que as escolas assegurassem a alfabetização imediata dos alunos, promovessem o desenvolvimento da fluência e estabelecessem um conjunto de livros que todos os alunos deveriam ler. O passo seguinte foi criar um sistema de avaliação anual, que rendia incentivos às instituições com melhores resultados. Cabe ressaltar que, ao cabo de todos os revezes de 2019, a Base Nacional Comum Curricular brasileira está às vésperas de ser implantada. Resta saber se, a exemplo dos colegas, o país continuará a fazer a lição de casa.

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